sábado, 11 de junho de 2011

Psicanálise dos contos de fadas



Por vezes passo pelo blogger de fugida para publicar os comentários que me vão deixando e, na correria em que vou, acabo por nem sempre lhes responder. Além disso, já aqui o tenho manifestado, a minha memória parece funcionar com intermitências.


Isto tudo a propósito do comentário que a Gi deixou no post que remetia para um estudo sobre os Estrunfes, recentemente noticiado. Dizia ela que achava a interpretação interessante, tal como deveria ser interessante a obra de Bruno Bettelheim intitulada “Psicanálise dos contos de fada”. No momento em que publiquei o seu comentário fiquei de facto com uma leve sensação de reconhecimento daquele conjunto de palavras. Mas, apressada que estava… passei em branco sobre o assunto.


Ainda há pouco – e por certo só a psicanálise poderá explicar a relação entre o ato que praticava e a revelação que me foi dado ter – enquanto estendia a roupa na corda do quintal e talvez por força das sacudidelas que dava nas camisolas de algodão antes de as prender com as molas, percebi que aquele era um livro que morava na minha estante.


Logo me apressei com o resto da roupa, desdobrando peúgas, esticando toalhas, pendurando cuecas até que nada mais sobrasse no alguidar. E vim correndo até ao escritório. Cá estava ele, com a lombada um tanto ou quanto desbotada pela luz dos dias e dos anos.


A memória traiçoeira recusa-se a dizer-me se o cheguei a ler. Passei os olhos pelas linhas introdutórias e percebo que não tem muito a ver com a interpretação que o tal professor francês fez dos Esstrufes. Trata-se de uma interpretação dos contos de fadas na perspetiva educacional e formativa das crianças, analisando a sua importância como meio de conferir sentido à vida. Estão lá o Capuchinho Vermelho, os Três Porquinhos, Simbad o Marinheiro, a Branca de Neve, a Bela Adormecida, a Gata Borralheira, o Barba Azul….


Se o cheguei a ler, não me recordo. Mas acho que a Gi tem razão quanto ao seu interesse e, por isso, parece-me que está prestes a passar da prateleira do escritório para a mesa-de-cabeceira.

6 comentários:

  1. Estou a passar por aqui muito à pressa porque vou ao cinema ver “Midnight in Paris” mas o título to teu post – para além de ser, neste momento, o último aqui na minha lista de itens – captou-me a atenção. Não creio que alguma vez tivesse lido o livro mas que estou muito interessada, estou, e já tomei nota para o obter na biblioteca.
    Falamos com as crianças – quando necessário – acerca da violência, de atos violentos tanto físicos como verbais, e depois lemos-lhes ou mostramos-lhe livros/filmes de contos de fadas onde a violência (verbal e física) está sempre presente. Será que Bruno Bettelheim se debruça sobre estas características dos contos? Estes contos são muito mais que contos lúdicos e pedagógicos.
    O que eu aprendo neste blogue! Abraço e bom fim de semana.
    Vou dar uma espreitadela no blogue da Gi quando regressar.

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  2. Se calhar esse nunca vou ler... ainda ia descobrir que os contos de fadas... me fizeram mal à psique ;)))))

    Bjos

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  3. Catarina,
    A dor e o medo também fazem parte da vida. O autor escreve em dado momento que "O conto de fadas não deixa dúvidas no espírito da criança de que ela é obrigada a sofrer a dor e a enfrentar riscos, pois todos têm de conseguir a sua identidade pessoal; e apesar de todas as angústias, não há a menor dúvida sobre o feliz desfecho"

    Isa,
    Poderemos dizer que "somos aquilo que lemos"? :))

    alfacinha,
    Na praia também se lê... eu gosto :))

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  4. Claro que uma coisa é psicanálise e outra análise política, mas interessam-me as interpretações das histórias infantis que mostram a sua complexidade para além da singeleza aparente.
    Diga depois de (re)ler se vale a pena, Luisa, se faz favor.

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  5. Gi,
    Só pelo que já folheei, a propósito desta troca de impressões blogueiras, posso dizer que para quem gosta de literatura e particulamente de literatura infantil, para quem se interessa por educação e por psicologia, este é certamente um livro que vale a pena. E mesmo sem essas motivações, parece-me ser de uma agradável leitura para redescobrir um vasto conjunto de histórias de encantar e vê-las com outro olhar.

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