quarta-feira, 30 de março de 2011
Brevemente, numa árvore ao pé de mim
terça-feira, 29 de março de 2011
Filatelia da blogosfera
domingo, 27 de março de 2011
sábado, 26 de março de 2011
Gente feliz com livros
É isso. É mesmo isso. Assim mesmo, como ela escreve no post intitulado "Pó".
A poupa
quinta-feira, 24 de março de 2011
quarta-feira, 23 de março de 2011
Papoilas
Esquisitices
segunda-feira, 21 de março de 2011
Temas do dia
Ninhos de Mar
Nos troncos mais altos
da alfarrobeira
ninhos
azuis de mar ao longe.
in A Fímbria da Fala, Porto, Ausência, 2002 , mas lido in Algarve todo o mar: colectânea, Lisboa, Dom Quixote, 2005
domingo, 20 de março de 2011
sábado, 19 de março de 2011
Maria das Bananas
Às vezes pergunto-me porque é que, de repente e assim do nada, me lembro de alguém ou de algum episódio passado e, a partir daí, essa lembrança fica-me martelando o pensamento.
Não sei porque carga de água me fui lembrar de uma figura que circulava pelas ruas de Loulé no tempo em que eu lá frequentava o ensino secundário, no final dos anos 70.
A Maria das Bananas vagueava pela vila, hoje cidade, falando alto, com voz grossa, puxando por vezes de uma agressividade masculina que combinava com o bigode que lhe debruava o lábio superior.
Andava, quase sempre, de cigarro na mão ou na boca, vociferando com quem passava.
Eu, miúda, tinha medo dela. Medo da sua aparência diferente, do seu alarido, daquilo que eu achava ser a sua loucura. Para mim, era a louca de Loulé.
Pergunto-me se ainda será viva.
Nos últimos dias tem-me vindo à memória a sua imagem, até que hoje decidi “googlá-la” para ver se encontrava algum escrito sobre ela e exorcizar a lembrança. Poucas referências me foram devolvidas pela máquina. Mas foram-me devolvidas duas fotografias. Estão datadas de 1986 e quem as tirou também aguarda que alguém lhe diga o que terá sido feito da Maria das Bananas.
Dei por mim a olhar para estas fotografias e a pensar que, se fosse hoje, bastaria depilar-lhe o buço para poder facilmente imaginá-la publicada num desses blogues que “caçam” as tendências urbanas da moda. J
sexta-feira, 18 de março de 2011
A super lua
quinta-feira, 17 de março de 2011
Apenas flores
terça-feira, 15 de março de 2011
As palavras
Fui guardando aquelas palavras aos poucos. Juntei-as uma a uma para poder depois combiná-las. Seriam emparceiradas à medida dos sentidos. Na melhor forma que encontrasse, eu as disporia lado a lado. Ou então em camadas regulares. Talvez pudesse também formar alguma diagonal que, ao de leve, quebrasse o equilíbrio. Guardei-as com cuidado, sem as apertar demais, com medo que se amolgassem umas contra as outras. Guardei-as durante vários dias, cobertas por um véu de pensamento. Esperava que chegasse o momento. O momento certo. Mas hoje, ainda há pouco, quando a chuva voltou a cair sobre o asfalto da minha rua, dei por elas a escorrerem pelo varandim do pátio da entrada. A água levou-as rua abaixo. Empurradas pela corrente molhada, juntaram-se em monte junta à grelha do esgoto e giraram velozmente
domingo, 13 de março de 2011
Histórias ao serão
Ontem não cheguei a passar por esta esquina. Afazeres domésticos e convívio familiar afastaram-me das teclas. Em compensação desfrutei de um serão de Sábado a ouvir contar histórias de outros tempos, relatadas na primeira pessoa pelo meu pai e pelo meu tio F. Histórias da sua meninice, passadas nos anos 30 e 40 do século passado, que trouxeram um toque de encantamento à mesa do jantar. Às tantas, falou-se de cobras e quase fui transportada para as páginas do Dia dos Prodígios, onde através da escrita de Lídia Jorge, a Jesuína Palha conta como matou a cobra com mais de trinta canadas sobre a espinha e a cabeça. Mas, “ai Jasus”, que a bicha saiu voando por cima da cabeça do povo que se tinha ajuntado para ver tal execução.
Nas histórias deste meu Sábado à noite, houve cobras grandes, como a de Jesuína Palha. E houve também as traquinices do meu tio F., quando criança. Ele contou da cobra grande que o meu avô matou nas terras do morgado de Quarteira – hoje mais conhecidas por Vilamoura – onde era rendeiro. Foi durante mais um dia de trabalho duro em que o meu tio F., ainda criança, também tinha a sua quota-parte nas tarefas agrícolas. Ao final do dia havia de regressar a casa com os bois, numa caminhada de uns bons cinco quilómetros. Nesse dia atou a cobra morta com um baraço e com a ajuda dos bois arrastou-a até à estrada nacional 125, que, segundo ele explicou, nessa altura era bem mais estreita do que hoje, mas já asfaltada. E foi na 125 que o meu tio largou a cobra, atravessada em toda a sua largura provocando o susto dos passantes e algumas travagens na via. Só que aquela cobra, ao contrário da prodigiosa, não voou.
quinta-feira, 10 de março de 2011
Trompe L'oeil
O hábito cega-nos. Só quando mudamos uma rotina conseguimos ver algo novo.
Surpreendeu-me aquele velho, debruçado na janela. As mãos de fora do parapeito. Cruzadas. O olhar vago e triste. Fixo. O cabelo branco emoldurado em fundo negro.
Agora, sempre que por ali passo, de novo na hora habitual, sinto o olhar irresistivelmente atraído para aquele vão de janela. Está lá o olhar do velho que suga o meu como um íman. Está ali, especado sobre a janela entaipada daqueles velhos casebres devolutos. Ao lado, as paredes ostentam grafitis com mensagens de vitória desta expressão artística. O velho, esse, "engana-me o olho", em preto e branco.
E fascina-me.
terça-feira, 8 de março de 2011
Os dias
desfeitos em instantes
quebradiços.
Como iguais são as ondas
que grandes ou pequenas
se desfazem em espuma
fugidia.
Os dias passam diferentes
nas palavras
circunstanciais.
Como é de circunstância
a maré viva
já marcada, já esperada
no calendário da matemática humana.
Os dias são iguais
e todos são pertença minha
no tanto que se quebram contra o corpo
e marcam nele o tempo
de uma vida de mulher.
domingo, 6 de março de 2011
sábado, 5 de março de 2011
Santinho
Depois de uns minutos de espera, a cliente viu a rapariga sair pela porta lateral do balcão de atendimento do talho e avançar até à secção da charcutaria para a atender.
Disse-lhe que pretendia
Enquanto decorria o processo de pesagem do fiambre, a rapariga espirrou. Desviou a cara da balança para o fazer e inclinou-se ligeiramente para o chão. Disse Santinho. Um espirro nunca vem só. E a cena repetiu-se duas ou três vezes. O talhante, que mostrava ar de coordenador da secção, fez-lhe um reparo. Ela respondeu “Eu disse Santinho”. A cliente lembrou-se dos ensinamentos repetidos à exaustão quando a gripe A estava na moda, sobre como espirrar ou tossir colocando a boca junto ao braço para aí limitar a área de dispersão de vírus ou outros bicharocos. A rapariga continuou espirrando e dizendo Santinho.
Conformada, a cliente achou que o Santinho combinava com as argolas brancas e gigantes que a rapariga trazia nas orelhas e com os anéis que lhe reluziam nos dedos.
sexta-feira, 4 de março de 2011
Olhar e ver
quarta-feira, 2 de março de 2011
A vida secreta dos objectos - O gato do Shrek
terça-feira, 1 de março de 2011
Slipping through my fingers
Parabéns, filha.