quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Amor e uma mala de mão


Desço quase todos os dias aquela rua. E quase todos os dias passo por eles, ou são eles que passam por mim. Seguem sempre de mão dada, apenas se afastando para passar algum obstáculo, um poste de luz, um passante carregado de sacos, uma operação de descarga de mercadorias… A separação faz-se por segundos e as suas mãos, temporariamente órfãs, logo voltam a juntar-se. Ela caminha sobre saltos altos, escolhendo cuidadosamente as pedras da calçada para os pousar. Ele ampara-a, de ombro direito colado ao ombro esquerdo dela. Ao ombro esquerdo dele vai sempre pendurada a mala de mão dela.

7 comentários:

  1. Que ternura de cena!
    Durante muitos anos também caminhei assim com o meu "compagnon de route"...acontece que a vida nos prega partidas que nos levam, aos poucos, a desligarmos as mãos sem contudo desligarmos o coração!

    Abraço

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  2. Felizmente, embora sejam raros, todos nós temos "aquele" casal, aquele que dá o exemplo e que, mesmo não sendo muito óbvio, está cheio de pormenores reveladores e inesquecíveis. São uma inspiração... =)

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  3. Ele transporta-lhe a carteira e vai de mão dada com ela... será que é uma gastadora compulsiva?
    :)

    Ao fim de 29 anos de casado eu ainda ando de mão dada, só que não lhe levo a carteira, ainda não foi preciso...
    :)

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  4. Naná,
    Põe amor nisso :)

    Bríseis,
    Verdade... :)

    Rui Pascoal,
    Pode não ser gastadora compulsiva. Pode só ter um problema no ombro. :)

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  5. Eu testemunho contigo esse casal romântico. fartamo-nos de especular o porquê dele levar a tiracolo a mala dela. Lembras-te do dia em que ele levava a mala dela a tiracolo e ela levava uma segunda mala...? Estranho!

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  6. Um belo instantâneo.
    (A vida, no fundo, é um somatório de instantâneos. E, nestas contas, cada um tem a sua própria contabilidade)

    Beijo :)

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