Está visto que agora só dá Natal e no corrupio dos postais e das mensagens de Boas Festas que caem na caixa de correio electrónico, recebi uma que achei a mais original e que deixo aqui.
"A Natividade" de Manuel Cabanas - gravura em madeira reproduzida no "Povo Algarvio" de 25-12-1949 e replicada pelo GEA-Grupo de Estudos Algarvios no Natal de 1978.
Encontrei recentemente, nos papéis velhos, um texto que escrevi nos anos 80, dirigido a alguém que me teria desiludido com uma faceta excessivamente yuppie.Teria sido tal a desilusão que me apressei a derramá-la numa folha assumindo-me como alguém totalmente fora de época e desajustada da sua própria geração. O desabafo ficou guardado e esquecido todos estes anos e agora ao reencontrá-lo, por muito que me esforce, não consigo lembrar-me de quem me teria provocado tamanha reacção. É como se uma das traças que por vezes me estragam as camisolas no roupeiro, se tivesse instalado na minha cabeça e se tivesse insidiosamente alimentado de um bocadinho de memória. Uma branca total. Um buraco (trou de mémoire), como dizem os franceses.
Deixa-me aqui pendurar o insecticida, para ver travo esta praga.
Supermercado. Corredor dos brinquedos. Um miúdo com os seus cinco anos num berreiro que nem quê e a mãe a explicar-lhe que não iria gastar tanto dinheiro num determinado item que nem valia a despesa. “ Mas olha se quiseres, escolhe um gormiti”. O miúdo mantém o berreiro. “Vá se quiseres, escolhe. Decide-te ou vamos embora”. O miúdo já só funga e mãe incentiva-o “Olha estes tão lindos!”. Lindos?????. Eu que já lá estava a olhar para eles (para levar uma caixinha para o meu afilhado) e ainda não tinha conseguido ver nenhum em que achasse piada… Mas ele há bonecos mais feios? Se calhar é porque eu não estou por dentro das suas histórias, mas de lindos não me parece que tenham nada. Enfim. O miúdo acabou por escolher os seus e eu também lá optei por uns …talvez pelas cores amarelo e dourado dos ditos.
Ao virar da esquina, passando pelo Ofício Diário, resolvi entrar na Barbearia do senhor Luís e deparei-me com um concurso de Natal que nos desafia a publicar e enviar-lhe um burro de presépio. Sou novata nestas andanças, mas decidi arriscar. Até porque ultimamente tem-me dado para aderir a passatempos (coisa que nunca fazia...). Ainda outro dia enviei também o Menino Jesus para a RFM ( passatempo onde está o menino? que decorre até 22 de Dezembro). Ora então aqui está: É o burro do presépio da minha prima E., todo feitinho à mão, original que nem ele...
8 de Dezembro é o início da minha contagem decrescente para o Natal. 8 de Dezembro, Dia da Nossa Senhora da Conceição, padroeira de Portugal, é o dia em que as decorações de Natal saem das caixas de arrumação e voltam a respirar o ar da minha casa. Já está “armado” o Menino, que é como quem diz que já coloquei o meu Menino Jesus de pé, num trono enfeitado com panos bordados. Só não tenho as searinhas… que eu não sou nada dada à “jardinagem” e a verdade é que nem tentei fazê-las este ano, já que a minha experiência do ano passado não resultou grande coisa.
Para quem não sabe, este tipo de Menino Jesus era feito pelos "pinta santos", numa forma de arte popular característica do final do século XIX e início do século XX.
Das inúmeras versões desta canção que povoam a rede, prefiro mesmo o original e na voz, enquanto jovem, do seu autor, Michel Legrand.
Só não encontrei um clip da canção que eu procurava e que me conduziu a esta. O que eu queria mesmo, esta noite, era "La valse des lilas" cantada pelo Michel Legrand.
Bom, bom... é acordar às 7 da manhã (o relógio biológico não falha...), pensar por dois ou três segundos e concluir que é fim-de-semana, que me posso virar para o outro lado e continuar no quentinho dos lençóis. Mas acabou-se...e amanhã já não há quentinho para ninguém.
Dá para acreditar que ainda tinha guardada a minha primeira caneta de tinta permanente? Aquela que foi comprada por instrução da professora primária, quando, algum tempo depois de eu ter entrado para a primeira classe, ela considerou que eu já estava em condições de passar do lápis para a caneta... Está sem brilho, coitada... e tem a tampa rachada, mas recorda-me o orgulho que senti quando a estreei. Era cor-de-vinho e a minha prima E., pela mesma altura, estreou uma igualzinha, mas verde escuro.
Aqui posso colocar música. Posso colocar imagens, fixas ou em movimento. E palavras. Mas não posso colocar o perfume, que todas as noites exala de uma pequena roseira escondida pela moita de alfazema que se encontra ao cantinho do jardim.
Quando passam 20 anos sobre a adopção pelas Nações Unidas da Convenção sobre os Direitos da Criança, deixo aqui um postal-poema que recebi da minha prima D., teria eu uns 10 ou 11 anos e que ficou religiosamente guardado na minha caixinha de tesouros. Gostei dele por fora, pelo poema que agora transcrevo, e por dentro pelos escritos que continha, o entusiasmo e o apreço com que me foi dirigido...a mim criança.
Reencontrei há pouco o meu livro de autógrafos. Devia ser moda nos idos anos 80, porque me lembro de eu e os meus amigos trocarmos autógrafos, um pouco como os miúdos trocam cromos.
Pequenas dedicatórias que me fazem hoje recordar de pessoas que há muito não lembrava. Para onde as terá levado a vida?
À primeira, nem percebi. O homem atarefava-se junto ao contentor do lixo e eu, em passo apressado, que já nem sei andar devagar, dirigia-me para o meu carro ao final de um dia de trabalho. Não se apresentando maltrapilho, tinha inclinado o contentor mantendo-o à altura necessária do seu campo de visão e de manejo e revolvia, mexia, procurava, escolhendo finalmente dois sacos de supermercado, não muito cheios e atados para não deixarem verter o seu conteúdo. Feita a escolha, rumou para junto de uma nora que enfeita aquele espaço de estacionamento. Pousou os achados. Aproveitou a água daquela “fonte” para lavar as mãos e começou a desatar os sacos. Eu tinha, entretanto chegado ao carro, metido a chave na ignição e iniciado a manobra para continuar o meu percurso, a minha vida. Mas naquele minuto de trajecto senti o espanto e a dor de encarar uma realidade que sei que existe, porque leio as histórias nos jornais, porque vejo as reportagens na TV, mas que, do aconchego da minha pequena vida confortável, não imagino poder ver ao vivo.E no entanto, está aqui, à minha frente, não mediatizada, uma vida sobre a qual me interrogo. Onde chegámos? Impotente, trago a culpa para casa.
Descanso o olhar nas tuas pequenas folhas, que se arrepiam ao sabor do vento. Balanço a alma ao mesmo ritmo difuso da dança dos teus galhos. O céu, hoje, escureceu, mas, da minha janela, vejo que o Outono aqui é verde e a calma invade-me o pensamento.
Gostei desta apresentação de Stephan Sagmeister, designer - responsável pelo sistema de identidade visual da Casa da Música do Porto - sobre o poder do tempo livre e a criatividade.
Os hipermercados já estão abertos ao Domingo todo o dia.
Já se vêem lâmpadas a crescer em desenhos vários nas ruas da cidade.
Ao passar na EN 125, a caminho de Faro, vi hoje que já nasceu (como todos os anos) um pinheiro verde de madeira com letras brancas pintadas que dizem “Artigos de Natal” e “Aberto aos Sábados” e o meu Outlook Express já me brindou com dois anúncios (Salsa e Thtottleman) com pinheiros e pais natal.
Começou a invasão.
Mas o Natal é só dia 25 de Dezembro…Até lá quem é que aguenta?
Está visto que hoje me deu para os contos de fadas. O certo é que estes desenhos, assinados S. La Bella, me estão a encantar. No conto da Gata Borralheira escolhi a irmã malvada que se apronta para ir ao baile e a Cinderela dançando com o seu príncipe.
Revisito a minha biblioteca de infância, relegada para a arrecadação ao fundo do quintal, e encontro um livrinho adorável com a história do Gato das Botas e muitas mais... é das Éditions des deux coqs d'or, de 1970 e tem ilustrações lindas...
Gosto particularmente do Capuchinho Vermelho, planando numa nuvem de flores e borboletas.
Ao pesquisar Prévert, reencontrei um poema , uma voz e uma música que me transportaram para longe...
Poema de Jacques Prévert, música de Joseph Cosma, interpretação de Yves Montand... Intemporal!
Oh! je voudrais tant que tu te souviennes Des jours heureux où nous étions amis En ce temps-la la vie était plus belle, Et le soleil plus brulant qu'aujourd'hui Les feuilles mortes se ramassent a la pelle Tu vois, je n'ai pas oublié... Les feuilles mortes se ramassent a la pelle, Les souvenirs et les regrets aussi Et le vent du nord les emporte Dans la nuit froide de l'oubli. Tu vois, je n'ai pas oublié La chanson que tu me chantais.
C'est une chanson qui nous ressemble Toi, tu m'aimais et je t'aimais Et nous vivions tous deux ensemble Toi qui m'aimais, moi qui t'aimais Mais la vie sépare ceux qui s'aiment Tout doucement, sans faire de bruit Et la mer efface sur le sable Les pas des amants désunis.
Les feuilles mortes se ramassent a la pelle, Les souvenirs et les regrets aussi Mais mon amour silencieux et fidele Sourit toujours et remercie la vie Je t'aimais tant, tu étais si jolie, Comment veux-tu que je t'oublie? En ce temps-la, la vie était plus belle Et le soleil plus brulant qu'aujourd'hui Tu étais ma plus douce amie Mais je n'ai que faire des regrets Et la chanson que tu chantais Toujours, toujours je l'entendrai!
C'est une chanson qui nous ressemble Toi, tu m'aimais et je t'aimais Et nous vivions tous deux ensemble Toi qui m'aimais, moi qui t'aimais Mais la vie sépare ceux qui s'aiment Tout doucement, sans faire de bruit Et la mer efface sur le sable Les pas des amants désunis.
Praia dos Olhos de Água, 1967...por aí. Pois é... estou naquelas fases em que o baú das recordações chama por mim e lá vou eu chafurdar. Gosto especialmente dos chapéus. Eu não usava bikini às bolinhas, mas o meu fatinho de banho amarelo tinha uns folhinhos muito giros na parte de trás.
Encontrei há dias, no album mais velhinho cá de casa, umas fotos de praia, em família...e ao lado das minhas primas que posavam, deitadas na areia, para o fotógrafo, lá estava ele...o colchão do Tulicreme. Já nos idos anos 60/70 as marcas brindavam os seus consumidores com prémios...
Isto de iniciar um blog, está-me a custar um bocado. Nunca mantive um diário. Então o que é que me está a dar agora??? O que é que eu virei para aqui "postar"? Se eu conseguir passar da fase do teste, então aviso-vos. Pode ser que isto dê nalguma coisa. Senão, também não se perde muito. Será só mais um sítio fantasma na rede.