Fim de tarde, na maré baixa. Sopra um vento quente enquanto
eu, à babuja, revolto a areia rodando os pés como quem dança o twist, numa
tática conhecida da apanha da conquilha.
Vejo uma, duas, três. Jogo-lhes a mão
antes que venha a onda e as leve, antes que se enterrem de novo na areia. É uma
entretenha viciante. Uma a uma vou guardando as conquilhas num pequeno saco de plástico
onde coloquei uma porção de água do mar. Sempre que consigo apanhar uma grande,
o prazer é redobrado.
Como eu, dezenas de banhistas sofrem do mesmo vício.
Escavam a areia, atiram-se aos bivalves que rebolam em fuga na espuma,
enfiam-nos em pequenas garrafas de água ou nos baldes dos filhos. Uma mulher
entrega-me meia dúzia delas. Não tem recipiente, está só de passagem mas não resiste
ao apelo da apanha. Um casal questiona-me sobre como se devem cozinhar.
O vento
continua a soprar quente e traz-me o cheiro de bolas de Berlim. A lua já se vê no azul, ainda dia, do céu. Avisa
o sol que está na hora de lhe dar espaço. A praia agiganta-se à medida que se
vão fechando os sombreiros. A contragosto tenho de regressar a casa. Levo areia
nos pés, salpicos de sal no corpo, alegria na alma.
E um saco de conquilhas…
Lembrei-me das vezes em que fiz o mesmo, impulsionada por um impulso ancestral. Mas depois apetece ficar ali, perdido, até à última gota de luz, esquecendo até a maresia das conquilhas.
ResponderEliminarAssim a vida é bela, Luísa. :)
ResponderEliminarBela prosa!
E os pés esfoliados!...
ResponderEliminarNos meus tempos de juventude andei à apanha das conquilhas com os amigos.
ResponderEliminarHá quantos anos já não o faço!!!!
Bfds
Belos dias, Luísa!
ResponderEliminarE o gozo que dá, Luísa! Deu-me vontade de estar lá e fazer o mesmo.
ResponderEliminarImagino o prazer que sentias e que ficou tão claro nas tuas palavras.
ResponderEliminarBeijos.
Um momento que já vivi em Angola. Por lá ,as conquilhas chamavam-se "quitetas"
ResponderEliminarSenti o cheirinho a mar, as ondas baixinhas molhando os pés...sonhei...
Beijinhos.
O prazer à distância de tão pouco, que é tanto :)
ResponderEliminarBeijinho
~~~
ResponderEliminar~ Conquilhas fresquinhas, que bom!
~~~ Bjos ~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~
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Tu a esfregar os pés na areia e eu hoje esfreguei um dos meus numa alforreca, graças a Deus, morta! :)))
ResponderEliminarbjs
ResponderEliminaresta semana também vi a lua grande e grandiosa ainda em pleno dia ali por Vilamoura!
esses passeios na areia são muito agradáveis e com o saquinho de conquilhas até têm melhor sabor!
abraços Luísa
Angela
Belas recordações. Hoje já não posso fazer isso mas adorava apanhar condelipas que a tia, para onde eu vinha passar férias, abria-as num tachinho com um fio de azeite e uns dentes de alho. Como tudo era saboroso naquele tempo.
ResponderEliminarO Algarve também é isto .
ResponderEliminarRevi-me a fazer isto na Praia Verde e trazia o saco cheio.......
Olá, Luisa
ResponderEliminarVivências maravilhosas com cheiro a mar - cheiro de vida boa, de felicidade.
Belíssimo prosear ;)
Bom domingo
bj amg
Se vir alguém a dançar twist na maré baixa, já sei que anda à conquilha. Mais a sério, já não me lembrava da técnica, que andei uma vez nessa "apanha" era ainda miúda... :D
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