Finou-se o meu relógio de parede. Cheguei a casa ao fim do
dia e o relógio que orienta a minha vida na cozinha marcava cinco para a uma. Fiquei
logo atarantada. É a pilha, pensei. Mas, trocada a pilha, os ponteiros
mantiveram-se teimosamente na mesma posição.
Comecei a preparar o jantar
antevendo o drama que ia viver nas horas seguintes. E assim foi. A cada
movimento meu junto à bancada, dava por mim virada para a parede do relógio em
busca das horas e dos minutos. Nada. O relógio, assim parado, começou a
enervar-me. Retirei-o dali. Se já não tinha serventia, melhor não ficar na
parede só a enganar-me o olhar.
Ainda assim, manteve-se o meu tormento.
Absolutamente condicionada pelo hábito de anos, continuei insistentemente a
virar-me para a parede do relógio. Mas ela, agora vazia, apenas me devolvia o
gancho em que o relógio costumava estar pendurado juntamente com a angústia de
quem viu fugir o tempo.
Acontece-me o mesmo na cozinha, mas de manhã. Raríssimas vezes olho para o relógio de pulso, mas para o da cozinha olho vezes sem conta e quando a pilha se vai, raras vezes tenho uma à mão para substituir.
ResponderEliminarBom FDS
O tempo, esse danado que gostamos de verificar em ponteiros, à moda antiga! Pois, à moda antiga, que agora os miúdos só vão vê-lo nos telemóveis.
ResponderEliminarBeijos, Luísa. :)
Pois eu encontro-me como que tu: desorientada!
ResponderEliminarSó que o meu é o da casa de banho e que falta me faz!!!
Amanhã vou ver se resolvo a situação.
xx
Há qto tempo, Luísa!
ResponderEliminarSó tenho, em minha casa, um relógio de pé alto, mas parei-o, "parei" o tempo há já uns anos, pke não suporto timings, nem rotina, mas eu compreendo a sua, e quem a tem de ter.
Beijo.
(Peço desculpa pelo atrevimento)
ResponderEliminarPor falar em relógio/horas... sabe qual é a melhor hora do dia para o homem?
É a uma e um quarto... claro que também podiam ser as 13h15m... mas não era a mesma coisa.
:)
Bom fim de semana!
Tenho o mesmo hábito de me orientar pelo relógio da cozinha, tanto de manhã ao tomar o pequeno almoço, como durante a hora de almoço e logo a seguir com a hora de ir fazer a minha caminhada, com uma amiga que me toca à campainha, por volta da 13h00! Até me esqueço de olhar para o pulso...
ResponderEliminarAh, eu não saberia viver sem o meu relógio de cozinha.:)
Não é que li o comentário do Rui Pascoal e me ri?
ResponderEliminarAi o malandreco...Uma e um quarto?
Se fossem duas e um quarto seria uma ménage a trois...?? lol
:)
~
ResponderEliminar~~ Identifico-me bem
com esse hábito, essa insegurança e inquietação...
Também vivi a contra-relógio durante longo tempo...
~~~ Que o passeio de amanhã seja estupendo.~~~
~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~
Pois se pudesse adoraria ter um relógio daqueles grandes, estilo Big Ben, com caixa de madeira e que têm um som lindo quando as horas chegam !
ResponderEliminarOs relógios parados são a mensagem que o universo nos envia sobre a maneira como estamos a aproveitar o tempo que nos foi concedido aqui neste sítio.
ResponderEliminarAnimais de hábitos, pequenas coisas que são, sem darmos conta, o suporte de muito do que fazemos. É como se, num texto, a falta duma vírgula nos fizesse comichão até a colocarmos, finalmente, no devido lugar. Como tal, Luísa, toca a investir num relógio novo. :)
ResponderEliminarMuito bem escrito, continuo a achar que a Luísa deveria dar mais atenção às letras.
Um beijinho :)
Aconteceu-me o mesmo há pouco tempo. Foi um desespero durante alguns dias. Afinal o meu querido relógio que foi oferecido há alguns anos teve arranjo e continua lá no mesmo sítio e a funcionar. :)
ResponderEliminarRevejo-me neste texto. Assim é com tudo o que perco. Tudo e todos! Sou por de mais apegada...
ResponderEliminarOlá, Luisa.
ResponderEliminarA gente vai criando hábitos e depois custa a adaptar-se.
Mas o caso resolve-se bem.
Eu também preciso saber "a quantas ando", para orientar-me e fico angustiada quando o tempo me foge... em todos os sentidos!
bj amg