O vento sopra os cheiros da encosta. No ar misturam-se os
aromas da figueira, do pinho e do tomilho. No céu pairam as gaivotas e sob os
meus passos ecoa o restolho da caruma. Pela vereda de terra avermelhada vou
descendo até chegar ao passadiço de madeira que me conduz ao areal. A concessão
de toldos ainda espera por quem ocupe as suas sombras enquanto nas zonas livres
se amontoam, desordenados, os guarda-sóis.
Circulo junto à falésia em busca de um local mais deserto.
Passo rente aos nadadores salvadores que conversam junto ao abrigo de madeira
onde arrumam os seus pertences. Um deles está recostado numa espreguiçadeira.
Despiu a t-shirt, ostenta a tatuagem que lhe floresce no flanco e entretém-se
com uma pinça depilando um a um os pelos do abdómen.
Junto à rebentação das ondas apressam-se homens e mulheres
em corridas desencontradas. Uns para leste. Outros para oeste.
Encontro por fim o sítio certo para estender a toalha. Largo
os chinelos e sento-me olhando o mar. Aproveito o tempo leve da manhã. Respiro.
descrição brutal (tirando a do nadador estar com a pinça, que coisa esquisita...)
ResponderEliminarbeijos e boa praia
Pois não tires essa parte Ana, porque a parte da pinça... foi assim mesmo :)
ResponderEliminarUm observar da faina até se chegar ao sítio certo. Tudo pausado, tudo tranquilo. Só assim se respiram os elementos de forma intensa.
ResponderEliminarBom texto, Luísa!
Beijo :)
Se ficas com o pelo encravado... quem te salva, nadador?
ResponderEliminar:)
Que bela descrição! Por momentos senti-me no Algarve...
Boa capacidade de observação e de descrição! :-))
ResponderEliminarManhã de esplanada a ler os jornais!
Abraço
Caramba, que Odisseia até encontrares finalmente um cantinho decente...longe do nadador-salvador metrossexual masoquista...lol
ResponderEliminarTeve sorte, Luísa. Por aqui a manhã esteve cinzenta e só a meio da tarde o céu se descobriu num azul pálido.
ResponderEliminarBom fim de semana