Até breve.
quarta-feira, 30 de maio de 2018
domingo, 27 de maio de 2018
sábado, 26 de maio de 2018
quinta-feira, 24 de maio de 2018
quarta-feira, 23 de maio de 2018
A senha
Fui ao banco. A dependência
renovada apresenta-se com salão de espera para clientes que, refastelados nos
sofás, olham para um ecrã gigante (gigante ao ponto de ocultar da vista geral
os dois balcões de caixa) onde seguem o evoluir das senhas. Pois. As senhas. As
senhas que quase foi necessário um curso para tirar. A renovada dependência tem
agora um dispensador de senhas com teclado touch
que requer a introdução de um número de identificação do cliente antes de
prosseguir para a seleção do serviço pretendido, antes de indicar se é de
atendimento prioritário, antes de confirmar que quer imprimir. Vale que um
seleto funcionário veio em socorro da mulher que entrou à minha frente,
mantendo-se no posto para, também a mim, me explicar todos os passos a seguir.
Lá inseri o número de contribuinte – para melhor gestão de clientes, explicou o
bancário. E por aí adiante com os dedos a martelar no novíssimo ecrã do
dispensador de senhas. Já sentada frente ao painel eletrónico, aguardando a
chamada, senti uma estranha saudade de uma fila única, simples, sem requisito
de senha.
segunda-feira, 21 de maio de 2018
domingo, 20 de maio de 2018
Trópicos
Enquanto edito a centena de fotografias batidas ao sol da
manhã, escurece o céu, levanta-se o vento, explode o trovão e desaba a chuva. A
casa está quente e deixo a porta do escritório aberta sobre a varanda. Uma
cortina de água turva ligeiramente o ar, embate com força no muro, alaga do chão o terraço. Calaram-se os pássaros e entra por aqui um forte cheiro a terra.
Imagino-me nos trópicos equatoriais pelo escasso tempo de uma trovoada de maio.
sexta-feira, 18 de maio de 2018
Escâncara
Enquanto lhe lavavam a cabeça, a senhora das sapatilhas
amarelo vivo com pintas pretas resolvia assuntos ao telemóvel. O salão,
pequeno, deixava que todos ouvissem o que dizia. O modo altifalante do aparelho
obrigava a que todos ouvissem a totalidade da conversa. Bolas. Com tudo assim escancarado, nem sobrou sequer uma
nesga de espaço para a imaginação.
quarta-feira, 16 de maio de 2018
domingo, 13 de maio de 2018
sábado, 12 de maio de 2018
Uma enfermidade incurável e pegadiça
-Ai senhor! – disse a
sobrinha, bem os pode vossa mercê mandar queimar como aos demais, porque não
seria novidade que, tendo sarado o senhor meu tio da enfermidade cavalheiresca,
em lendo estes lhe aprouvesse fazer-se pastor e ir-se pelos bosques e prados,
cantando e tangendo, e, o que seria pior, fazer-se poeta, que segundo dizem é
enfermidade incurável e pegadiça.
Miguel de Cervantes, Dom
Quixote de la Mancha, Publicações Dom Quixote, 2017.
[no capítulo em que o cura e o barbeiro escrutinam os livros
de Dom Quixote, decidindo sobre o destino a dar-lhes]
terça-feira, 8 de maio de 2018
segunda-feira, 7 de maio de 2018
Agradecer
Ia eu a passar pela rua dos blogs, espreitando pelas janelas entreabertas, entrando discretamente nalguns deles,
descaradamente noutros, instalando-me até naqueles que mais aprecio para ler
devagar os postais do dia e os anteriores que porventura me tivessem escapado,
quando dou por mim posta na melhor das companhias pela mão da generosa Miss Smile. Logo se desenhou na minha boca um O de espanto feliz ao mesmo tempo que
olhei, inquieta, para a minha caixinha de palavras, tão vazia, tão pobre, tão
esgotada… Como poderei retribuir condignamente? À míngua de competência para me
chegar sequer aos calcanhares da senhora das Notas de Chá, não me resta senão,
simplesmente, agradecer.
domingo, 6 de maio de 2018
Passeio de domingo (407)
Sairei em breve para um passeio que há de servir um domingo próximo. Por hoje o passeio faz-se das flores colhidas ontem e que ofereço a todas as mães que por aqui passem.
Mães
(…)
As mães são as mais
altas coisas
que os filhos criam,
porque se colocam
na combustão dos
filhos, porque
os filhos estão como
invasores dentes-de-leão
no terreno das mães.
(…)
Herberto Helder
Mamãs
À minha
querida mamã
Ó terras de Portugal
Ó terras onde eu nasci
Por muito que goste
delas
Inda gosto mais de ti.
Fernando Pessoa
sexta-feira, 4 de maio de 2018
quinta-feira, 3 de maio de 2018
A mão
O homem de cinquenta anos e cabelo pelos ombros está à minha
frente na fila do supermercado. A seu lado a mulher conduz o carrinho das
compras. Trocam algumas palavras que nem ouço. Hoje só vejo. Vejo a mão direita
do homem enfeitada com cinco milímetros de aliança de aço trabalhado. Vejo-a
pousar sobre as costas da mulher e afagá-las suave e repetidamente.
quarta-feira, 2 de maio de 2018
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