Passeio em área de residência, como manda a lei, observando o que vai surgindo na orla da estrada e dos caminhos.
Passeio em área de residência, como manda a lei, observando o que vai surgindo na orla da estrada e dos caminhos.
Confirmo. Sou do sul e sim, também tive uma ti Bia. A conjugação do verbo é clara, pertence ao grupo das tias às quais já não posso telefonar. O meu sul é um pouco mais a sul, não é uso fazer-se cá popias. Mas adoro popias. A minha ti Bia, claro, não fazia popias mas fazia aquelas filhós com formas rendadas, de uma massa muito fina e muito estaladiça. E vendia leite, a minha ti Bia. Tinha uma vaca leiteira e as pessoas traziam a sua própria vasilha e vinham comprar o leite de manhã e à tarde, a seguir a cada ordenha. A casa da minha ti Bia tinha o rádio na cozinha, uma dependência independente do resto da casa. Era aí que se ouvia a radionovela “Simplesmente Maria”. Lembro-me de que não se perdia um episódio. Ao lado da cozinha ficava a cisterna (ainda fica) de onde se retirava a água com um balde de zinco puxado por uma corda. Os poiais que ladeavam (ainda ladeiam) a cisterna e algumas cadeiras baixas de atabua, eram onde nos sentávamos para conversar nos fins de tarde quentes de verão. Junto à casa, quase por detrás da cozinha, a meio caminho da minha casa havia uma alfarrobeira (já não há) com um baloiço de corda, que me fazia voar.
Sobre isto do maravilhoso mundo dos blogues, só vos quero convidar a ver o resultado do negócio que resolvi fazer ontem. Apreciem a generosidade que se avoluma na caixa de comentários do post aqui em baixo.
Entretanto...
Obrigada Elvira
Obrigada Maria (que não tem blogue, mas devia).
Obrigada rodrvic (que apagou o comentário, mas que eu li na mesma).
Obrigada, Pedro
Obrigada CCF
Obrigada ana
Obrigada Manu
Obrigada bea
Obrigada Ângela
Obrigada Janita
Obrigada Rosa dos Ventos
Obrigada CSC. (que também não tem blogue?)
Obrigada Ryk@rdo
Obrigada Cidália
Obrigada Ricardo
Obrigada Gracinha
Obrigada Maria Eu
Obrigada Isabel
Obrigada ana p
Obrigada noname
Refém destes tempos confinados e do teletrabalho, retirei do congelador uns bifes de peru que haviam de servir para um almoço pouco elaborado e de rápida preparação. Na hora de os temperar e passar pela chapa, dou conta que de peru pouco tinham e de bifes ainda menos. Aqueles pedaços rosados, ainda agarrados uns aos outros eram afinal o que restou de um tamboril. Os lombos foram para a cataplana que fez as delícias de um almoço de domingo, vai para mais de algumas semanas. A cabeça, devidamente esquartejada, ficou de reserva no congelador, com recomendação da peixeira de que daria um excelente arroz. A contrarrelógio, alterei os planos do almoço, resumindo-o a um despachado esparguete. Assim, a cabeça do tamboril ainda precisou de esperar várias horas por mim, pela cebola, pelo alho, pelo pimento, pelo tomate, pelo azeite, pelos camarões, pelo arroz, pela salsa e pelos coentros. Mas a espera valeu a pena. Devo dizer que foi um ajuntamento bem sucedido, de risco devidamente calculado e de consequências prazenteiras.
Apropinquar.
Apropinquo, apropinquas, apropinquamos…
Foi o dicionário em linha que, agora mesmo, me deu a conhecer este vocábulo. Estava ali em destaque na secção de palavras caras, palavras raras. Põe rara nisto, pensei. Jamais me tinha apropinquado de tal. Cliquei pois na dita palavra e assim me apropinquei do seu significado. Por mim, rara continuará, que se me atropela a língua nos dentes e se me baralham as sílabas todas quando a pronuncio, para não falar da falta de destreza que me assalta os dedos ao tentar escrevê-la.
Enfim, talvez ainda lhe dê hoje um desconto, se à sua custa alguém se apropinquar deste postal inconsequente.
E assim, de novo em confinamento, fica o passeio limitado às imediações da casa. Perspetivam-se domingos monotemáticos.
Se uma palavra tua
dançasse com
uma palavra minha,
diz-me,
que dança seria?
Uma valsa, talvez.
Palavra a puxar palavra
no branco da folha
nas voltas sem fim
de uma fantasia.
Meses atrás comprei uma madressilva para o canteiro que ladeia a frente da casa. Já lhe cresceram alguns ramos. Vão seguindo abraçados às guias que foram entretanto colocadas no muro para lhes orientar o caminho. É uma madressilva de viveiro que florirá de branco. Para lhe fazer companhia foram hoje plantadas mais duas que deverão florir em cor-de-rosa. Estas foram trazidas do campo onde cresciam agarradas a uma aroeira. Espero que se deixem domesticar e que, chegada a primavera, possam perfumar a minha rua.
Para cores do ano 2021, a Pantone determinou o cinza (ultimate grey) e o amarelo (illuminating). Neste preciso momento, em conjugação com a chuva que cai lá fora, está o cinza a dominar. Resta-me, então, deixar aqui um breve apontamento de amarelo, para completar este primeiro dia do ano, em jeito de votos para que, todos vós, que me dão o privilégio da vossa visita nesta esquina, tenham um feliz, forte e luminoso ano novo.