Alguém agarrou no pacote de cereais de chocolate e retirou-o da prateleira do supermercado. Quando colocou o pacote no carrinho e avançou corredor fora, percebi, pelo movimento deslizante, que tinha chegado a minha vez e que, em breve, iria ver a luz do dia. Acelerou-se-me a pulsação e comecei a ficar irrequieto, ansioso por me soltar do invólucro de plástico em que me encontrava.
Ainda tive de esperar algum tempo antes de ser retirado do mar de cereais de chocolate em que, até então, vivia e sobretudo da escuridão que reinava no pacote totalmente fechado.
Estava impaciente por conhecer a criança a quem eu iria pertencer. Antecipava já as cócegas que havia de sentir quando ela agarrasse nos lápis de cor ou nos pincéis e guaches para me colorir a preceito. E imaginava o reencontro com os meus amigos, eventualmente já pintados: o maluco do burro, o grande Shrek, a doce Fiona... Quantos deles já estariam à minha espera?
Quando, finalmente, fui libertado do pacote de cereais, nem queria acreditar no que via. Afinal não havia qualquer criança por ali. Quem ia comer os flocos de chocolate era um rapazola quase a chegar à maioridade.
E agora? Que destino seria o meu? Não vislumbrava quem me pudesse colorir. E continuo sem saber o que me vai acontecer. Estarei eu condenado à brancura eterna? Ah... céus... e se me deitam fora por falta de serventia? Um gato como eu não aguenta esse triste destino.
Haverá por aí alguém que me possa valer?
Se fosse um Coelho era muito bem feito. Agora um pobre gatinho, não há direito!
ResponderEliminarSem stress, gatinho, sabemos bem que tu quando queres consegues tudo, basta fazeres aquela vozinha meiga e olhos doces e não tarda nada já ganhaste cor e um lugar de destaque nessa ou noutra casa!
ResponderEliminarBoa sorte!
Será Sofia? Vou me agarrar a essa esperança. Ai...Ai...
ResponderEliminar: ))))
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