Sobre a mesa da cozinha do meu pai encontrei, hoje, uma
velha régua escolar que me pertenceu. Velha, velhinha mesmo. É uma régua
quadrangular com quatro cores. Tem um lado amarelo, um vermelho, um azul-escuro
e outro preto. O lado preto está graduado e eu, de forma tosca, para a identificar,
escrevi o meu nome em letras maiúsculas sobre o lado amarelo. Está velha e
gasta esta pequena régua de madeira mas vê-la assim, inesperadamente,
recuperada de não sei que recantos esconsos da casa, deixou-me numa emoção só. Questiono-me
como foi possível a minha pequena régua chegar até aos dias de hoje. Lembro-me que,
no meio de móveis e outras traquitanas, viajou de França no regresso dos
imigrantes. Pergunto-me por que milagrosos acasos não foi deitada fora numa das
inúmeras ações de limpeza que periodicamente se empreendem e de que bastas
vezes me arrependo por concluir, tempos depois, que lá se foi mais uma recordação.
Quem a vê, agora, vê apenas um bocado de madeira velha, riscada, descascada.
Aos meus olhos, porém, apresenta-se como um verdadeiro tesouro. Não me canso de
olhar para ela, de lhe tocar e, com um sorriso bacoco, mostro-a ao me filho que
se escusa a comentários e deve pensar que a mãe está tontinha de todo. Ligo-me
à Net e vasculho as imagens do Google para ver se lhe encontro exemplar semelhante.
Tudo serve para avivar memórias. Recuperei, hoje, a minha velha régua escolar e
agora estou para aqui, meio enfeitiçada, nas lembranças que me traz.
Ah, percebo inteiramente a sensação e não regressei de França. Verdade, se contasse uma desse género ao meu filho, certamente ficaria com o mesmo ar de incompreensão total... :)
ResponderEliminarBeijocas
A régua avivou memórias.
ResponderEliminarAcontece isso com alguns objectos.
Lindo texto de memórias
ResponderEliminarHá coisas que sobrevivem ao tempo e que bom recordá-las.....
Objectos com carga afectiva ajudam a avivar os caminhos da memória. ;)
ResponderEliminarNem imaginas como te percebo!
ResponderEliminarA relíquia que encontraste remexeu no "Baú das tuas memórias".
Beijinhos.
Que bom Luisa!
ResponderEliminarEu também fico assim quando encontro algo que me toca dessa mesma forma.
à vista dela sorriste e fizeste uma nova viagem no tempo que tanto gosto te deu...!
ResponderEliminarSomos dominados pelas nossas Memories....
ResponderEliminar...E como nada acontece por acaso: ela andava pela casa mas só foi vista agora! Sabe-se lá porquê...
ResponderEliminarCoisas boas da vida.
bjs
Não me lembro de ter tido uma régua assim, mas tenho algumas recordações parecidas, como um diário que comecei com dez anos... (muito chato e com vários erros nas 1ªs páginas)
ResponderEliminarQue história tão enternecedora, uma régua que desvenda lembranças, surgidas no horizonte da memória.
ResponderEliminarUm beijinho
traços vivos...
ResponderEliminarbeijo