Levei a tarde a fazer retratos. Ora com lápis, ora com
caneta. Ora copiando fotografias, ora copiando o reflexo de mim que se via no
ecrã negro do computador em pausa. Repeti-me e voltei a repetir-me. Eu hoje, eu
há dois anos, eu há três anos. Retratei-me em azul, em preto, em cinza, em castanho,
em turquesa. Ora me pintei com lápis de cor, ora me deixei ficar em mero
esboço. Risquei-me aqui e ali. Um borrão neste, uma cruz naquele. Estou agora
repetida em várias páginas do meu caderno moleskine. Com mais ou menos
bochecha, com mais ou menos rugas, com mais ou menos cabelo, com mais ou menos
sorriso, com colarinho ou com decote, com colar ou com gargantilha, com óculos,
sempre com óculos. Folheio agora os retratos. Procuro as semelhanças, os
melhores e os piores traços. Aquele de que mais gosto é o que se parece menos
comigo.
Já eu gostei de todos os que aqui puseste nesta tão bela descrição.
ResponderEliminarE por acaso a menina luisa faz retratos à mão tão bem como os faz à máquina?
Como as pessoas enchem o tempo:). Mas parece-me natural que o melhor retrato possa não ser o mais fiel. Talvez seja o de traço mais firme, ou o mais subtil, ou simplesmente o mais criativo. A classificação depende da perspectiva do observador:)
ResponderEliminarNós seremos sempre os nossos maiores críticos :)
ResponderEliminarNos nossos retratos há o que se vê e o que não se vê mas que se sente. São os traços mágicos :)
ResponderEliminarquem me dera conseguir desenhar algo para além de polvos...
ResponderEliminarespero que estejas melhor, beijos.
Se os retratos forem tão bons como a escrita gostava de ver.
ResponderEliminarManel Mau-Tempo
ResponderEliminareu gosto de desenhar polvos, mas prefiro chamar-lhes algas; sempre são seres marítimos e vegetais:). A arte do desenho é coisa que não possuo e bastante admiro. Como é que de um lápis normalíssimo sai um retrato, abisma-me muito mais que sair-lhe qualquer paisagem.
Luísa, tens de resolver esse problema ;)
ResponderEliminarNunca estamos satisfeitos connosco e olhamos sempre com estranheza para as fotografias que nos tiram. Este sou eu? Não me lembrava de estar com tão má cor? E a papada que se começa a formar debaixo do queixo?
ResponderEliminarPor isso, se temos de escolher um retrato procuramos um que não seja realmente parecido, como se quiséssemos ser um outro eu qualquer, alguém que anda por aí, a viajar pelo mundo fora, mais bonito, mais novo e com menos olheiras
adorava ver os teus retratos.
ResponderEliminar(os mais parecidos)
Susana,
ResponderEliminarNão faço. Nem à mão, nem à máquina. Não tenho muito jeito para fotografar pessoas, quase nunca o faço, e a desenhar, posso dizer que isto fica tudo muito fraquinho. Mas o que conta é o gosto e a vontade.
Bea,
Quando se fica retida em casa, sem poder dar azo à veia da dona da dita e realizar as sempre necessárias tarefas domésticas, tudo serve para entreter. Treinar o desenho é uma opção como outra qualquer. E mesmo com resultados pouco satisfatórios é coisa que me dá prazer.
Conta Corrente,
É possível. E ainda bem. Se assim não fosse, quem nos aturava o ego? :)
Gaja Maria,
Gosto dessa ideia dos traços mágicos. :)
Manel Mau-Tempo,
Mentirinha. Tu não desenhas só polvos. Tu desenhas muito bem universos… :)
Pedro,
Agradeço o elogio mas sei bem que tenho muito que treinar até que saia alguma coisa de jeito.
Isabel,
Pois. Tenho que trabalhar mais a coisa. :)
LuisY,
De facto. Quase nunca gosto de me ver nas fotografias. Será talvez a busca de um eu diferente que interfere na minha escolha.
Laura,
Quando disse retratos, exagerei um pouco. São meros rabiscos, pobres garatujas.
Se calhar, é o que se parece menos com a imagem que tens de ti, mas seja na verdade a tua imagem mais fiel... Hum?
ResponderEliminarBriseis,
ResponderEliminarEssa é uma perspetiva reconfortante. :)
E eu gostei imenso dos que vi aqui... tão bem expostos através das suas palavras, Luisa!...
ResponderEliminarBeijinhos!
Ana
ResponderEliminarObrigada, Ana.