quarta-feira, 30 de outubro de 2019
terça-feira, 29 de outubro de 2019
Aquecimento global
Acabo
de por ordem no espalhafato de collants que deixei esta manhã no
quarto, declinados pelas minhas pernas por padecerem de uma ou outra
malha repuxada, inviabilizando de forma irremediável o seu uso por
baixo da saia. Guardei aqueles poucos que ainda concedo usar nos dias
mais frios, escondidos sob um par de calças, e confirmei que preciso
mesmo de renovar o stock para não me sujeitar ao calor de que padeci
hoje ao optar, na urgência da hora de saída para o trabalho, pelas
meias-calças opacas, cuja textura, definitivamente, não combina com
a quentura deste outono. Eu, que procedi à reorganização sazonal
do roupeiro no dia da mudança para a hora de inverno, pergunto-me se
não me terei precipitado. Ainda há pouco, na caminhada noturna,
senti que a noite estava de verão, e agora mesmo, já aconchegada no
fato de dormir, preciso de arregaçar as mangas e desabotoar mais um
botão na camisa a fim de suavizar a minha sensação da temperatura
ambiente.
Nota de arrelia
Estou
algo contrariada com o Blogger. Não sei por que carga de água (até
porque nem sequer chove), deixei de receber notificações de
comentários provindas das respetivas caixas de blogs alheios. Por
muito que eu lá ponha a cruzinha, pedindo para os receber, nada
acontece. Não querendo fazer disto uma sessão de auto-ajuda, haverá
mais que sofra desta situação?
domingo, 27 de outubro de 2019
Cemitério
A mulher de olhos lacrimosos
rega as flores que já murcham no vaso e fala comigo enquanto, a três
ou quatro campas de distância, eu esfrego a pedra mármore que cobre
o restos mortais da minha mãe. Faz falta que olhemos por eles,
diz-me, como se os que já partiram ainda precisassem de nós. Chora
o marido que a deixou de repente. Chora a avó que está ali, debaixo
daquele chão. Esta já aqui está há 80 anos, a minha idade,
informa-me, embora não tenha chegado a conhecê-la, venho cá
sempre. Conta-me de uns sobrinhos que já não sabem onde ficou
sepultado não sei que familiar e lamenta-se por esse descuido.
Tento animá-la, nem todos sentimos de igual modo a dor de perder
entres queridos. O mais certo é eles não precisarem mesmo que nos
lembremos deles. Nós é que precisamos de alimentar a sua memória,
de nos mantermos ligados à ideia da sua existência, como forma de
legitimar a nossa. Uma prova de que continuamos vivos.
segunda-feira, 21 de outubro de 2019
domingo, 20 de outubro de 2019
Passeio de domingo (466)
Andei aqui pelo mato, mesmo atrás de casa, espreitando recantos onde, acredito, a Milu não se importava de passar férias.
E, já agora, não deixem de passear por todas as palavras da série "desafio insano", da flor.
sexta-feira, 18 de outubro de 2019
quinta-feira, 17 de outubro de 2019
A guerra dos sexos
O
colega Homem quer imprimir a cores, mas a máquina responde-lhe que
tem falta de tóner. E agora?
A colega Mulher lá vai acudi-lo, abre uma porta da máquina, inspeciona os contentores de reserva, verifica que é preciso substituir o rolo com pó amarelo, retira o consumível consumido e introduz o novo. Já está.
E
acrescenta, alto e bom som, para os restantes colegas Homem ouvirem:
uma Mulher não precisa de um Homem para nada!
Um segundo colega Homem lança de imediato o contra-ataque. Só para abrir frascos de conserva! E ainda se gaba de quando a mulher se zanga e decide deixar de lhe falar. Nessa circunstância ele resolve o caso apertando bem os frascos em uso lá por casa. É remédio santo, diz. Logo, logo saem palavrinhas mágicas da boca da consorte. Podes desenroscar o frasco?
Eu
assisto à guerra, barricada atrás do ecrã do computador, disposta
a defender a minha neutralidade e a ocultar dos beligerantes que
nunca mudei o tóner daquela impressora e que preciso recorrentemente
de alguém que me abra os frascos de conserva.
quarta-feira, 16 de outubro de 2019
segunda-feira, 14 de outubro de 2019
domingo, 13 de outubro de 2019
Passeio de domingo (465)
Já a mostrei muitas vezes nas suas cores esfuziantes, mas hoje trago-a a preto e branco. A minha praia dos Olhos de Água.
Lamento do blog de esquina
Blog
de Esquina:
_
Voltaste a esquecer-te do meu aniversário.
Dona
do Blog de Esquina:
_
Oh… Pois é. Desculpa-me. Pensei nisso com muita antecedência, mas
era muito cedo para fazer os bolos…
Blog
de Esquina:
_Tem
sido sempre assim. Desde que me conheço, nunca fui festejado.
Dona
do Blog de Esquina:
_Deixa
lá isso. O que importa é que vais resistindo. E depois, as festas
são só para comermos e bebermos em excesso, o que prejudica a nossa
saúde.
Blog
de Esquina:
_Sim,
mas quando os outros fazem festas de aniversário nunca deixas de lá
ir. Mesmo quando chegas atrasada arranjas sempre maneira de provar um
restinho de doce.
Dona
do Blog de Esquina:
_
Sabes bem que tenho dificuldade em resistir a gulodices. Não me
faças sentir ainda mais remorsos. Esqueci-me. Pronto. Fica para o
ano que vem.
Blog
de Esquina:
_Dizes
sempre isso. Fica para o ano que vem. Neste dizias que agora é que
era, dez anos sempre valia a pena comemorar. E afinal, nada…
Dona
do Blog de Esquina:
_Já
pedi desculpas. De que adianta estar agora a chover no molhado.
Passaram três dias, agora já não tem graça.
Blog
de Esquina:
_Claro,
agora já não tem graça. Mas ainda assim, podias fazer como nas
festas dos miúdos. Quando calha em dia de semana, transfere-se o
convívio para o sábado ou para o domingo.
Dona
do Blog de Esquina:
_Só
que não preparei nada… Olha, o máximo que posso fazer é convidar
toda a gente para um passeio, já que hoje é domingo.
Blog
de Esquina:
_Que
remédio. Não dás para mais… Olha, vamos lá a isso, então.
......."......... DOCE ADENDA ......."......
Atenção, caros convivas, chegou aqui o bolo que a noname tão gentilmente preparou para o Blog de Esquina. Sirvam-se, por favor:
sábado, 12 de outubro de 2019
Turismo gastronómico
A
viajante japonesa viu a fila de pessoas para entrar no restaurante
self-service onde costumo almoçar nos dias de semana, deduziu que
ali se comia bem e postou-se também em espera. Confirmou comigo e
com as duas colegas que me acompanhavam que sim, ali se comia bem.
Perguntou como funcionava, que pratos havia, fotografou a ementa
afixada na porta e pediu-nos que passássemos à sua frente para ela
ver como fazíamos. Lá lhe fomos explicando o menu disponível, que
a comida se pagava a peso, que podia misturar o que quisesse. Fora
os habituais grelhados de peixe e de carne, as saladas, os legumes e
outros acompanhamentos, destacavam-se, como pratos do dia, o cozido à
portuguesa, peixe frito e francesinhas. Oh, sim francesinhas.
Tinha-as visto no Porto mas não chegou a provar. Seria então no sul
que as experimentaria. Já tinha visitado as principais cidades do
norte e do centro, quase todas do Algarve e seguia agora para Lisboa
onde apanharia o avião para Toulouse. Na linha de montagem, também
se serviu de alguma carne e couves do cozido. Quando nos despedimos,
tinha o prato limpo e esfregava a barriga mostrando-nos a sua
satisfação com a comida portuguesa e o seu desgosto por só ter um
estômago e o dito estar lotado.
sexta-feira, 11 de outubro de 2019
O pássaro
Que
não se aflija o insigne diarista. Não consigo responder à pergunta
que formula, pois de corações pouco saber possuo, mas sobre o
paradeiro do seu cantante amigo quero crer que, por estes dias, o
dito se abalou para o extremo sul europeu, lá onde a terra acaba e o
mar começa, para participar no grande encontro. Em breve retornará ao
beiral, carregado de novas notas que lhe dará a ouvir, como quem
mostra aos seus os melhores retratos das últimas férias.
quinta-feira, 10 de outubro de 2019
quarta-feira, 9 de outubro de 2019
Gris
É
hoje que vem pintar o cabelo? pergunta-me a dona do salão mal piso a
soleira da porta. Não, Não. Nego com sorridente veemência. E, ao
meu não convicto, logo junto o que me traz: agora só corto o
cabelo. Já não volto a pintar, insisto, enquanto ela passa a tinta
escura pelos cabelos de uma das cabeças ao seu cuidado e me
admoesta: acho que a vou proibir de cá entrar quando tenho o salão
cheio. Ainda dá ideias às outras clientes. Vou ficar sem trabalho,
ora esta.
E
eu, que vai para mais de dois anos, tomei a decisão, provavelmente
irrevogável, de não mais esconder os fios brancos que por aqui vão
ganhando terreno, entreguei a cabeça ao outro dono do salão e às
suas tesouras. Esse, se depender de mim e da minha, por ora, sempre
abundante cobertura capilar, não tem tão cedo o posto de trabalho
em risco.
domingo, 6 de outubro de 2019
Passeio de domingo (464)
Hoje não há passeio. Num dia marcado pela máquina de lavar roupa e pelo estendal, ficam aqui os estendais deste país que sobraram do meu passeio em tempo de férias. E agora vou mas é votar.
Serviços mínimos
Em fim de férias, constata-se que passear também é uma canseira. O portátil foi na bagagem, mas acabou sendo de pouco uso. Hoje é dia de organizar a vida, máquinas de roupa, estendais cheios, sopa em preparação. E ainda há o dever cívico para cumprir. O blog mantém-se em serviços mínimos.
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