Por vezes passo pelo blogger de fugida para publicar os comentários que me vão deixando e, na correria em que vou, acabo por nem sempre lhes responder. Além disso, já aqui o tenho manifestado, a minha memória parece funcionar com intermitências.
Isto tudo a propósito do comentário que a Gi deixou no post que remetia para um estudo sobre os Estrunfes, recentemente noticiado. Dizia ela que achava a interpretação interessante, tal como deveria ser interessante a obra de Bruno Bettelheim intitulada “Psicanálise dos contos de fada”. No momento em que publiquei o seu comentário fiquei de facto com uma leve sensação de reconhecimento daquele conjunto de palavras. Mas, apressada que estava… passei em branco sobre o assunto.
Ainda há pouco – e por certo só a psicanálise poderá explicar a relação entre o ato que praticava e a revelação que me foi dado ter – enquanto estendia a roupa na corda do quintal e talvez por força das sacudidelas que dava nas camisolas de algodão antes de as prender com as molas, percebi que aquele era um livro que morava na minha estante.
Logo me apressei com o resto da roupa, desdobrando peúgas, esticando toalhas, pendurando cuecas até que nada mais sobrasse no alguidar. E vim correndo até ao escritório. Cá estava ele, com a lombada um tanto ou quanto desbotada pela luz dos dias e dos anos.
A memória traiçoeira recusa-se a dizer-me se o cheguei a ler. Passei os olhos pelas linhas introdutórias e percebo que não tem muito a ver com a interpretação que o tal professor francês fez dos Esstrufes. Trata-se de uma interpretação dos contos de fadas na perspetiva educacional e formativa das crianças, analisando a sua importância como meio de conferir sentido à vida. Estão lá o Capuchinho Vermelho, os Três Porquinhos, Simbad o Marinheiro, a Branca de Neve, a Bela Adormecida, a Gata Borralheira, o Barba Azul….
Se o cheguei a ler, não me recordo. Mas acho que a Gi tem razão quanto ao seu interesse e, por isso, parece-me que está prestes a passar da prateleira do escritório para a mesa-de-cabeceira.