Já eu abria a porta do carro
quando ouvi o homem dizer nas minhas costas, é uma boa máquina…. Olhei para trás, na dúvida. Não devia ser para
mim. Mas era. O homem olhava-me sorridente e confirmava com o queixo apontado
para o carro, é uma boa máquina, essa. A
minha filha tem um igual; o dela é de 2008. Então eu, meio encavacada, a
retribuir o sorriso, fui espreitar a matrícula para recordar o ano do carro,
coisa a que tão pouco ligo que nunca sei. Também é de 2008. E o homem rejubila, é igualzinho, a mesma cor e tudo. Enquanto
me sento e retiro a pala protetora do sol ainda lhe digo que o meu já tem ali
umas mazelas na tinta da porta do condutor. Que sim, o da filha também, mas é
coisa pouca e o que interessa é que é uma boa máquina. Enquanto fecho a porta e
aperto cinto, ele chama pelo cão que andava a passear e despede-se rumo a uma
das casas do passeio do lado oposto. Arranco e sigo para os meus vinte e cinco
quilómetros de trajeto diário para regressar a casa. Não sei se já teria visto por
ali anteriormente o meu interlocutor. É provável que sim. Afinal, o homem é meu
vizinho já que estaciono naquela rua quase todos os dias de manhã e só de lá
saio pela tarde. E, entre vizinhos, um
carro é tão bom tema de conversa quanto o é o estado do tempo.
cenas do quotidiano escrita de uma maneira sublime.
ResponderEliminarboa semana.
beijinhos
:)
E eu a pensar que a bela má´quina era fotográfica...
ResponderEliminarUm beijo.
Uma conversa com os vizinhos deve acontecer de vez em quando .
ResponderEliminarAbraço
nunca chego a tantas palavras com os meus vizinhos,
ResponderEliminarmas tenho pena :)
Luisa sempre pensei ao ler de inicio que se ia referir à sua máquina fotográfica que está no meu imaginário, a Luisa com o seu talento para a fotografia e a companheira inevitável a máquina fotográfica.
ResponderEliminarMas era o automóvel... :)
A palavra máquina levou-me à fotografia ... a seguir à sua beleza e afinal ... algo simples que todos gostamos de ter!!!bj
ResponderEliminarDois dedos de conversa com um vizinho é sempre coisa boa, eu gosto.
ResponderEliminar~CC~
Tem sorte:). Pela máquina. E por não ter marcas da condutora na chapa:).
ResponderEliminarexcelente pretexto para um bocadinho de conversa, num dia tão soalheiro.
ResponderEliminarboa noite, Luísa.
às tantas, se não fosse a máquina, seria outra coisa o motivo da conversa, o senhor deve gostar de uma prosa :)
ResponderEliminarE porque não?
ResponderEliminarDesde que se mantenha um bom diálogo, porque não?
Assim se começa um belo tema, e quem sabe uma amizade futura
ResponderEliminarÀs vezes, as pessoas só precisam trocar duas palavras com outro ser humano, para terem a certeza que não são invisíveis.
ResponderEliminarAbraço
Piedade,
ResponderEliminarCenas do quotidiano e um simples relato. Obrigada. :)
João Menéres,
Não se tratava dessa, não. :) E eu que nunca pensei no meu carro como uma “bela máquina”…
Alfacinha,
Sem dúvida. Eu é que nunca tinha pensado nas pessoas da rua onde estaciono como minhas vizinhas… :)
Laura,
A conversa foi breve. Eu também sou mais do tipo calado. :)
Meu Velho Baú,
Era dia de trabalho. Nesses dias a máquina fotográfica costuma descansar em casa. :)
Gracinha,
Vivemos em tempos de máquinas, quase as incorporamos… :)
CC,
É uma coisa boa e deveríamos exercitá-la mais. :)
Bea,
A noção de bela para esta máquina pode ser relativa, e olhe que sim, que esta já lá tem marcas da minha aselhice. :)
Mia,
Um bocadinho deste tipo de conversa por dia… Nem sabemos o bem que nos fazia. :)
GM,
Pois devia gostar, sim… :)
Pedro Coimbra,
Conversar é preciso. :)
Anita,
Amizade não digo, mas convivência de rua… Embora, desde aquele dia não tenha voltado a encontrar-me com o senhor. :)
Elvira,
Isso que diz é tão verdade. Na nossa atual forma de vida, sobretudo nas cidades, a solidão cresce como erva daninha.
Também eu pensei que o senhor se referia à máquina fotográfica...
ResponderEliminarDe qualquer modo e acima de tudo encantam-me estes textos tão simples e realistas, quanto com uma boa dose de verdadeira literatura.
Parabéns e se for o caso, continuação de boas conversas entre vizinhos, para além da incontornável meteorologia e da "boa máquina"...
Abraço