Olho lá para fora, para o candeeiro de rua que encima o muro
de vedação da casa, e vejo, em contraluz, dois ou três finos fios de uma teia
de aranha. Cintilam ao ritmo do vento que os abana. Em contraluz também
rodopiam as asas de minúsculos insetos. Cruzam o ar, para lá e para cá.
Acertam-se, numa curiosa dança, com as suaves vibrações dos fios de seda da
teia. Abaixo, no poial, está o vaso cheio de uma suculenta em flor, onde cresceu
também, solitário, um dente-de-leão. De novo, é em contraluz que lhe vejo as
pétalas, já feitas asas, a voar e a desintegrar-se ao vento. Com elas, na mesma cadência,
segue, em contraluz, uma ideia transparente de eternidade.
Será sempre em contraluz que as coisas minúsculas podem ser observadas. Essas pequenas/grandes maravilhas da mãe-natureza, passam-nos, contudo, despercebidas, por falta de tempo. Falta-nos o tempo, para nos debruçarmos no parapeito de uma janela e observar, com olhos de ver, as pequeninas coisas que nos rodeiam.
ResponderEliminarSe vires esta tua paragem, forçada, sob este prisma, vais até chegar à conclusão que há males que vêm por e para bem...:)
Um beijo, Luísa. Melhoras.
E em contraluz que tudo nos parece ainda mais fascinante. É um efeito mágico :)
ResponderEliminarO tempo de ter tempo resulta por vezes de coisas bem estranhas e que não desejamos, como torcer um pé. Há um lado bom em tudo, esforço-me por pensar. Mas por vezes não o encontro. Se não estivesse tão disponível para olhar, talvez nem visse o candeeiro quanto mais a teia, os insectos, a suculenta e mais o dente de leão a desintegrar em conjunto com a ideia de eternidade. E não havia texto. As melhoras e que em breve lhe falte tempo para a contemplação caseira:)
ResponderEliminarUma lição que nos maravilha e arrepia quando nos damos conta dela: de como somos protagonistas de tao pouca coisa e como há tantas historias e tanta vida a acontecer em todo o lado
ResponderEliminarDivagando à janela e levando-nos nessa viagem.
ResponderEliminarE assim nos deste uma fotografia tão detalhada como aquelas com que nos costumas presentear!
ResponderEliminarBeijos, Luísa :)
Um maravilhoso e sereno contraluz... à luz das palavras...
ResponderEliminarBeijinhos
Ana