segunda-feira, 30 de novembro de 2015

Ortografia

Outro dia, alguém me questionava sobre a grafia do meu nome. O correto seria, diziam-me, escrevê-lo Luísa. Que me lembre, sempre me conheci  Luisa, sem acento no i. Apressei-me a verificar no meu cartão de cidadão e, horror dos horrores, lá estava Luísa grafado com acento. Um drama. Terei eu sido a vida inteira um erro ortográfico?

Já sem o antigo BI que, juro, sempre se apresentou sem acento, para me esclarecer a questão, fui correndo ao ciberdúvidas. E lá estava, explicadinho pelos Dicionários e pelos Vocabulários que, sim senhora, o meu nome, que deriva do francês Louise, em português se escreve Luísa.

Pronto. Pronto. Nada de aflições. Também se diz lá que os meus direitos individuais estão salvaguardados e que posso escrevê-lo sem acento se tal foi a sua grafia original, no registo civil.

Ufa. Toca agora a procurar a minha cédula pessoal que guardo religiosamente numa pastinha de documentos mais antigos.  Com as mãos trémulas de emoção, abro o livrinho fino, de capa preta, onde verifico que me registaram cerca de um mês depois de eu ter nascido, onde também encontro assente a data do meu baptismo e onde vou finalmente legitimar a forma como sempre me (d)escrevi.

Ou não. Na minha cédula pessoal, descubro, mais de meio século volvido, que me chamo Louisa.

domingo, 29 de novembro de 2015

Passeio de domingo (283)


Trago para este domingo o passeio de sábado. São dias amigos e não se importam com estas trocas de programação. A paisagem da lagoa dos Salgados também não se importou.





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sábado, 28 de novembro de 2015

Amendoeiras

As amendoeiras devem estar loucas. Deram para florir fora de época. Não são todas e poucas são as flores que eclodiram. Mas essas poucas, mesmo na sua frágil condição de flores quase solitárias, ainda assim trocam as voltas ao outono.


quarta-feira, 25 de novembro de 2015

A máquina de histórias

Olha que notícia mais linda, mais cheia de graça… A notícia ou, melhor, a máquina de que a notícia fala, até me dá vontade de estar à espera de vez numa qualquer repartição pública. É ler a notícia, seguir o link para ler e ver um pouco mais e, depois, é esperar que chegue a Portugal.

sábado, 21 de novembro de 2015

Sábado

Imagino sempre o sábado maior do que ele, de facto, é. Quando chega a sexta-feira começo a elaborar a lista de tudo o que quero fazer no sábado. É uma lista pensada. Vou pensando e vou contando com um sábado que me vai dar tempo para tudo. Também penso em despachar, logo na sexta-feira, algumas tarefas típicas e necessárias do fim de semana. Mas, quase de imediato resolvo que não. Resolvo que vou antes aproveitar a sexta à noite para ler um livro, para me esparramar frente ao televisor, para descansar. O sábado que está para chegar parece-me imenso e, no final de uma semana extenuante, bem mereço uma pausa. Ficam, assim, as tais tarefas alistadas junto a tudo o que eu já vinha elencando para fazer no sábado.

O problema é que tenho o sábado mal medido e agora que ele está a chegar ao fim vejo-me encurralada no meio da lista que pensei. Estou aqui apertadinha entre a última tarefa que consegui concluir e a seguinte que me olha com ar de desprezo, abanando a cabeça em total reprovação por eu não ter conseguido sequer iniciá-la.

Paciência. Com o corpo dorido, as pernas já frouxas de tantas horas em pé dou por terminado o trabalho de sábado, antevendo um domingo que me vai resgatar desta lista impiedosa.

quinta-feira, 19 de novembro de 2015

Pássaros

Como notas de música numa pauta, uma dezena de pássaros pousa nos cabos do telefone. Avisto-os enquanto atravesso o portão, de saída para o trabalho. Vou no interior do automóvel e passo, ainda lentamente, por baixo dos cabos. Indiferentes ao ronco do motor, afinam gargantas e prosseguem o ensaio.

segunda-feira, 16 de novembro de 2015

Segredo

A Maria contou à Noémia que contou à Sandra que contou à Paula que contou à Júlia que contou à Rita que contou à Célia que contou ao Pedro que contou ao Manuel que contou à Sara que contou à Joana que contou à Maria.

domingo, 8 de novembro de 2015

Passeio de domingo (280)


Para um domingo em trânsito entre o Algarve e Lisboa, recupero imagens de 2011, da Estufa Fria, e deixo aqui um passeio previamente agendado.








sábado, 7 de novembro de 2015

O grilo

É noite e vou à rua colocar o lixo no contentor. Ouço um grilo. Está escondido nas ervas que cresceram em volta de uma planta de vaso que se encontra ali no quintal. Tem uma rouquidão inusitada no chamamento. Ainda assim dá o seu concerto noturno. Criiiii. Criiiii. Vou e volto enquanto ele continua, incansável. Criiiii. Criiiii.  É um concerto de uma nota só.

domingo, 1 de novembro de 2015

Passeio de domingo (279)


Hoje, o domingo não esteve para passeios. Numa breve aberta, viram-se as veredas feitas ribeiras.