quarta-feira, 29 de abril de 2020

Tia


A minha cesta do pão está a precisar de restauro. Aqui e ali, sobretudo no laço que remata a tampa, o entrançado de palma está a desfazer-se. Está assim, há bastante tempo, e bem sei que, mesmo antes do triste desfecho, não seria já a tia a resolver-me o problema, mas agora, olho para a cesta de empreita velhinha, que em tempos fez para mim, e entristeço-me um pouco mais.

No caderno das receitas, tenho as instruções para fazer os biscoitos que fazia e de que tanto gosto. A respetiva entrada traz o seu nome,  não o de batismo, mas o que sempre foi usado por toda a família. Penso que deveria aproveitar as tendências de ocupação deste tempo do confinamento para pôr em prática a receita. Assim me chegue o ânimo para isso.

Tenho pois, tia, estes dois projetos por realizar e já que de vida e de morte são feitos os dias, mesmo que chore quem parte, devo sobretudo celebrar-lhe a vida.