Saio de Faro na hora do meio-dia
como não é habitual. É a hora do sol que brilha em contraponto à noite que normalmente
me acompanha no regresso a casa. Nessa quebra de rotina quase estranha, conduzo
de alma leve gozando o céu azul e as poucas nuvens de algodão que o animam. E,
de repente, ali na rotunda, é o meu olhar que se anima por causa de meia dúzia
de garças que debicam a relva. Vejo-as apenas por breves segundos, o suficiente
para as levar comigo na retina e perceber como é bom e simples viver.
quinta-feira, 29 de outubro de 2015
quarta-feira, 28 de outubro de 2015
Luar. O do poeta e o meu.
O luar através dos altos ramos –
Dizem os poetas todos que ele é mais
Que o luar através dos altos ramos…
Mas para mim, que não sei o que penso,
O que o luar através dos altos ramos
É, além de ser
O luar através dos altos ramos,
É não ser mais
Que o luar através dos altos ramos.
Alberto Caeiro
terça-feira, 27 de outubro de 2015
Repetição
Caminho de novo, como dantes. Repito os recomeços tal como
noutras ocasiões. Caminho agora como já o fiz, ora com mais calor, ora com mais
frio mas sempre acompanhada dos sons e dos cheiros da noite. Caminho de novo
como quem não sabe fazer diferente mas que em cada passo renova o tempo.
quarta-feira, 21 de outubro de 2015
terça-feira, 20 de outubro de 2015
Leitura
Chegado à minha biblioteca com proveniência direta do
encontro de bloggers de domingo
passado [obrigada Isabel], peguei-lhe hoje com jeito. Folheei-o. Gosto de espreitar
o ar com que se apresentam as páginas, os espaços, as palavras. Só depois
começo a leitura.
“Livros”, leio num título. Começo por esse.
Rodopiou pela sala e,
ao de leve, passou os dedos pelas lombadas dos livros. Como se de um piano se
tratasse. Tal e qual. Os dedos ali a deslizarem pelo dorso das imensas
histórias que ecoam pelas paredes da casa.
(...)
Já percebi que vou gostar.
segunda-feira, 19 de outubro de 2015
Pessoas, palavras e flores
A convivialidade à volta da mesa é uma coisa bem nacional. E
foi assim, num mundo bem português, que estive no convívio.
Trouxe de lá pessoas de que não me irei esquecer, palavras
que ouvi e outras que vou ler, uma flor de jardim para perfumar o sentido do
amizade, da diferença e do respeito.
domingo, 18 de outubro de 2015
Passeio de domingo (278)
Passeio por ruas velhas de Faro. Agendado previamente para este
domingo em que viajo do virtual para o real. Ou vice-versa.
sábado, 17 de outubro de 2015
O encontro dos mundos
Esta é uma história quase fantástica. É quase como aquelas histórias
que lemos nos livros ou assistimos nos filmes de fantasia ou de ficção científica, em que as
personagens atravessam para mundos paralelos. Pode ser por uma brecha num muro,
pode ser num vórtice… Elas tocam uma pedra, pronunciam palavras mágicas, ligam
um motor qualquer, voam no dorso de um dragão, sei lá.
Nesta história, que é uma história de mundos virtuais e de mundos reais, em que
a cada personagem corresponde um mundo, conta-se que, certo dia, alguns desses
mundos decidiram reunir-se. Entre o real e o virtual, do virtual para o real
vão operar-se passagens. Serão, porventura, passagens mais comezinhas. Bastará
para alguns contornar uma esquina e apanhar um autocarro, outros preferirão o
comboio, outros ainda não dispensarão o automóvel e outros, por fim, poderão
ter de caminhar alguns metros para se apresentar ao encontro marcado.
Desta esquina onde virtualmente me instalei, viajo de mundo
em mundo a cavalo num rato. Amanhã, porém, embarcarei rumo ao mundo real numa
aventura de descoberta de outros tantos mundos.
quarta-feira, 14 de outubro de 2015
terça-feira, 13 de outubro de 2015
O termómetro
Vê lá se tenho febre, pergunta-me uma colega no trabalho. Vai,
não vai, chega à minha sala em sobressalto achando que está a ficar adoentada.
Eu, como se faz às crianças para uma primeira avaliação, aplico a técnica das
costas da mão. Coloco a direita na minha testa e a esquerda na dela.
Concentro-me. Comparo. A temperatura é idêntica. Eu não tenho febre. Ela também
não. Medição concluída. A cena, regularmente repetida, deixa-a sossegada e
revela-me uma inesperada vocação de termómetro.
segunda-feira, 12 de outubro de 2015
Blogomúsica
Por estes dias, a dona dos Jardins de Afrodite celebra o
terceiro aniversário do blogue e pede-nos, literalmente, para lhe darmos música.
Eu, que aprecio a sua simpatia e dedicação, já mandei a minha escolha para participar
no desafio musical que ela está a organizar e que pretende promover a interação
de quantos bloguistas queiram associar-se aos festejos. Ela explica tudo aqui.
domingo, 11 de outubro de 2015
terça-feira, 6 de outubro de 2015
Vazio
Há em mim um vazio, como um espaço em branco que não se
preenche. Como uma palavra que não se encontra. Como uma história que já se
esqueceu e não se pode mais contar.
Há em mim um vazio que vou riscando a lápis num pequeno
caderno. Risco palavras atrás de palavras. Experimento-as umas junto às outras.
Não servem. Altero-lhes a posição. Não servem. Risco-as em desalento. Resiste o
vazio.
domingo, 4 de outubro de 2015
sábado, 3 de outubro de 2015
Espinhos
Há um tempo morno.
Há caminhos secos.
Há espinhos à flor da pele.
Escuta…
Ouço-os gritar.
Em silêncio.
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