Pergunto-me o que fará esta cigarra, imóvel nos degraus do meu pátio, enquanto no ar se ouve o som ensurdecedor do canto das suas irmãs.
Será que está a tentar estabelecer conversa com as formigas que se apressam no carreiro, ali mesmo ao lado? Se fizer desde já amizade com algumas delas, talvez, chegado o Inverno, lhe valha uma resposta diferente daquela que conhecemos da fábula de La Fontaine...
Tendo a cigarra em cantigas
Folgado todo o Verão
Achou-se em penúria extrema
Na tormentosa estação.
Não lhe restando migalha
Que trincasse, a tagarela
Foi valer-se da formiga
Que morava perto dela.
Rogou-lhe que lhe emprestasse,
Pois tinha riqueza e brio,
Algum grão com que manter-se
Té voltar o aceso Estio.
“Amiga, - diz a cigarra –
Prometo, à fé de animal,
Pagar-vos antes de Agosto
Os juros e o principal.”
A formiga nunca empresta,
Nunca dá, por isso junta.
“No verão em que lidavas?”
À pedinte ela pergunta.
Responde a outra: “Eu cantava
Noite e dia, a toda a hora.
- Oh, bravo! – torna a formiga;
Cantavas? Pois dança agora!”
O que faz?
ResponderEliminarExpõe-se para a tua objectiva que, mais uma vez, te faz brilhar.
Excelente.
Parabens.
Rog
Num tempo em que a natureza dá sinais de transformação, nunca se sabe se essa cigarra é uma das primeiras discípulas da mudança. Ou será, simplesmente, uma "cigarra negra"?
ResponderEliminarBeijo :)
AC e Rog,
ResponderEliminarNa verdade não sou muito entendida em cigarras. Só sei que esta esteve algumas horas absolutamente impertubável parada no meu degrau. Nem o sopro que lhe mandei para ver se ela saía dali a afectou minimamente. Se calhar era uma cigarra vaidosa e como a Rog diz no seu comentário só pousou ali para a fotografia. Mais tarde, quando saí de novo à rua, já não se encontrava... :)
Na volta andava à procura dum cigarro.
ResponderEliminarEl Matador,
ResponderEliminarSeria mesmo uma cigarra com vícios? :)))
Joni,
ResponderEliminarObrigada pela informação adicional