Algarve!
Porque é a minha terra, porque é o teu destino de férias.
terça-feira, 31 de março de 2020
segunda-feira, 30 de março de 2020
Do tempo
Falarei
do tempo, do frio e da chuva que hoje terão tornado menos dura a
tarefa de ficar em casa. Pelo menos para alguns, que, ainda assim,
ouvi queixas de quem não podia mandar as crianças brincar para o
quintal. Agarrada ao computador, prosseguindo com a atualização do
relatório que arrasto desde a semana passada, fui ouvindo as bátegas
de água contra as janelas e aconchegando um xaile sobre os ombros
para abafar um arrepio. Findo o expediente, parou a chuva. Saí à
rua para inspecionar os canteiros e respirar o ar molhado da tarde.
Como eu, um caracol saía da sua casca e aventurava-se na exploração
de um galho.
domingo, 29 de março de 2020
Passeio de domingo (483)
O mesmo percurso de domingo passado, num raio de 200 m em torno de casa, mas com outras flores e outros bichos.
sábado, 28 de março de 2020
Viagem
Ainda
estou para perceber como é que, sendo sábado, fim de semana, folga,
teletrabalho desligado, ficando em casa - hoje com intervalo para
abastecimento alimentar e higiénico - mal consegui espreitar como
vai o Covid 19 em Portugal e no mundo, menos ainda atualizar-me
quanto à situação das janelas e varandas do blogobairro.
Entretanto, o computador ligado ao final da tarde, mas logo
abandonado para atender o telefone e tratar do jantar, resolve entrar
em pausa e, quando volto a ele, tem o descaramento de me aparecer com
uma imagem de tela toda exótica, afixando em letrinhas brancas a
pergunta Está a planear uma viagem?
Só
pode estar a gozar comigo.
sexta-feira, 27 de março de 2020
O dia
Para
falar verdade, o dia não foi lá grande coisa. O teletrabalho teve
alguns momentos desagradáveis, a vida económica trouxe notícias
pouco felizes, a máquina de lavar roupa trabalhou três vezes, fiz,
como habitualmente, a limpeza diária em prestações, numa
intermitência com os assuntos profissionais, e sentei-me agora a
pensar no que escrever aqui.
Provavelmente
a única coisa que vale a pena mencionar é o pássaro que se
escondia nos ramos do limoeiro, manhã cedo quando abri a janela, e
que por muito que apurasse a vista não consegui identificar.
quinta-feira, 26 de março de 2020
Lanchinhos
Raro
era o dia, lá no trabalho, em que alguém não trouxesse um doce
para partilhar. As desculpas não faltavam. Aniversário do próprio,
dos filhos, do casamento, do tempo de serviço na instituição, por
tudo e por nada lá se celebrava com uma fatia de bolo, uma bolacha,
uns frutos secos, um quadrado de chocolate. Não havia dieta que
resistisse. A coisa parece não amainar com o teletrabalho. Raro é o
dia em que não se partilha, por imagem e palavras, ali no grupo de
conversação do setor, o bolo que está a seguir para o forno, as
fatias douradas do lanche, as panquecas feitas com os filhos, o
folar, a tablete de chocolate. E nesta partilha virtual que só
favorece o aumento da dose individual, nem sequer há necessidade de
efeméride para celebrar.
quarta-feira, 25 de março de 2020
Ainda das orquídeas e até de outras flores
Acabo de me dar conta que, hoje, tenho o post diário mais facilitado. O blogobairro está a florir de um jeito muito bonito. Parece contágio, mas deste género de contágio, eu gosto. Em cada janela uma orquídea, poderia ser o lema.
depois da Flor
e da Janita
veio a Mãe Preocupada
e também a Susana
reparei ainda na nêspera
E não havendo orquídea, outras espécies há.
como a da CC
E por contágio ou não, flores para que vos quero. Mostrem-se.
como esta da Manu
e estas da alexandra
Há mais?
********
Se há!
por exemplo nos Atalhos
********
Sem foto, mas com descrição a preceito, as da bea.
terça-feira, 24 de março de 2020
Prisão domiciliária
Subi
ao terraço das traseiras, onde também mora um estendal, esse a céu
aberto, virado a norte. Dá para o terreno da vizinha de Lisboa, que
agora não deverá vir tão cedo abrir as janelas da sua casa
algarvia. Para dissuadir invasores que com facilidade pulariam o
muro – o que chegou a acontecer - subiu-se a vedação e
colocou-se-lhe uns enfeites especiais de arame. Eu, do lado de cá
do muro e do arame, aproveito as vistas e espreito os pássaros nas
árvores. Certo é, no entanto, que por ali não saio de casa.
segunda-feira, 23 de março de 2020
A borboleta
Levanto-me
cedo, como quando saía para trabalhar a 25 km de distância. Ocupo a casa
de banho durante mais ou menos o mesmo tempo que era costume para o
asseio matinal, abro as janelas para arejar a casa, faço o habitual
café e ligo a televisão para obter as primeiras notícias do dia
enquanto quebro o jejum. O tempo que seria dedicado à viagem diária
serve para alguma higienização adicional, incluindo maçanetas e
interruptores, ou para uma qualquer breve tarefa doméstica que é
necessário adiantar antes de me “teleligar” ao trabalho. Dou
por suficiente o arejamento da casa e fecho a janela, não sem antes
libertar a borboleta de voo equivocado, que me entrou sala dentro e
ficou sem saber como poderia voltar a sair.
domingo, 22 de março de 2020
Passeio de domingo (482)
Um passeio limitado às proximidades de casa, sem cruzar com o género humano, e aproveitando para para colher tomilho.
sábado, 21 de março de 2020
sexta-feira, 20 de março de 2020
Orquídea
A
chuva torrencial - e providencial, considerando a falta que nos faz -
que hoje se abateu sobre este pedaço de terra onde habito,
fechou-me ainda um pouco mais em casa. Fora da porta, apenas uns
passos até ao telheiro, em visita ao estendal, esse destino
doméstico a que não se aplica qualquer quarentena. Para assinalar a
mudança de estação, socorro-me da orquídea que desabrocha agora
num vaso perto de mim e, em tempo de guerra contra o inimigo
invisível, recordo certas batalhas – essas bem mais desejáveis -
que se travavam em tempos no blogobairro, em desafios do género a
minha orquídea é mais bonita do que a tua.
quinta-feira, 19 de março de 2020
Queimadas
Agora
que terminei o expediente, que desliguei a aplicação que me liga ao
trabalho, saio para a varanda e olho em redor respirando o ar da
tarde. Fixo-me numa andorinha veloz, que voa rasando a estrada, de
leste para oeste e de volta, e de novo, e uma vez mais, e assim
continua, como um pêndulo a hipnotizar-me. Ao longe vejo a nacional
com mais movimento do que seria de prever. Aqui e ali, cortinas de
fumo. Nos campos próximos há quem faça queimadas. Pudessem elas
destruir o mal que nos assola.
quarta-feira, 18 de março de 2020
Agenda
Ao final do dia chegou a ordem. A partir de amanhã trabalharei desde
casa, tal como a maior parte dos meus colegas. Despedimo-nos com
acenos de mão e o devido afastamento. Ainda assim, saí sem grande
alívio, pensando nos poucos que ainda têm que se deslocar à sede,
pensando nos que estão na frente da batalha, pensando nos mais
indefesos, pensando nos meus e nas distâncias que nos separam.
Trouxe comigo os cadernos onde se encontram apontamentos que possam
eventualmente fazer-me falta, notas de reuniões, a agenda. E agora
olhando para ela, pergunto-me para que me vai servir nos próximos
tempos.
terça-feira, 17 de março de 2020
Caiu-lhe a ficha
[coisa que ainda não aconteceu a alguém que conheço, no que diz respeito a colocar em teletrabalho quem o pode fazer ]
segunda-feira, 16 de março de 2020
Paracetamol
Já
não levava almoço de marmita há bastante tempo. Hoje voltei a
fazê-lo. A ementa era de comida fria, consumida a sós, tal como
outros colegas consumiam a deles a sós, isolados, cada um nos seus
gabinetes, enquanto não chega uma ordem de teletrabalho. Depois saí
para comprar uma embalagem de paracetamol, questão de prevenir
alguma necessidade. Pouca gente nas ruas, filas para entrar no
supermercado, pessoas com máscara e luvas, fila à porta da farmácia
cumprindo a distância de segurança e um vento forte que soprava.
Chegou a minha vez. Não havia paracetamol. Só uma versão com
cafeína. Não procurei outra farmácia. Voltei para o trabalho
fustigada pelo vento e por uma estranha tristeza.
[Bem sei que não vou conseguir cumprir o desafio, mas fica pelo menos este primeiro post, para assinalar o arranque do movimento bloguístico do PMS, "Um post por dia até ao fim do corona]
domingo, 15 de março de 2020
quarta-feira, 11 de março de 2020
Abraço
À entrada do restaurante, as duas mulheres cumprimentam-se. Ah, como estou feliz por te ver por cá, diz uma para a outra. Agora não podemos dar beijinhos, não é? E, enquanto concordam que não se podem beijar, abraçam-se efusivamente.
quarta-feira, 4 de março de 2020
Ninar
Enquanto
agarro na pega metálica para manter o equilíbrio e penso que será
conveniente não passar a mão pelo rosto sem antes a lavar, observo
a mão da rapariga que vai sentada no banco que me proporciona a tal
pega. A mão da moça, dizia eu, acaricia a nuca e os cabelos do
rapaz que se senta a seu lado. O gesto parece-me condizer com o olhar
amoroso que o acompanha. O rapaz, com elevado grau de probabilidade,
deve gostar de sentir aqueles dedos que lhe esfregam delicadamente o
couro cabeludo. O rosto da rapariga também atrai o meu olhar e
provoca-me uma certa estranheza. Os dedos continuam a sua dança
lenta entre as mechas de cabelo do moço. O ato prolonga-se por
várias estações sem interrupção e a jovem fecha os olhos
dormitando já, embalada também pelo movimento do metro. Faz-me
lembrar do hábito que tinha um sobrinho meu, quando pequeno. Para
adormecer mexia demoradamente nos cabelos da mãe. Não usava
chucha, não enrolava a ponta de uma fralda, não segurava em
qualquer boneco de peluche. Os cabelos da mãe eram a sua cantiga de ninar. Volto a olhar para o rosto estranho da passageira do
banco a que me agarro, e noto agora que é tal qual uma cara de
bebé.
domingo, 1 de março de 2020
Passeio de domingo (480)
É passeio com um mês de idade, já, mas, pelo tempo que faz, podia bem ser de hoje. Foi um passeio à chuva no jardim da Tapada das Necessidades, em Lisboa.
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