segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Agosto - foto do dia #27. Torneira




[Até ao final do mês, as fotos do dia não serão bem do dia. Ficam agendadas por razões de força maior. Tentarei passar por aqui... mas sem compromisso.] 

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

O carrinho de compras


Eu já devia ter aprendido a lição. Não se deixa um carrinho de compras encostado a um qualquer expositor de enlatados para ir ao fundo do corredor buscar uma embalagem de pacotes de leite. Nem tão pouco junto ao expositor dos chouriços. Nem que seja para pedir à rapariga da charcutaria que nos faça o favor de fatiar duzentos gramas de fiambre da perna. Por muito rápida que seja a recolha de bens que queiramos fazer, por muito perto que nos pareça estar o pacote de bolachas ou a caixa de cereais que nos convém, nunca, mas nunca, devemos abandonar o carrinho de compras par os ir buscar.

Desta vez tive sorte. O supermercado não era dos maiores e ao voltar do expositor de laticínios com a minha embalagem de queijo edam às fatias ainda consegui alcançar a mulher de cabelo branco que me levava o carrinho. Eu: olhe que se enganou. Ela: ai desculpe, ai desculpe. Falou com sotaque de velha inglesa e sorriso embaraçado no rosto. Respirei de alívio. Já tinha as compras a meio mas nada como da outra vez.  Devia ter-me servido de emenda.

Da outra vez o carrinho estava cheio, o percurso do hipermercado completo. Só restava a peixaria onde me amanhavam os robalos. Ajeitei por ali o carrinho e cometi o erro fatal de o largar da mão. Mal recolhi o peixe, dei meia volta na sua direção mas já tinha desaparecido. Olhei em redor. O mais certo era ter rodado alguns metros até o despassarado ou a despassarada que o tivesse agarrado o largasse discretamente, como quem não quer a coisa. Mas não. Nada do meu carrinho. Ziguezagueei pelos corredores dos frescos, das massas, dos detergentes, dos plásticos…Nada. Nunca mais encontrei o meu carrinho de compras

Agosto - foto do dia #24. Atalho, vereda


quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Agosto - foto do dia #23. Par


Simples


Com toda a simplicidade e a maior clareza que há no mundo a mulher disse:

Às vezes apetece chorar. Mas não vale a pena. Para quê chorar? Não resolve nada. Há que seguir com alegria.

Lágrima


Há uma lágrima que não seca. Brota da raiva, do desespero. Rola devagar face abaixo e quando penso que vai finalmente secar, engrossa de novo na fonte e torna a jorrar. 

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

A vida é bela (22)


... na singeleza circular de um jogo de bola.


Trabalhos manuais


Naquele tempo tínhamos uma disciplina de trabalhos manuais. Havia trabalhos para as raparigas e trabalhos para os rapazes. Eram trabalhos diferentes. Naquele ano ensinaram as raparigas a costurar. Não me serviu de muito. Pelos vistos nem para despertar o interesse já que nunca senti grande vocação para este tipo de tarefa. Mas gostei de recuperar o meu caderno de lições de costura com exemplos de papel pregados com alfinetes. Gostei de folheá-lo e de olhar para esse tempo. Um tempo que guardei numa caixa de arrumação e que abro de vez em quando com o mesmo entusiasmo de quem descobre um tesouro perdido.


Agosto -foto do dia #22. Casa, lar


domingo, 19 de agosto de 2012

Passeio de domingo (110)



Hoje não há passeio. Fico em casa em preparativos culinários para receber afilhados ao final da tarde. Por aqui deixo, no entanto, uns restos de outro passeio domingueiro recente.






Agosto - foto do dia #19. Buraco


sábado, 18 de agosto de 2012

Saudades

Tenho saudades de mim. Saudades do que fui. Saudades dos sonhos que perdi pelo caminho. Saudades do riso. Simplesmente do riso.

Tenho saudades do tempo em que falava por escrito com a colega de carteira. Encontro pequenos pedaços de papel no meio de velhos cadernos. Estão cheios de conversas. Leio essas frases trocadas no meio das aulas. Revejo as personagens que descrevem. As paixonetas. As aspirações.

Tenho saudades de mim. Saudades da esperança que já sinto desvanecida. Mudei. Sim, como mudei. Uma fina camada de cinza foi-se abatendo sobre mim. Colou-se-me à pele. Alterou-me os sentidos. Foi-me envolvendo, insidiosa, anos a fio, até não sobrar nenhum bocadinho de pele, de cabelo, de sopro até… na cor original.

Agosto - foto do dia #18. Dentro


sexta-feira, 17 de agosto de 2012

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

A pose

Eu e a minha prima posando para a fotografia. Teríamos dez anos? Pouco mais. As duas, lado a lado, junto a um apoio de praia circular que havia naquela época. Era de madeira e assentava sobre estacas. A fotografia só mostra as estacas mas lembro-me bem.

Eu e a minha prima posando para a fotografia de biquíni. O dela era azul-escuro. O meu era azul-claro. Claro como o azul do céu. Como a boina que eu tinha nesse dia. Como o padrão que enfeitava o fundo cor de laranja de um vestido de praia que eu usava sobre o biquíni. Era um vestido de pano turco, aberto à frente. Fechava com molas mas, naquele momento, no momento da pose para a fotografia, estava aberto deixando ver o biquíni.

Eu e a minha prima posando para a fotografia. Ela muito direita, sem artifícios. Eu de mão apoiada na anca, de pernas ligeiramente afastadas, cabeça inclinada. Eu, verdadeiramente posando para a fotografia. Achando-me especial. Estrela. Modelo. Tudo na pose. Uma pose que ficou estacada ali na areia da praia e que a minha mãe colou, depois, numa página do álbum de fotografias. Uma pose que ficou guardada, fechada todos estes anos, até que hoje parei nela o meu olhar. Fixei-me naquela pose. Pequena pose de vaidade, “meia-leca” de gente vestida com cores de verão quando a vida era leve e eu sonhava com o mundo.

Eu e a minha prima posando para a fotografia. Uma pose guardada para sempre no álbum de novo fechado.

Agosto - foto do dia #15. Pronto, preparado



Pronta para cumprir mais um programa de lavagem. É assim quase todos os dias. Nem o feriado escapa.

sábado, 11 de agosto de 2012

Agosto - foto do dia #11. Púrpura


Quente



Pensei vir aqui escrever sobre o calor que se abateu sobre nós. Pensei nisso porque impensável é colocar um pé fora de casa a esta hora. Fazê-lo é levar com um peso implacável sobre os ombros. Até o vento sopra línguas de fogo. Então pensei vir aqui escrever sobre o calor. Mas custo a deslindar as teclas que, uma a uma, se derretem. Já nem percebo a que letra corresponde cada uma delas. O teclado está feito numa papa. O monitor começou agora a derreter e o azul da Microsoft Word já escorre pelo tampo da secretária. Não tarda chega ao chão como se fosse um rio de lava. Pensei vir aqui escrever sobre o calor que se abateu sobre nós e percebo agora que devo deixar um aviso. É provável que em segundos este post entre em combustão.