Mil andorinhas juntaram-se esta
manhã na antena de televisão da casa da vizinha e no cabo de eletricidade que
ladeia o céu da minha rua.
Mil. Foi uma conta fácil de fazer,
assim num relance, nos escassos segundos em que olhei para a direita e depois
para a esquerda antes de sair do portão e me fazer à estrada. Eram mil
andorinhas numa agitação de asas ao primeiro sol da manhã. Não me pude deter na
observação do seu ajuntamento porque a vida me chamava para o lado oposto ao
evento. Mas levei comigo, pela manhã fora, a carga leve desta especial
melancolia de fim de agosto e uma alegria triste, própria das festas de
despedida. Sabia bem que no meu regresso a casa já não veria as andorinhas.