sexta-feira, 15 de maio de 2015

O relógio de parede

Finou-se o meu relógio de parede. Cheguei a casa ao fim do dia e o relógio que orienta a minha vida na cozinha marcava cinco para a uma. Fiquei logo atarantada. É a pilha, pensei. Mas, trocada a pilha, os ponteiros mantiveram-se teimosamente na mesma posição. 

Comecei a preparar o jantar antevendo o drama que ia viver nas horas seguintes. E assim foi. A cada movimento meu junto à bancada, dava por mim virada para a parede do relógio em busca das horas e dos minutos. Nada. O relógio, assim parado, começou a enervar-me. Retirei-o dali. Se já não tinha serventia, melhor não ficar na parede só a enganar-me o olhar. 

Ainda assim, manteve-se o meu tormento. Absolutamente condicionada pelo hábito de anos, continuei insistentemente a virar-me para a parede do relógio. Mas ela, agora vazia, apenas me devolvia o gancho em que o relógio costumava estar pendurado juntamente com a angústia de quem viu fugir o tempo. 

14 comentários:

  1. Acontece-me o mesmo na cozinha, mas de manhã. Raríssimas vezes olho para o relógio de pulso, mas para o da cozinha olho vezes sem conta e quando a pilha se vai, raras vezes tenho uma à mão para substituir.
    Bom FDS

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  2. O tempo, esse danado que gostamos de verificar em ponteiros, à moda antiga! Pois, à moda antiga, que agora os miúdos só vão vê-lo nos telemóveis.

    Beijos, Luísa. :)

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  3. Pois eu encontro-me como que tu: desorientada!
    Só que o meu é o da casa de banho e que falta me faz!!!
    Amanhã vou ver se resolvo a situação.
    xx

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  4. Há qto tempo, Luísa!

    Só tenho, em minha casa, um relógio de pé alto, mas parei-o, "parei" o tempo há já uns anos, pke não suporto timings, nem rotina, mas eu compreendo a sua, e quem a tem de ter.

    Beijo.

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  5. (Peço desculpa pelo atrevimento)

    Por falar em relógio/horas... sabe qual é a melhor hora do dia para o homem?
    É a uma e um quarto... claro que também podiam ser as 13h15m... mas não era a mesma coisa.
    :)

    Bom fim de semana!

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  6. Tenho o mesmo hábito de me orientar pelo relógio da cozinha, tanto de manhã ao tomar o pequeno almoço, como durante a hora de almoço e logo a seguir com a hora de ir fazer a minha caminhada, com uma amiga que me toca à campainha, por volta da 13h00! Até me esqueço de olhar para o pulso...
    Ah, eu não saberia viver sem o meu relógio de cozinha.:)

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  7. Não é que li o comentário do Rui Pascoal e me ri?
    Ai o malandreco...Uma e um quarto?
    Se fossem duas e um quarto seria uma ménage a trois...?? lol

    :)

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  8. ~
    ~~ Identifico-me bem

    com esse hábito, essa insegurança e inquietação...

    Também vivi a contra-relógio durante longo tempo...

    ~~~ Que o passeio de amanhã seja estupendo.~~~

    ~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~

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  9. Pois se pudesse adoraria ter um relógio daqueles grandes, estilo Big Ben, com caixa de madeira e que têm um som lindo quando as horas chegam !

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  10. Os relógios parados são a mensagem que o universo nos envia sobre a maneira como estamos a aproveitar o tempo que nos foi concedido aqui neste sítio.

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  11. Animais de hábitos, pequenas coisas que são, sem darmos conta, o suporte de muito do que fazemos. É como se, num texto, a falta duma vírgula nos fizesse comichão até a colocarmos, finalmente, no devido lugar. Como tal, Luísa, toca a investir num relógio novo. :)
    Muito bem escrito, continuo a achar que a Luísa deveria dar mais atenção às letras.
    Um beijinho :)

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  12. Aconteceu-me o mesmo há pouco tempo. Foi um desespero durante alguns dias. Afinal o meu querido relógio que foi oferecido há alguns anos teve arranjo e continua lá no mesmo sítio e a funcionar. :)

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  13. Revejo-me neste texto. Assim é com tudo o que perco. Tudo e todos! Sou por de mais apegada...

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  14. Olá, Luisa.
    A gente vai criando hábitos e depois custa a adaptar-se.
    Mas o caso resolve-se bem.
    Eu também preciso saber "a quantas ando", para orientar-me e fico angustiada quando o tempo me foge... em todos os sentidos!
    bj amg

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