Fui estender roupa. Assim a olho e a braço estendi uns vinte metros lineares de roupa. Estendi-a nas duas cordas que estão debaixo de um telheiro que tenho nas traseiras. Ainda sobrou algum espaço de corda livre. Enquanto estendia a roupa pensava na sorte que tenho por poder estender tanta roupa de uma só vez, sem ter de encavalitar peça sobre peça. Pensava nas pessoas que vivem nas cidades, em pequenos apartamentos, com minúsculos estendais de abrir e fechar a ocupar marquises. Nas minhas extensas cordas, esticadas de parede a parede, ao lado das casinhas de arrecadação, até dá gosto estender roupa. Caminho de uma ponta à outra da corda, para cá e para lá, entre o local onde pouso o alguidar, junto ao cesto das molas, e o espaço destinado à peça de roupa que vou estender. Chega a ser um verdadeiro exercício físico. Fui estender roupa e agora vim para aqui escrever sobre o meu estendal. Que interesse poderá ter eu escrever sobre um estendal? Nenhum. Bem sei. Mas pensando bem o estendal está ali, nas traseiras da casa e faz parte do meu dia a dia. Sempre que vou estender roupa faço-o de forma mecânica, em gestos repetidos, sem conta. Mas nesses momentos, no entanto, o pensamento fervilha. Passam-me milhentas ideias pela cabeça. Recapitulo o dia. Enumero mentalmente os afazeres que no dia seguinte não poderei adiar. Rumino pequenas raivas. Sorrio lembrando as graças que me alegraram. Vejo as estrelas que brilham no alto da escuridão da noite. E ultimamente ouço um grilo que se escondeu por ali, nalgum recanto que não consigo identificar.
Afinal é tanta coisa que vivo junto ao meu estendal.
Claro que um estendal é importante e eu bem gostava de ter um igual ao teu, ainda à pouco tive que ir apanhar a roupa depressinha porque uma nuvem resolveu que havia de molhar a roupinha que estava quase toda seca... sem telheiro tenho que andar sempre à espreita :)
ResponderEliminarBjos
Um estendal... aí está uma coisa de que não gostaria de ter. O estendal aqui no inverno... coitadinho... ficava todo... gelado! As secadoras de roupa foram uma das melhores invenções!
ResponderEliminarEstou noutro computador.
ResponderEliminarNo meu meu não consigo comentar
e deixar
as minhas cordiais saudações.
Bom fim de semana!
Uma vantagem que eu não tenho e invejo :)
ResponderEliminarbeijinhos
Nos lugares menos improváveis tomam-se decisões importantes, e a estender roupa, somos apenas nós ela e o estendal... eu também acho que pode ser um lugar de reflexão.
ResponderEliminarBj
Tenho a mesma sorte e partilho esse seu sentir. Enquanto estendo vou vendo o crescimento das plantas ou flores nos vasos quando o faço pela manhã é um cheirinho a terra humida...para além de que tenho sempre perto um companheiro fiel . o meu cão. faz o percurso de um lado para o outro comigo.
ResponderEliminarÉ engraçado que para lá desses pensamentos que tens a estender roupa, muito semelhantes aos de todos nós (atrevo-me a dizer, sem a parte "do meu estendal ser tão bom"!), o mais nítido que tenho é uma preocupação com meias. Qual é o par desta? Não encontro? Mola vazia ao lado, que até esvaziar o alguidar pode aparecer...
ResponderEliminarE é tão mais fácil quando as meias já estão emparelhadas lado a lado! :D
Beijocas!
Gostei deste sorriso que nos trouxeste.
ResponderEliminarDesta simplicidade das coisas reais que podemos fazer com que sejam prazeirosas.
Deste pensar a vida enquanto fazemos outras coisas!
Sabes?! Fizeste um post lindíssimo.
Beijos,
Fiquei com inveja desse estendal :)
ResponderEliminarLuisa, eu sou daquelas que já viveu de tudo no que a estendais diz respeito: na casa dos meus avós o estendal era feito com troncos de acácia e havia espaço à farta... depois vivi em dois apartamento e estendia num espaço minúsculo, com a roupa encavalitada.
ResponderEliminarHoje dou graças por ter um estendal que é um meio termo entre os dois anteriores.
Mas tenho saudades do estendal da casa do avô... os troncos ainda lá estão, quais ruínas de tempos de outrora...
E sim, também o meu pensamento divaga e fervilha!