terça-feira, 29 de outubro de 2019

Aquecimento global


Acabo de por ordem no espalhafato de collants que deixei esta manhã no quarto, declinados pelas minhas pernas por padecerem de uma ou outra malha repuxada, inviabilizando de forma irremediável o seu uso por baixo da saia. Guardei aqueles poucos que ainda concedo usar nos dias mais frios, escondidos sob um par de calças, e confirmei que preciso mesmo de renovar o stock para não me sujeitar ao calor de que padeci hoje ao optar, na urgência da hora de saída para o trabalho, pelas meias-calças opacas, cuja textura, definitivamente, não combina com a quentura deste outono. Eu, que procedi à reorganização sazonal do roupeiro no dia da mudança para a hora de inverno, pergunto-me se não me terei precipitado. Ainda há pouco, na caminhada noturna, senti que a noite estava de verão, e agora mesmo, já aconchegada no fato de dormir, preciso de arregaçar as mangas e desabotoar mais um botão na camisa a fim de suavizar a minha sensação da temperatura ambiente.

Nota de arrelia


Estou algo contrariada com o Blogger. Não sei por que carga de água (até porque nem sequer chove), deixei de receber notificações de comentários provindas das respetivas caixas de blogs alheios. Por muito que eu lá ponha a cruzinha, pedindo para os receber, nada acontece. Não querendo fazer disto uma sessão de auto-ajuda, haverá mais que sofra desta situação?

domingo, 27 de outubro de 2019

Passeio de domingo (467)


Em Albufeira, de manhãzinha, olhando o mar.










Cemitério


A mulher de olhos lacrimosos rega as flores que já murcham no vaso e fala comigo enquanto, a três ou quatro campas de distância, eu esfrego a pedra mármore que cobre o restos mortais da minha mãe. Faz falta que olhemos por eles, diz-me, como se os que já partiram ainda precisassem de nós. Chora o marido que a deixou de repente. Chora a avó que está ali, debaixo daquele chão. Esta já aqui está há 80 anos, a minha idade, informa-me, embora não tenha chegado a conhecê-la, venho cá sempre. Conta-me de uns sobrinhos que já não sabem onde ficou sepultado não sei que familiar e lamenta-se por esse descuido. Tento animá-la, nem todos sentimos de igual modo a dor de perder entres queridos. O mais certo é eles não precisarem mesmo que nos lembremos deles. Nós é que precisamos de alimentar a sua memória, de nos mantermos ligados à ideia da sua existência, como forma de legitimar a nossa. Uma prova de que continuamos vivos.

domingo, 20 de outubro de 2019

Passeio de domingo (466)


Andei aqui pelo mato, mesmo atrás de casa, espreitando recantos onde, acredito, a Milu não se importava de passar férias.

E, já agora, não deixem de passear por todas as palavras da série "desafio insano", da flor. 









quinta-feira, 17 de outubro de 2019

A guerra dos sexos


O colega Homem quer imprimir a cores, mas a máquina responde-lhe que tem falta de tóner. E agora?

A colega Mulher lá vai acudi-lo, abre uma porta da máquina, inspeciona os contentores de reserva, verifica que é preciso substituir o rolo com pó amarelo, retira o consumível consumido e introduz o novo. Já está.
E acrescenta, alto e bom som, para os restantes colegas Homem ouvirem: uma Mulher não precisa de um Homem para nada!

Um segundo colega Homem lança de imediato o contra-ataque. Só para abrir frascos de conserva! E ainda se gaba de quando a mulher se zanga e decide deixar de lhe falar. Nessa circunstância ele resolve o caso apertando bem os frascos em uso lá por casa. É remédio santo, diz. Logo, logo saem palavrinhas mágicas da boca da consorte. Podes desenroscar o frasco?

Eu assisto à guerra, barricada atrás do ecrã do computador, disposta a defender a minha neutralidade e a ocultar dos beligerantes que nunca mudei o tóner daquela impressora e que preciso recorrentemente de alguém que me abra os frascos de conserva.

quarta-feira, 16 de outubro de 2019

domingo, 13 de outubro de 2019

Passeio de domingo (465)


Já a mostrei muitas vezes nas suas cores esfuziantes, mas hoje trago-a a preto e branco. A minha praia dos Olhos de Água.









Lamento do blog de esquina


Blog de Esquina:
_ Voltaste a esquecer-te do meu aniversário.

Dona do Blog de Esquina:
_ Oh… Pois é. Desculpa-me. Pensei nisso com muita antecedência, mas era muito cedo para fazer os bolos…

Blog de Esquina:
_Tem sido sempre assim. Desde que me conheço, nunca fui festejado.

Dona do Blog de Esquina:
_Deixa lá isso. O que importa é que vais resistindo. E depois, as festas são só para comermos e bebermos em excesso, o que prejudica a nossa saúde.

Blog de Esquina:
_Sim, mas quando os outros fazem festas de aniversário nunca deixas de lá ir. Mesmo quando chegas atrasada arranjas sempre maneira de provar um restinho de doce.

Dona do Blog de Esquina:
_ Sabes bem que tenho dificuldade em resistir a gulodices. Não me faças sentir ainda mais remorsos. Esqueci-me. Pronto. Fica para o ano que vem.

Blog de Esquina:
_Dizes sempre isso. Fica para o ano que vem. Neste dizias que agora é que era, dez anos sempre valia a pena comemorar. E afinal, nada…

Dona do Blog de Esquina:
_Já pedi desculpas. De que adianta estar agora a chover no molhado. Passaram três dias, agora já não tem graça.

Blog de Esquina:
_Claro, agora já não tem graça. Mas ainda assim, podias fazer como nas festas dos miúdos. Quando calha em dia de semana, transfere-se o convívio para o sábado ou para o domingo.

Dona do Blog de Esquina:
_Só que não preparei nada… Olha, o máximo que posso fazer é convidar toda a gente para um passeio, já que hoje é domingo.

Blog de Esquina:
_Que remédio. Não dás para mais… Olha, vamos lá a isso, então.


......."......... DOCE ADENDA ......."......

Atenção, caros convivas, chegou aqui o bolo que a noname tão gentilmente preparou para o Blog de Esquina. Sirvam-se, por favor:



sábado, 12 de outubro de 2019

Turismo gastronómico


A viajante japonesa viu a fila de pessoas para entrar no restaurante self-service onde costumo almoçar nos dias de semana, deduziu que ali se comia bem e postou-se também em espera. Confirmou comigo e com as duas colegas que me acompanhavam que sim, ali se comia bem. Perguntou como funcionava, que pratos havia, fotografou a ementa afixada na porta e pediu-nos que passássemos à sua frente para ela ver como fazíamos. Lá lhe fomos explicando o menu disponível, que a comida se pagava a peso, que podia misturar o que quisesse. Fora os habituais grelhados de peixe e de carne, as saladas, os legumes e outros acompanhamentos, destacavam-se, como pratos do dia, o cozido à portuguesa, peixe frito e francesinhas. Oh, sim francesinhas. Tinha-as visto no Porto mas não chegou a provar. Seria então no sul que as experimentaria. Já tinha visitado as principais cidades do norte e do centro, quase todas do Algarve e seguia agora para Lisboa onde apanharia o avião para Toulouse. Na linha de montagem, também se serviu de alguma carne e couves do cozido. Quando nos despedimos, tinha o prato limpo e esfregava a barriga mostrando-nos a sua satisfação com a comida portuguesa e o seu desgosto por só ter um estômago e o dito estar lotado.



sexta-feira, 11 de outubro de 2019

La tendresse

O pássaro


Que não se aflija o insigne diarista. Não consigo responder à pergunta que formula,  pois de corações pouco saber possuo, mas sobre o paradeiro do seu cantante amigo quero crer que, por estes dias, o dito se abalou para o extremo sul europeu, lá onde a terra acaba e o mar começa, para participar no grande encontro. Em breve retornará ao beiral, carregado de novas notas que lhe dará a ouvir, como quem mostra aos seus os melhores retratos das últimas férias.

quinta-feira, 10 de outubro de 2019

quarta-feira, 9 de outubro de 2019

Gris


É hoje que vem pintar o cabelo? pergunta-me a dona do salão mal piso a soleira da porta. Não, Não. Nego com sorridente veemência. E, ao meu não convicto, logo junto o que me traz: agora só corto o cabelo. Já não volto a pintar, insisto, enquanto ela passa a tinta escura pelos cabelos de uma das cabeças ao seu cuidado e me admoesta: acho que a vou proibir de cá entrar quando tenho o salão cheio. Ainda dá ideias às outras clientes. Vou ficar sem trabalho, ora esta.
E eu, que vai para mais de dois anos, tomei a decisão, provavelmente irrevogável, de não mais esconder os fios brancos que por aqui vão ganhando terreno, entreguei a cabeça ao outro dono do salão e às suas tesouras. Esse, se depender de mim e da minha, por ora, sempre abundante cobertura capilar, não tem tão cedo o posto de trabalho em risco.

domingo, 6 de outubro de 2019

Passeio de domingo (464)



Hoje não há passeio. Num dia marcado pela máquina de lavar roupa e pelo estendal, ficam aqui os estendais deste país que sobraram do meu passeio em tempo de férias.  E agora vou mas é votar.








Serviços mínimos

Em fim de férias, constata-se que passear também é uma canseira. O portátil foi na bagagem, mas acabou sendo de pouco uso. Hoje é dia de organizar a vida, máquinas de roupa, estendais cheios, sopa em preparação. E ainda há o dever cívico para cumprir. O blog mantém-se em serviços mínimos.