Fui à florista da praça comprar algumas flores com a
intenção de preparar um pequeno arranjo para a campa da minha mãe. A azáfama
era grande. Bastante clientela, coroas e palmas a fazer e as floristas sem
mãos a medir.
Junto às mulheres que se atarefavam, estava também um homem que
se disponibilizou para me atender. Escolhi um molho de margaridas, cinco gerberas
e cinco pés de verdura. Entreguei-lhe tudo para que embrulhasse e fizesse a conta.
Começou por colocar os fios de arame nas gerberas. Via-se
que os seus dedos não tinham muita habilidade para a coisa. Quando terminou de
colocar os arames juntou tudo e começou a atar os pés das flores com um fio. Ao
levantar o ramo percebeu que tinha atado também outras flores que se
encontravam sobre a mesa mas que não me pertenciam. Desfez o atilho e
recomeçou. Pelos vistos os arames das gerberas estavam frouxos, porque voltou a
contorcê-los um a um.
Por essa altura comecei a ficar com calor. Havia bem uns dez
minutos que a cena se desenrolava e comecei a sentir falta de uma pequena dose
de paciência. Respirei fundo, olhei para o lado e esperei. O homem embrulhou os
pés das flores num pedaço de papel de alumínio e entregou-me o molho enquanto
eu lhe estendia uma nota para pagar.
Mal agarrei no ramo, soltou-se uma gerbera
do atilho que nada atava. Com os nervos em franja devolvi as flores a uma das
mulheres que se viu obrigada a interromper o trabalho que fazia para resolver o
meu caso. E resolveu-o num instante, no tempo que o florista necessitou para me
fazer o troco.