Foi pelos Santos Populares. Não sei se foi pelo Santo António, São João ou São Pedro, mas foi em junho numa noite de festa. Foi numa noite de mastros. Havia mastros - assim se chamava a festa dos Santos Populares - em casa de uma moça da terra. No pátio tinha sido armado o mastro de onde partiam todos os enfeites da festa. O gira-discos soltava os sons das músicas da moda. Havia bebidas frescas. Dançava-se. Eu estava por cá havia menos de um ano. Ainda não conhecia bem toda aquela gente. Não conhecia a Bernardete. Só de vista, mesmo. Ela era mais nova. Tinha uns dois ou três anos a menos do que eu. Via-a na escola. Era vizinha da moça que organizava a festa. Esteve lá pouco tempo. Mas estava bem disposta. Não que eu tivesse reparado nisso. Mal a conhecia. Mas contaram-no depois. A Bernardete teria à volta de 14 anos. Nessa noite regressou cedo a casa…logo ali ao lado. A notícia chegou no dia seguinte. Nessa noite, a Bernardete tomou veneno. Morreu.
Eu mal conhecia a Bernardete mas ainda hoje a vejo. Nem feia, nem bonita. Morena e franzina aparece-me pela frente… assim, sem mais, numa qualquer noite de junho.
hum... arrepiante... Há pessoas que ficam assim, marcadas. E, sem entendermos porquê, continuam a aparecer-nos. É como se fosse uma história ou um conto que ouvimos na infância e que nunca esquecemos.
ResponderEliminarUma miúda de 14 anos que se suicida é sempre arrepiante. Se estivemos por perto dela antes do acontecimento, ainda nos choca mais...
ResponderEliminarBeijoca!