Leio debaixo do telheiro onde os pardais ocupas já se
acomodaram para passar a noite. Aproveito a pouca claridade que ainda resta do
dia a declinar. Dispenso-me de acender a luz na vã tentativa de não atrair
tantos mosquitos. De nada me vale o estratagema porque até nas páginas do livro
vêm pousar. São mosquitos leitores, deduzo. Nas paredes atrás de mim as osgas
posicionam-se para a caça. Alimento a esperança de que os mosquitos lhes
constituirão o repasto. São duas osgas. Os mosquitos, concluo, são muitos mais
e nem as osgas dão conta deles. Não há sopro de vento. Os tweets das andorinhas
já pararam faz tempo deixando o palco para as cigarras que cantam, ruidosas,
num verdadeiro desconcerto. Um avião sobrevoa o meu espaço aéreo. Anoitece. Assumo
que perco a guerra contra os mosquitos não sem antes fechar o livro na cara do
último que me ataca. Ficou a saber que o livro é meu e que não estou disposta
sequer a emprestar-lho.
Isso mesmo. Assim é que é.
ResponderEliminarCom tanta interferência abusiva nem sei como consegues concentra-te na leitura, Luísa. Bolas!...Osgas, melgas, passarada e ainda para cúmulo dos cúmulos, um avião ocupando o teu espaço aéreo? É demais!
ResponderEliminarBeijo. :)
Magnifico relato, sob o telheiro, ao anoitecer, tendo o "livro" como protagonista e os "mosquitos" como pano de fundo, incluindo os pardais, as osgas, as andorinhas, as cigarras e até um avião.
ResponderEliminarSó como nota pessoal: adoro a natureza, que como quase tudo o mais na vida também esta última contém as suas detestáveis excepções, a exemplo de melgas e mosquitos; do mal, o menos que os pardais e as cigarras não me incomodam, enquanto as osgas e as adoráveis andorinhas até consomem melgas e mosquitos _ ainda que não toda/os!
Belo anoitecer... Perfeito relato entre o natural e a natureza.
ResponderEliminarAbraço.
ResponderEliminaro desconcerto das cigarras!
achei engraçado Luísa, habitualmente são descritas como grandes compositoras de sinfonias!
também as acho um pouco desafinadas!
o teu texto é muito agradável,,
Angela
Abusadores esses mosquitos que nem deixam apreciar esse final de dia tão bonito
ResponderEliminarGosto dos fins inesperados dos seus pequenos textos!
ResponderEliminarQue inferno! Sou daquelas pessoas que os mosquitos escolhem como "amiga de peito" picam-me e faço umas borbulhonas enormes com comichões irritantes este ano comprei e uso repelente no corpo exposto e insecticida no ambiente, na rua velas citronella, como se pode ver estou armada para a batalha!!! Tem dado resultado.
ResponderEliminarAdorei o texto.
bjs
Bea,
ResponderEliminarAh, pois… Quem que ele (o mosquito) pensa que é? :)
Janita,
Lá está, os mosquitos venceram-me. Tive de sair dali. :)
Victor,
Não se aguentam, este ano, os moquitos! Sou muito amiga da natureza, mas há bichinhos que não suporto.
Célia,
Os finais de dia têm para mim um especial encanto. :)
Ângela,
Por vezes as cigarras são de ensurdecer uma pessoa, mas sempre têm um poder de atração sobre mim. :)
GM,
Este ano tem sido uma verdadeira guerra. Há demasiados mosquitos por aqui.
LuisY,
E eu fico feliz com isso. Obrigada. :)
Papoila,
Acho que vou também precisar de um repelente para passar no corpo. Os danados estão insuportáveis.
Acredito que esse último mosquito fique para a posteridade, a marcar uma página. Não é assim tão mau, para um mosquito leitor, e o texto ficou muito bom. :)
ResponderEliminarQuando um mosquito ( ou mosca) pousa no meu livro pergunto-lhe logo:
ResponderEliminar- Estás a precisar de óculos para teres de ler assim tão perto?
Boa noite!
Teresa,
ResponderEliminarO energúmeno foi rápido a voar. Saiu dali a mil asas à hora. :) Obrigada!
Carlos,
Isso é coisa para o mosquito ir logo chatear um oftalmologista... Não deixa de ser uma boa tática repelente. :))
À parte os mosquitos e as osgas, temos um final de dia tão belo.
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