quinta-feira, 11 de abril de 2013

Costura


No tempo da costura havia um quarto onde as primas modistas tinham a máquina, a mesa, a régua, a tesoura e o lápis para marcar o tecido. Nem sempre era um lápis. Às vezes era com um pedaço de sabão azul e branco que desenhavam no pano as peças de roupa que iam fazer. Cortavam, alinhavavam com a linha branca, grossa, que se partia facilmente com um puxão.

No quarto da costura havia uma cama coberta com uma colcha colorida feita de mil e uma rosetas de croché. Eu sentava-me nela e ficava a ouvir as conversas das primas modistas.

Por vezes, ensinavam-me a chulear. Eu agarrava-me à agulha, à linha e às bainhas esforçando-me por deixar o ponto bem alinhado. Todo certinho. Também me ensinavam a casear. Para essa tarefa havia que ter ainda mais cuidado pois era obra que ficava à vista.

O tempo da costura foi substituído pelo tempo do turismo e outras tarefas melhor remuneradas passaram a ocupar as primas modistas.

Do tempo da costura não me sobrou muita arte. Encostei-me a quem a tinha e fiquei-me pelos indispensáveis arranjos caseiros. Pouco mais do que pregar um botão e remendar uma meias.


13 comentários:

  1. Luisa, Na minha adolescência a minha mãe fazia-me toda a roupa que eu escolhia, era um trabalho de equipa.
    Tirávamos os moldes da Burda, ela cortava e cozia eu enfiava as linhas nas agulhas porque ela via mal e chuleava.Foram tardes optimas e roupas fantásticas.
    xx

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  2. Belas memórias muito bem contadas!
    A minha mãe era uma artista nesta arte, a minha irmã herdou alguma da sua habilidade...eu nem um botão prego! :-))
    Ando a tentar aprender a tricotar sem "gatos"...

    Abraço

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  3. Luísa, sinto uma grande nostalgia desse tempo. Guardo recordações imensamente felizes. Nunca me soube tão bem um vestido novo, como nesse tempo. A facilidade exçessiva retira o encanto às aquisições. Acho que sou saudosista.
    Beijo

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  4. Lembro-me da minha mãe (tb ela Luisa) trazer sacos cheios de retalhos da nossa costureira, pois eu já nessa altura (uns 4-5 anos) me deixar fascinar pela costura. A minha mãe não sabia mais que alguns pontos simples, e foi por ai que aprendi. Na adolescência aventurei-me a fazer roupa para mim e costurar é das coisas que mais gosto de fazer... sempre foi!

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  5. Boas recordações!
    Eu cosi a bainha de umas calças (a da perna direita tinha-se descosido) há poucas semanas. Depois de as vestir umas duas vezes, vi que se tinham descosido outra vez! Linha fraca ou falta de jeito? Talvez a linha fosse muito fininha...
    Quis aprender a remendar peúgos com a ajuda de um ovo como me tinham sugerido. Achei graça às primeiras vezes. Já não remendo meias há anos. Talvez tenham uma maior longevidade hoje em dia...
    Abraço : )

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  6. Quando era miúdo costumava ir lá a casa uma costureira (o pronto-a-vestir chegou mais tarde) e eu lembro-me que gostava de dar ao pedal da máquina. Cheguei mesmo a partir uma agulha... o meu futuro como modista acabou aí.
    :)

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  7. Eu abracei a costura e a tenho como uma paixão e segundo ofício...um abraço!

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  8. Belas recordações!
    Também em casa dos meus pais, que tinha sido dos avós, havia o quarto de costura. Também aprendi um pouco dessas tarefas na juventude, embora confesse, um tanto contrariada. Hoje reconheço que bom jeito me faz!
    Pena não ter aprendido mais...
    Um abraço.

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  9. Gostei da história e da maneira como a contaste. Agora saudades desses tempos não tenho nenhuma. Aliás, nem os vivi! E odeio coser! A única coisa que coso são botões, muito bem por sinal: não quero voltar a cosê-los, portanto mais depressa rasga o tecido em volta do que eles caem... :)

    De agulha e linha só gostava do ponto cruz e ainda bordei umas coisinhas. Mas muito mais tarde! Depois de um grave "percalço" com um bordado nunca mais peguei! Mas admiro quem tenha paciência (jeito e gosto) para esses trabalhos... já que a minha é nula! ;)

    Beijocas!

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  10. Consegui ver a minha avó neste post, tinha uma máquina de costura com um pedal, sabia bordar e mesmo um simples remendo quando ela o fazia, era uma obra de arte.

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  11. A minha avó, mais tarde a minha empregada, é que tomavam conta dessas tarefas lá em casa.
    Agora é a empregada nas coisas mais simples e a lavandaria nas mais complexas.
    Bfds!

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  12. As tuas memórias, são também as minhas....ainda aprendi a fazer umas coisinhas.
    Aprendi mais a bordar,mas tinha-me feito mais jeito se soubesse mais de costura.
    ( para aprender uma coisa e outra, tive que pagar às mestras, assim se chamavam).
    Bjs e Bom Fim de Semana

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  13. Cresci com a minha mãe a costurar.
    Fez-me muita roupa.

    Daí o bichinho ter ficado e agora entrada nos 30 decidi que recuperar esses saberes.

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