sexta-feira, 10 de abril de 2020

Pai do Céu*


Este é o Cristo que resgatei há muitos anos - tantos que não lhes tenho a conta - de um nicho que os pedreiros iam tapar na casa da minha avó. É de madeira, esculpido certamente por algum pinta-santo, designação dada a esses artesãos populares do Algarve que, até à primeira metade do século XX, reproduziam imagens do Menino Jesus e de Jesus crucificado. Salvei, pois, a imagem de ficar sepultada numa parede velha e, também há muitos anos, levei-a a restaurar porque tinha tinta indesejável na cruz. Desde então, figura na pequena peanha que adorna uma parede do meu quarto. Olho para ele e, apesar do sofrimento que representa, vejo um rosto doce, um rosto de paz, quase um sorriso.



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“O século XIX foi a época do aparecimento dos pinta-santos ou faz-santos algarvios. Estes procuram reproduzir as imagens feitas pelos imaginários, sobretudo o Menino Jesus e o Jesus crucificado, que, no Algarve, se chama Pai do Céu.”

Pe. José da Cunha Duarte, Natal do Algarve – raízes medievais, Ed. Colibri, 2002.

8 comentários:

  1. Fizeste bem em guardar esse tesouro.
    :)

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    1. Tenho o Pai do Céu e também tenho um Menino Jesus, daqueles em pé, que se usam nos presépios tradicionais do Algarve. Esse pedi-o a uma tia. :)

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  2. Pai do Céu é bem mais bonito, querido Algarve! Sou fã da religiosidade popular e crítica da convencional:)
    ~CC~

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    1. E também acho interessante a designação de "pinta-santos", para os artesãos que os produziram.
      :)

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  3. bem mais simpático que muitas imagens assustadoras que se vê por ai...

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