Ela está ali, mesmo ao lado, na terra do vizinho. Os seus ramos sempre carregados de folhas verdes formam uma copa imensa e os mais retorcidos pendem em direcção ao solo deixando, em certas zonas, o largo tronco meio escondido.
Passo por ela todas as noites, na minha viagem diária até ao contentor do lixo que está na beira da estrada, um pouco mais à frente. Neste percurso, para lá e para cá, sinto-a sempre a estremecer. Sinto uma folha que cai. Sinto um ramo quebrar. Sinto que a vida anda por ali, solta… à espreita.
Hoje, ainda com a luz do dia, resolvi sair do asfalto e descer o pequeno declive de acesso ao seu território. E encarei-a. Agarra-se à terra com força. Com tanta força que até se contorce e retorce, mostrando cara de má. São séculos de vida que ali estão. E em cada pedaço de tronco retorcido devem estar mil histórias escondidas.
É ela a dizer-lhe que ainda tem muita vida para dar e muitas histórias para guardar.
ResponderEliminarQuer dar nas vistas sempre que deixa cair uma folha. Está a visar que se vai despir para se entregar ao Outono, mas vai voltar, ainda mais torcida...
:)
É verdade: muitas árvores adquirem ao longo da vida o mesmo ar enrugado e marcado de certos rostos humanos.
ResponderEliminarM. Jo,
ResponderEliminarNa verdade, a alfarrobeira é uma árvore com pudor... nunca se despe. :)
Gi,
Mimetismos da natureza... :)
Tinha deixado, ontem, um comentário mas provavelmente não seguiu.
ResponderEliminarLuisa, pudor?! Está com as raízes “ao léu”!...
Eu diria que é uma árvore cheia de nobreza
ResponderEliminarBom domingo
Luisa, noutro tom, mandaram-me hoje este link :-(
ResponderEliminarCatarina,
ResponderEliminarEu é que lá fui espiolhar passando por debaixo dos seus longos ramos. Na verdade as suas folhinhas até disfarçam a coisa... :)
Carlos,
Um bom Domingo para si também... apesar do pouco que a esta hora já resta dele. :)
Gi,
Lamentável mesmo.