A mulher de olhos lacrimosos
rega as flores que já murcham no vaso e fala comigo enquanto, a três
ou quatro campas de distância, eu esfrego a pedra mármore que cobre
o restos mortais da minha mãe. Faz falta que olhemos por eles,
diz-me, como se os que já partiram ainda precisassem de nós. Chora
o marido que a deixou de repente. Chora a avó que está ali, debaixo
daquele chão. Esta já aqui está há 80 anos, a minha idade,
informa-me, embora não tenha chegado a conhecê-la, venho cá
sempre. Conta-me de uns sobrinhos que já não sabem onde ficou
sepultado não sei que familiar e lamenta-se por esse descuido.
Tento animá-la, nem todos sentimos de igual modo a dor de perder
entres queridos. O mais certo é eles não precisarem mesmo que nos
lembremos deles. Nós é que precisamos de alimentar a sua memória,
de nos mantermos ligados à ideia da sua existência, como forma de
legitimar a nossa. Uma prova de que continuamos vivos.
E nesta altura do ano... tudo fica mais sofredor!!! Bj
ResponderEliminarÉ verdade, eles já não precisam de nós. Mas nós ainda precisamos deles. Alguns de nós. Outros nem por isso. Cada um é um.
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