A sorte da fava iria dar-nos a indicação sobre o nosso grau de riqueza. Arranjavam-se três favas: uma sem casca, outra com metade da casca e outra ainda com a casca toda. Passadas nove vezes pela fogueira, dando repetidas vivas ao santo, eram colocadas debaixo do travesseiro de onde, na manhã seguinte, ao acordar, seria retirada apenas uma. A fava descascada fazia adivinhar um futuro de pouca abundância. Já a fava toda “vestida” significava uma rica vida em perspectiva.
Havia ainda a sorte da bacia de água onde se derramava uma quantidade de cera derretida que ao solidificar tomaria um conjunto de formas nas quais os nossos olhos, guiados pela superstição, haviam de descobrir o artefacto que significaria a profissão que teria o nosso futuro marido. Ou ainda a do chinelo que atirávamos ao longe com o pé, depois de executados os nove saltos sacramentais sobre a fogueira, e cujo posicionamento na queda nos indicaria a direcção do lugar de onde viria o nosso amado.
Ainda sinto no ar o cheiro do alecrim a queimar na fogueira, feita no meio da rua onde também se levantavam os mastros enfeitados de murta e rosmaninho, à volta dos quais se havia de dançar noite dentro. E na minha cabeça ressoa o “Viva a Santo António… uma. Viva a Santo António … duas, contando até nove os pulos que dava sobre as chamas da fogueira.
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