No texto “Testemunha” do livro “Abraço” José Luís Peixoto escreve que os seus avós eram uma lembrança emoldurada.
Assim também é o meu avô. Está emoldurado e pousado sobre a
pequena consola que se encontra na entrada do meu quarto. A moldura, de latão
dourado e envelhecido, embora comprada há apenas alguns anos, até tem o design
art déco da época em que o retrato lhe foi tirado. É a única fotografia que
temos do meu avô e a única que eu vi dele. Não sei se na família alguém tem
outra. Desta todos os irmãos e irmãs da minha mãe têm uma reprodução que
mandámos fazer em tempos. A
fotografia original ficou na minha casa. É mais pequena do que as reproduções.
É daquelas fotografias que antigamente se coloriam à mão. Assim, sobre a
consola da entrada do meu quarto, está o meu avô em traje militar num cenário
florido de jardim de estúdio. Apoia a mão direita numa cadeira enquanto a esquerda
segura uma espada que, por sua vez, se apoia no chão. A mão que se apoia na
espada calça uma luva branca cujo par está entalado no casaco da farda, junto
aos bolsos que lhe assentam no peito.
Não conheci o meu avô. Ou se o conheci não tenho lembrança
dele que ficasse dos três anos que faziam a minha idade quando ele morreu. Só
tenho mesmo esta lembrança emoldurada de um garboso soldado junto a delicadas
flores de cores pálidas.
Tenho esse livro de José Luís Peixoto para ler, que estive para levar até à feira do livro, mas ainda bem que não o fiz: a bicha para o autógrafo era descomunal e não teria paciência para esperar tanto tempo... :)
ResponderEliminarO meu avó paterno nem a lembrança emoldurada chegou: pescador de origem modesta existem umas duas fotografias já meio desvanecidas, onde nem a cara dele se vê muito bem, além que morreu novo, aos trinta e tal anos. Vale que dos avós maternos tenho algumas, até porque foram sempre mais chegados e deixaram muita saudades quando partiram... ;)
Beijocas!
O meu avô paterno não conheci, mas seria difícil porque o meu pai ficou orfão por volta dos 6 anos e foi criado por um irmão mais velho, no entanto, tive a sorte de ter avô materno até aos meus 36 anos e tenho várias fotografias, dele e com ele... não muitas porque ele não gostava muito de ser fotografado ;)
ResponderEliminarBjos
Curioso, também tenho uma fotografia do meu avô paterno, em traje militar, mas sem espada e sem luva branca, e apoiado numa mesa alta e de boné na volta do braço. Também fiquei com o original e mandei fazer reproduções para a minha tia e para o meu primo.
ResponderEliminarMas o meu avô nunca o conheci porque ele morreu anos antes de eu nascer...
Isa,
ResponderEliminarTeté,
Na verdade também não conheci o meu avô paterno já que ele morreu quando o meu pai ainda era criança. Mas desse nem fotografia tenho...
Eu tenho essas fotografias relativamente aos meus bisavós. E um deles tem uma história de vida fantástica, combateu na 1ª GGM, foi capturado pelos alemães e conseguiu fugir três vezes, acabando por emigrar para os EUA, onde acabou por falecer.
ResponderEliminarNão conheci o meu avô materno, mas ouvi contar tanto sobre ele, que quase me parece que o conheci.
ResponderEliminarNaná,
ResponderEliminarÉ engraçado como há detalhes semelhantes em vidas distintas. :)
Rafeiro Perfumado,
Uma vida quase de herói de filme... :)
Gabi,
É porque quem fala sobre ele o faz com verdade e sentimento, com certeza :)
Oh... o Abraço traz-nos coisas maravilhosas, a cada um as suas lembranças... =)
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