segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Uma palavrinha

Hoje até nem choveu. Então porque diabo é que não me saiu da cabeça uma certa palavrinha que, cá pelas bandas do Algarve, significa chover miudinho?
Que palavrinha? Nuvrinhar.
Não é linda?

domingo, 30 de janeiro de 2011

Passeio de Domingo (34)



Este foi um tanto ou quanto calórico... na Festa das Chouriças, ou Festa de São Luís, em Querença.




sábado, 29 de janeiro de 2011

Canção de embalar

Hoje, na horta

Desabrocham flores na horta, mas nem reparamos nelas. Pensamos que só o canteiro do jardim se embeleza para nos seduzir. Mas vejam... não é bem assim. Ao lado da salsa e dos coentros que hoje eu fui colher, vi flores que brevemente me hão de dar de comer.


... da fava


... do morango


... do maracujá

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Janeiro em Vilamoura



A chuva dominou o pó. Os carros migraram de regresso às suas cidades, deixando livre o terreno junto à ponte que me liga à praia. Eu fiquei com o inverno só para mim. Ou quase. Partilho-o com as aves que, vejo agora, são vaidosas e vêm fazer a "toilette" na água que sobrou do temporal. Gosto de as observar. São irrequietas e em segundos saltitam e voam até ao caniçal. Até gosto deste inverno. Olho-o de frente e vejo-o como pintado a pastel. Fico com ele emoldurado na retina e penso que também o inverno pode ser manso e encantador.

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Flores na beira da estrada



Já as vejo a sorrir para mim há algumas semanas. Primeiro era uma só. Depois foi ficando com companhia. Ao longo da estrada, em vários pontos, foram surgindo e foram ajudando a clarear os dias. Hoje então, com o peso escuro do céu e o frio que se fez sentir, só mesmo estas flores para levantar o ânimo. São íris que palmilham as bermas da EN 125. Colhi alguns exemplares com a objectiva e deixo-os por aqui.


sábado, 22 de janeiro de 2011

A vida secreta dos objectos - A leiteira de alumínio


Há quanto tempo eu não tomava um banho!
Ai como eu me sinto leve, hoje. Apesar das amolgadelas que tenho, apesar da minha tampa empenada e das dores que isso me provoca, só por ter mergulhado naquele lava-loiça cheio de água morna, com espuma cheirando a limão, eu fiquei quase como nova. Digo quase, porque já nada me traz a juventude de volta.
Ah belos tempos em que todos os dias, ao sol-posto, a miúda me levava até à casa da tia Bia para buscar o leite. Ainda me lembro de espreitarmos pela porta da cabana, onde o Tio Chico acabava de ordenhar a vaca. O leite ainda estava morno quando era medido e despejado no meu espaço de meio litro. E depois aqueles fins de tarde eram uma verdadeira festa. Encontrava por ali as minhas amigas leiteiras que vinham pela mesma hora reabastecer-se. Trocávamos dois dedos de conversa, ficávamos a par das novidades da vizinhança, era uma alegria. A miúda trazia-me, depois de volta a casa, com muito jeitinho para não entornar o leite. Era uma vida simples, mas harmoniosa. Quando a tia Bia acabou com o negócio do leite, fui deixando de ter serventia. A família passou a comprar o leite na venda, junto com o pão e as mercearias. Esse já vinha embalado. Arrumaram-me a um canto do armário. E lá fui ficando. Em mais de trinta anos só me lembro de outro momento de glória. Foi quando o filho dela participou num peça de teatro, lá na escola, e eu tive honras de adereço. Depois, foi o esquecimento total. Fiquei enfiada num canto da arrecadação, no meio de outros velhos cacos, acumulando poeira. Não sei porque carga de água é que ela se lembrou hoje de mim. Chegou intempestivamente, agarrou-me com um brilho no olhar, lavou-me e depois foi-me tirar o retrato.

Vá-se lá entender esta gente humana…

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Deriva continental

Mal posso esperar pela estreia desta explicação sobre a deriva continental. Este esquilo deixa-me mesmo bem disposta.

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Leve




Há dias em que eu gostava de ser leve. Assim como é leve o caracol. Então, vagarosamente, pelo junco, eu subiria. E encostaria a minha porta à folha fina. Depois, escorregaria até ao fundo de mim própria. E, embalada pelo vento, esqueceria.

sábado, 15 de janeiro de 2011

Só eu sei porque gosto tanto do Algarve (11)



Porque é onde o Inverno é mais folião. Passa os dias a mascarar-se de Primavera.



O livro

Quitéria ia pelo menos uma vez por semana ao hipermercado. Morava ali perto e o novo hábito de ir até ao vasto espaço comercial tinha rapidamente substituído o velho hábito de ir à mercearia que ficava no quarteirão a seguir ao da sua casa. Além disso, o hipermercado tinha outros motivos de interesse.

Quitéria entrava e detinha-se logo na primeira secção à direita, olhando demoradamente os escaparates dos livros. Ficava fascinada com as imagens das capas e com a forma e cor das letras que desenhavam os títulos. Gostava também de ver as fotografias dos autores que se apresentavam nas badanas ou nas capas posteriores dos volumes expostos. Agarrava um ou outro exemplar, folheava-o e admirava as letras que se alinhavam, certinhas, em palavras de diversos tamanhos que preenchiam cada página do livro. Depois, o tempo apressava-a e dirigia-se aos corredores dos produtos alimentares para, rapidamente, recolher aquilo de que estava a precisar. Passava na caixa, pagava e seguia com o seu passo manco, de regresso a casa.

Naquele Sábado, Quitéria demorou-se a folhear o livro que tinha, na contracapa, a fotografia da apresentadora de televisão que costumava ver todas as manhãs enquanto lidava na cozinha. Estava exposto perto daquele que trazia a fotografia do famoso jogador de futebol. De repente, Quitéria decidiu-se. Virou para a secção de papelaria e foi até à prateleira dos cadernos. Já ali tinha estado anteriormente. Sabia o que queria. Avistou o caderno de capa rija e vermelha, pegou-lhe e apressou-se a passar na caixa.

Em casa, sentou-se à mesa da cozinha, abriu o caderno e começou a sua obra.

Quitéria tinha aprendido, em tempos, a escrever o seu nome completo. Lembrou-se da professora que lhe elogiava a caligrafia. Quitéria desenhava as letras muito certinhas.

Quitéria Raminhos da Silva.

Da primeira à última página, inscreveu repetida e laboriosamente o seu nome. Quitéria Raminhos da Silva. Terminou ao final da tarde. Doía-lhe o pulso, mas estava satisfeita. Retirou da gaveta aquela fotografia em que gostava de ser ver e colou-a na capa vermelha do caderno.

Sorriu para si própria. Finalmente, também ela tinha escrito o seu livro.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Entardecer

Gosto de ver crescer os dias.
Vejo crescê-los na hora em que saio do trabalho, quando deixam de ser noite e começam a coincidir com o entardecer. O ar fica mais leve e, sempre que passo junto ao jardim da Alameda João de Deus, acerto na hora do concerto que as aves ali dão, nos ramos das mais altas árvores, sem que as consiga ver. São breves instantes, de um intervalo revigorante, entre o turno profissional e o turno familiar.

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

O baloiço

Naquele tempo, a rua da minha casa pegava com a rua da casa da minha tia. Juntavam-se numa faixa de terra, pó e pedras grossas. Daquelas pedras que fazem o barrocal algarvio. Naquele tempo, a rua da minha casa não era o caminho público, hoje feito estrada, que passa a sul. Era a rua como extensão da casa. O pátio.

A minha rua dava para as traseiras da cozinha da minha tia, um edifício separado do resto da casa. Dava também para as traseiras do forno onde se cozia o pão e se torravam os figos.

Ali, onde a rua tomava certa inclinação, erguia-se uma velha alfarrobeira e, para deleite das crianças, alguém entre os adultos tinha escolhido uma aba grossa daquela árvore para dependurar um baloiço. Um simples assento de tábua, preso por duas fortes cordas. Mas era suficiente para os meus alegres voos entre o rubro da terra e o azul do céu que se confundia, no horizonte, com o azul do mar.

Na sombra da alfarrobeira, sentada no baloiço, eu voava. Mas não via só o céu. Via também o lastro vermelho vivo de uma malva que crescia rente à parede de cal e areia da casa da minha tia.

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

A que cheira o Benfica?

Costumo usar no carro aquelas pequenas pastilhas de ambientador que se colocam num suporte, por sua vez enganchado nos ventiladores do tablier. O aroma que prefiro é o de baunilha. Hoje fui comprar uma nova embalagem ao supermercado, já que a minha reserva de pastilhas de baunilha se tinha acabado. No expositor encontravam-se os habituais aromas para automóvel. Para além da minha baunilha havia o cheiro a pinho, a campo, a frutas diversas… e havia também o aroma à Benfica. Isso mesmo. E, na embalagem, lia-se que ali estavam os aromas da natureza. Confesso que fiquei curiosa. Que aromas serão esses? Que novidade - quiçá científica - é esta da natureza ter em si “benficas de cheiro”? Ou serão “benficas-perfeitos”? Ou “brincos de benfica”? Ou “erva-benfica”? Bem olhei para o expositor e arredores para ver se também havia aromas à Porto ou à Sporting ou a qualquer outro aroma da mesma linha. Mas não. Só mesmo o aroma à Benfica.

Das duas, uma. Ou são aromas inexistentes na natureza ou são tão bons que até se encontram esgotados no mercado.

Por mim, vou continuar a usar baunilha.

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

A cabra



Porque olham assim para mim

Com esse ar de preconceito?

Uso brincos, e daí?

Sendo cabra, não terei esse direito?


Não percam a compostura

Ao fitar-me assim de lado

Saibam que não é loucura

Uma cabra usar brincos.

Ao menos eu me distingo

No meio do outro gado.


Olhem-se antes ao espelho

Para ver a vossa figura

E perceber que em todos

Pode haver algo diferente

Sem que isso mude a estrutura

Da massa que vos faz gente.

Publicado para a Fábrica de Letras que em Janeiro propõe o tema Preconceito.

domingo, 2 de janeiro de 2011

Passeio de Domingo (30)



O dia hoje foi mais de despedida dos que terminaram as suas férias por cá e regressaram a casa. Porque um passeio ao aeroporto não seria tão interessante, deixo aqui o passeio de ontem, emprestado ao Domingo. Foi a Paderne como atrás se ficou a saber. Saindo da Idade Média, subiu-se ao castelo e bordejou-se as margens da ribeira de Quarteira.




sábado, 1 de janeiro de 2011

Um brinde



Hoje é o primeiro dia de 2011, mas esta tarde fugi à realidade e fui até Paderne fazer de conta que vivia na Idade Média. Deixo aqui algumas poções que lá encontrei para brindar ao novo ano. Bem sei que algumas parecem assustadoras mas aquela que diz "poção mágica" talvez possa tornar os sonhos de cada um realidade. Se não for suficiente, ainda há mais uma dia de "Paderne Medieval"... Pode-se lá ir buscar mais.