sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Faltas

Quando não é por falta de tempo, é por falta do Internet Explorer que hoje está sempre a falhar e das caixas de comentários que estão quase todas combinadas para me baterem com a porta na cara. De tal modo que me falta já a paciência. E assim fico com mais não sei quantas faltas na minha folha de visitas ao virar da esquina. Grrrr….

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Como é mesmo que eu ia titular este post?

Nunca tive muita capacidade para fixar o nome das pessoas mas a verdade é que tenho ido de mal a pior e a dificuldade para me recordar de como se chama aquela mulher que conheci há dois dias atrás ou do colega da faculdade que tinha imensa piada tem vindo sistematicamente a aumentar.
Já para não falar do incómodo que sinto sempre que abro a porta do frigorífico no preciso momento em que me esqueço do que lá vou buscar.
Depois há aquelas discussões diárias sobre aquilo que eu disse mas que contestam que eu tenha dito.
- Só chegas agora?
- Então… fui ao cabeleireiro. Bem te disse, ontem.
- Não disseste nada.
- Disse sim.

Esta questão da memória que tende a escapar-se preocupava-me cada vez mais. Foi então que no escaparate da livraria me deparei com este título: “Onde deixei os meus óculos? O como, o quando e o porquê da perda de memória” da autoria de Martha Weinman Lear, editora do New York Times Magazine.
Claro que se tornou leitura obrigatória para mim. Não porque costume andar à procura dos óculos. Sendo míope raramente os pouso em local incerto e por norma estão sobre o meu nariz. Mas fora essa questão, verifiquei que me colocava muitas daquelas a que este livro tenta responder. Nele se trata da perda normal de memória que, para que saibam, é coisa para começar a acontecer a partir dos 30 anos… Ah, pois é.

A autora entrevistou, ao longo de dois anos, os mais reputados especialistas e investigadores da matéria e também gente comum… e “esquecida”
O resultado é um livro bem-humorado que me reconfortou o espírito. Afinal acho que não padeço de Alzheimer.

Revolução tecnológica



Não deixem de experimentar...

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Lençóis

Fui passar os lençóis a ferro e vi-te ali junto à tábua de passar como quando me chamavas para te ajudar a dobrá-los. Eu ia, contente, antecipando a brincadeira que ia fazer. Agarravas em duas pontas e eu noutras duas. Afastadas uma da outra, esticávamos o pano ao máximo que podíamos e fazíamos estalar o lençol no ar. De propósito, eu fazia tanta força que te saltava dos dedos uma ou outra ponta do lençol que acabava roçando pelo chão. Tu ralhavas-me rindo e recomeçávamos.



Falta-me, também a mim, chamar a minha filha para me ajudar a dobrar os lençóis. Da próxima vez, pensarei nisso.

Viagens pela escrita



Viagens que quero fazer. Aqui.

domingo, 25 de setembro de 2011

Passeio de domingo (67)





Já andava com saudades de calcorrear as terras aqui por detrás de casa.

Sobram amêndoas e alfarrobas à espera do "rabisco", aprontam-se as azeitonas para a colheita e fico com as pernas numa lástima de arranhões. Quem mandou ir de calções?









sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Glycol

Já não se fazem produtos de beleza como antigamente.
Folheando um Almanaque dos anos 1940, descobri o fabuloso Glycol. Segundo o anúncio, esta maravilha amaciava a pele, dava aos lábios a maior frescura, evitava o cieiro, dava a todas as peles o raro encanto da mocidade, curava o crestado do sol e o queimado da praia, bem como todas as impurezas e estragos da pele… e ainda era um excelente fixador para o pó de arroz. Numa fórmula inédita da VAP – Ventura d’Almeida e Pena, o Glycol, então proclamado o ideal da pele, só podia ser um daqueles produtos que todas nós merecemos.
Não sei até quando foi comercializado. Mas eu, nascida nos anos 60 já não vim a tempo.

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Informando

A oficina é grande e arejada. Tem sala de clientes com cadeiras e mesas de apoio. Está calor lá dentro e as revistas disponíveis são só sobre pneus e afins. Não fico lá. Saio à rua e espreito o movimento. É fim de tarde e, no espaço ajardinado junto aos prédios da frente, há mães e pais que passeiam os filhos. Volto a entrar na oficina e enquanto aguardo que me alinhem a direção do carro vou espiando os inúmeros exemplares de jantes expostas junto à parede, vou observando os certificados de qualidade afixados na zona da receção, o organograma da empresa, os fluxogramas do serviço, os anúncios promocionais. Fixo finalmente o olhar num aviso colado junto à entrada da receção de clientes e começo a ler.
“Somos a informar os nossos estimados clientes blablablabla…..”
“Somos a informar”. Tal e qual como alguns colegas meus que só sabem responder a ofícios começando com esta fórmula. “Em resposta ao pedido de V.Exa. somos a informar que…….”
Ahrrrr… Então não é mais simples escrever: “Informamos que….” ?

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Leituras

O bicho-homem é de manias e cada pessoa tem os seus hábitos peculiares. Cada pessoa tem o seu modo próprio de ser e de ler.

aqui o contei: por mim gosto de ler recostada na cama. Mas também me serve o sofá, ou a mesa da sala, ou a mesa da cozinha, ou o banco do jardim, ou a areia da praia, ou o lugar no comboio… Há um sítio, porém, em que nunca li nem me vejo a ler algum dia. Pior, não consigo entender como é que há pessoas que leem ali.

Expliquem-me porque é que há pessoas que gostam de ler na casa de banho. Na sanita, para ser mais precisa. Na sanita? Se há local por onde procuro passar o mais rapidamente possível é esse. Poderão argumentar que é local para uma leitura fugaz, breve, ligeira, superficial até… Seja qual for o tipo de leitura, eu, definitivamente, não percebo quem gosta de ler nesse assento.


Imagem daqui

domingo, 18 de setembro de 2011

Passeio de domingo (66)





Este é mais um passeio de domingo agendado previamente já que hoje estou de novo fora de rota, em afazeres menos domingueiros.


Façamos então de conta que vamos até à Praia do Barril, em Santa Luzia, Tavira. Pode não parecer… mas, juro, isto é tudo a caminho da praia.










sexta-feira, 16 de setembro de 2011

A fonte e o poço

A minha terra ficou famosa quando, há uns anos atrás, o país resolveu escolher um Primeiro-ministro nascido lá. Ficou ainda mais famosa quando alguém achou que o sítio da Fonte de Boliqueime não era Fonte mas sim Poço e que só por obra de ser terra natal do “dito-cujo” é que teria sido “promovida” toponimicamente, como se a categoria, de Poço fosse claramente inferior à categoria muito mais bem vista de Fonte de Boliqueime.
Ficou para sempre a anedota, que se tem perpetuado anos a fio e que continuo a ver citada e replicada em mil e um comentários por esta imensa rede fora.
O certo é que toda a minha vida ouvi os meus familiares e vizinhos referirem-se àquele local da terra como “fonte”. Está bem… não sou assim tão velha, mas já era bem crescida quando nasceu o mito do Poço de Boliqueime.
Hoje, lendo uma notícia sem qualquer relação com Boliqueime, encontrei assim mesmo um comentário… daqueles habituais comentaristas de serviço, que repescava a história da fonte e do poço.
Olhei para a estante de livros ali ao lado e agarrei na “Monografia de Loulé” do Francisco Xavier d’Athaíde de Oliveira. Fui folheando este fac-simile de uma edição de 1905 até encontrar o capítulo relativo à freguesia de Boliqueime. E lá está o seguinte:
“Na séde da freguezia não tem hotel ou hospedaria, mas a pequena distancia, à fonte de Boliqueime, tem uma casa que recebe passageiros”

Se também lhe chamaram Poço, não sei. Mas se algum linguista, especialista em toponímia, passar por aqui e resolver investigar a coisa, não deixe de me comunicar as suas conclusões. Não é por nada. Só gostava de saber.

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Inferno?



Fica no concelho de Tavira e é uma das quedas de água da ribeira da Asseca. Passando a expressão... porque diabo lhe terão chamado Pego do Inferno? A mim parece-me antes um pedacinho de paraíso.

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

A vida secreta dos objetos - o batedor de ovos



Quando ela me agarrou para bater os ovos em omeleta, bem percebi como me recriminava com o olhar questionando a minha má disposição. Que mau feitio era este que transparecia na minha expressão agastada? Ora essa… era o que mais faltava! Então havia de estar bem disposto se fazem de mim o carrasco dos meus familiares e amigos. Não se lembraram de nada melhor do que um ovo para bater nos outros ovos? Isto da imaginação humana tem muito que se lhe diga. Acham graça, não? Pois paciência se tiverem que me ver sempre de ar zangado. Porque é que não pensaram noutro boneco para assumir este papel? Não viram logo que esta era uma invenção de mau gosto? Se soubessem o sofrimento por que passo. Sou olhado de lado pelos meus amigos. Vivo só, numa gaveta cheia de outros utensílios de cozinha. Gente fria, sem alma. E de cada vez que me colocam sobre a bancada e me aprontam para a função, vejo como os ovos que vão saindo da casca para o recipiente me abominam. A minha vida não está para sorrisos. Aguentem-me.

domingo, 11 de setembro de 2011

Passeio de domingo (65)






Vá... hoje faço batota.


O passeio é da semana que findou ontem, mas acho que serve para este domingo em que tenho programa festivo na aldeia e não vou andar de máquina a tiracolo.


Digam lá se o Sudoeste Alentejano e a Costa Vicentina não são especiais?



















sábado, 10 de setembro de 2011

Recomeço



Sacudo a areia. Lavo as toalhas de praia e o bikini. Arrumo o guarda-sol e o saco que me saiu em brinde numa revista feminina. Verifico a marcação de página nos livros cuja leitura ficou por terminar. O sol poente marca o fim das férias e dentro do peito cresce-me um novelo de angústias. Sobram pontas do tanto que ficou por fazer. Desfiam-se pedaços de tarefas projetadas que não chegaram a ser. Sobra-me agora o regresso ao trabalho, que, ali… ao fundo do fim de semana, já espreita com ar de quem não deixa dúvidas sobre quem manda agora. Na garganta, já aperta o nó do inevitável recomeço.




sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Olhar de verão (9)



No meu último dia de férias de verão, descobri as "Bolas de Berlim do Carrinho do Ti Jaquim"...

Pronome

A avó, enxuta, de fato de banho preto descansa elegantemente deitada na toalha. As irmãs e respetivos maridos cuidam dos filhos, três de uma, dois de outra. Pais, filhos e netos desfrutam a tarde de praia. São todos gente bonita. Gente bem. A filha mais velha de uma das irmãs enceta um berreiro consequente de uma bulha com o irmão mais novo. Queixa-se com dor na mão. Não vi, mas deve ter levado com a pá de plástico nos dedos. A mãe que alimenta o terceiro filho, bebé, diz-lhe: “Luisa, a mãe já ouviu, agora vá chorar para além.” A avó chama-a a si: “Venha cá, Luisa” . Passada a crise, a pequena Luisa, que não tem mais de seis anos, convida o pai para um banho de mar: “Venha comigo, pai”.


Há tanto tempo que não via uma família sem o pronome pessoal tu.

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Escadas



Quem não escolheria estas escadas em vez das aborrecidas escadas rolantes?



quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Setembro

Acabaram as sunset parties. Foram embora os D.J.s. Ficou a praia e a rebentação das ondas. Ficou o grito da gaivota. Ficou gente menos apressada e ficou menos gente. Ficou à míngua o negócio das bolas de Berlim. E o dos vestidos de praia. E o das malas fazdecontaquesãolouisvuitton.


Cresceu a praia e não importa que vão minguando os dias. Para mim, ainda chegam.

terça-feira, 6 de setembro de 2011

Olhar de verão (8)




Tapem os ouvidos... porque se têm o azar de passar por aqui ao mesmo tempo que uma amiga minha o faz ... ainda ficam surdos à custa do grito que ela vai dar...

Rosa vivo

Não tarda, finda o verão e eu não chego a pintar as unhas de rosa vivo.


As unhas pintadas de rosa vivo são algo deveras imprescindível neste verão 2011. E de preferência com verniz de gel. À minha volta não há mão feminina que não se apresente de unhas rosa vivo. São as colegas do trabalho, as amigas, as primas, as desconhecidas da praia… tudo com as pontas dos dedos devidamente arranjadas e de rosa vivo.


Só eu estou com as unhas a destoar. Ainda não as pintei com verniz de gel rosa vivo. Nem com nenhum verniz.


Não sou mesmo ninguém.

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Olhar de verão (7)



Em busca de alimento...

Crónicas do Rochedo




Este verão participei no desafio do Carlos Barbosa de Oliveira e juntei as minhas memórias de praia às suas e às de outros bloggers que também inscreveram a praia das suas vidas na lista do Crónicas do Rochedo. Recebi por isso esta lembrança que gravo aqui na minha esquina.

Aproveito para assinalar que no CR se festejam hoje quatro anos de blogue. Parabéns para lá!

Destino

Durante aqueles quatro dias manteve-se queda e silenciosa no pequeno saco de plástico com fecho éclair, encostada a um dos cantos do necéssaire vermelho. Fizeram-lhe companhia a bisnaga do creme e o pincel da barba. O ar era fresco e por vezes enchia-se de humidade que caía com o vapor do chuveiro. Cheirava a gel duche de flor de laranjeira e a shampoo de alperce. Não era mau. Mas quatro dias ali encostada… só tendo contado com uma atividade… começou a ficar impaciente. Os movimentos regulares dos acessórios que preenchiam o restante espaço da bolsa de toilette acabaram por lhe fazer saltar a tampa protetora das lâminas. Sentiu-se um pouco mais solta, cheia de apetite. Foi então que a mão de aproximou do necéssaire. Ia agarrá-lo para proceder à sua arrumação e guardá-lo no saco de viagem, já pronto a seguir para carro. Quis o destino que o polegar se encostasse com força à sua cabeça, permitindo-lhe afincar com regozijo a lâmina afiada naquela tenra carne. Ela soltou um pequeno grito, colocou o dedo sob a água corrente da torneira e enquanto o lavatório se tingia de rubro, a gilette, esboçando um sorriso malvado, encostava-se saciada e cheia de gozo à bisnaga do creme de barbear.