domingo, 8 de outubro de 2017

Do poema


Do poema

O problema não é
meter o mundo no poema; alimentá-lo
de luz, planetas, vegetação. Nem
tão-pouco
enriquecê-lo, ornamentá-lo
com palavras delicadas, abertas
ao amor e à morte, ao sol, ao vício,
aos corpos nus dos amantes -

o problema é torná-lo habitável, indispensável
a quem seja mais pobre, a quem esteja 
mais só
do que as palavras
acompanhadas 
no poema


Casimiro de Brito
in Telegramas, 1959

[colhido em  Algarve: 12 poetas a sul do séc.XXI, Livros Capital, 2012]

8 comentários:

  1. Acho que vou roubar...
    Bom domingo, Luísa:)

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  2. Obrigada pela partilha
    É lindo,
    Uma Boa semana

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  3. O problema não são as contradições
    é resolve-las

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  4. Um poema muito interessante, de um poeta que não conheço.
    Abraço e uma boa semana

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  5. Não conheço o poeta, mas gostei muito do poema!

    Beijinho e boa semana Luísa.

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  6. ana,
    Faz isso, sim. Há palavras, poemas, que se agarram a nós e o que querem mesmo é ser roubadas. :)

    Meu Velho Baú,
    Gostei muito deste poema. Tive de o trazer para aqui. :)

    Mar Arável,
    Provavelmente nunca se resolvem.

    Elvira,
    É um poeta da minha terra, natural de Loulé.

    Adélia,
    Então fico contente por tê-lo dado a conhecer. :)

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  7. Poética imagem a ilustrar um belo poema!

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