Quando chegou a milésima segunda noite e todos os leitores
dos quatro cantos do mundo temiam pela vida de Scheherazade, esta foi acordada
como sempre pela sua irmã Dinarzade que, bem antes do sol nascer, lhe pediu para contar a história das misteriosas pedras em forma de coração, que o mercador
Bendredi Ali tinha, anos atrás, trazido ao porto da cidade e que elas, com seu
pai, tinham comprado e guardado num grande frasco de vidro. Scheherazade
perguntou ao sultão se lhe permitia contar mais esta história. Tendo Schahriar consentido,
pois andava já irremediavelmente viciado nas histórias de Scheherazade, ela
começou assim:
Segundo Bendredi Ali, aquelas pedras coração tinham-lhe sido
vendidas por um mercador chamado Adir, vindo das costas atlânticas. Adir teria
recolhido dezenas daquelas pedras, de cores diversas, nos areais do reino de
Atlantis onde se contava que eram mulheres encantadas.
Em tempos antigos, vivia naquele reino um príncipe chamado
Mar-Hà-Já que se apaixonou por uma bela mulher plebeia. A jovem também se
enamorou do príncipe e encontravam-se em segredo na praia, ao abrigo das
rochas. Na verdade, existia um grande obstáculo ao seu amor. A jovem estava
prometida a um grã-vizir das Índias Orientais como forma de pagamento de uma
dívida de seu pai, e em breve seria levada dali pelo futuro marido. A única
solução seria fugirem para um reino distante e assim pensaram fazer. Porém, duas
meias-irmãs da jovem plebeia, roídas de inveja por não terem elas conquistado o
coração do belo Mar-Hà-Já, denunciaram os planos dos dois amantes ao
grã-vizir. Na noite da fuga, brilhando a
lua cheia sobre os rochedos da praia, a guarda armada do grã-vizir das Índias
Orientais intercetou o casal que, para escapar, correu mar a dentro
desaparecendo da vista dos seus perseguidores...
Neste ponto, estando o dia a despontar, Scheherazade não
pôde continuar a história e agora não se sabe se sobreviverá à milésima
terceira noite.
Uma história de encantar!
ResponderEliminarTambém tenho uma pedra em coração e que neste momento não sei onde está! Vou procurá-la.
bjs
o amor, que transforma a mais dura pedra num coração, encarrega-se de a salvar.
ResponderEliminarPois, são histórias em cadeia, por isso ela não morre; deixa sempre algo que vai completar no dia seguinte:). Vive do vício do sultão.
ResponderEliminarAh! O amor transforma corações de pedra... amorosamente...
ResponderEliminarAbraço.
Gostei muito desta história de encantar.
ResponderEliminarBfds
Uma história onde o amor fica gravado para sempre!?
ResponderEliminarGosto do olhar!!!bj
Tenho para mim que Mar-Hà-Já e a sua amada se fundiram com o mar e conduzidos pelas ondas, maré após maré, vão rolando e esculpindo as pedras até que que elas tomem a forma de coração... :)
ResponderEliminarpapoila, Tétisq, bea, alexandra g., Célia, Pedro, Gracinha:
Muito obrigada por terem parado por instantes nesta pequena praia...
Que linda história de amor...
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