Este
é o Cristo que resgatei há muitos anos - tantos que não lhes
tenho a conta - de um nicho que os pedreiros iam tapar na casa da
minha avó. É de madeira, esculpido certamente por algum
pinta-santo, designação dada a esses artesãos populares do
Algarve que, até à primeira metade do século XX, reproduziam
imagens do Menino Jesus e de Jesus crucificado. Salvei, pois, a
imagem de ficar sepultada numa parede velha e, também há muitos
anos, levei-a a restaurar porque tinha tinta indesejável na cruz.
Desde então, figura na pequena peanha que adorna uma parede do meu
quarto. Olho para ele e, apesar do sofrimento que representa, vejo um
rosto doce, um rosto de paz, quase um sorriso.
*
“O
século XIX foi a época do aparecimento dos pinta-santos ou
faz-santos algarvios. Estes procuram reproduzir as imagens
feitas pelos imaginários, sobretudo o Menino Jesus e o Jesus
crucificado, que, no Algarve, se chama Pai do Céu.”
Pe.
José da Cunha Duarte, Natal do Algarve – raízes medievais, Ed.
Colibri, 2002.
Fizeste bem em guardar esse tesouro.
ResponderEliminar:)
Tenho o Pai do Céu e também tenho um Menino Jesus, daqueles em pé, que se usam nos presépios tradicionais do Algarve. Esse pedi-o a uma tia. :)
EliminarÉ muito belo.
ResponderEliminarAbraço e boa Páscoa
Acho-o bonito, sim, Elvira. :)
EliminarBoa Páscoa.
Pai do Céu é bem mais bonito, querido Algarve! Sou fã da religiosidade popular e crítica da convencional:)
ResponderEliminar~CC~
E também acho interessante a designação de "pinta-santos", para os artesãos que os produziram.
Eliminar:)
bem mais simpático que muitas imagens assustadoras que se vê por ai...
ResponderEliminarTambém acho. Tem um rosto meigo. :)
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