Ao
contrário do que costumo fazer, coloquei o guarda-sol o mais atrás
que que consegui. Escolho sempre a linha da frente, ali onde a areia
seca faz fronteira com a areia molhada, assegurando-me de que ninguém
me tira a vista sobre o horizonte e a rebentação das ondas, coisa
que nem sempre se vem a comprovar já que, depois de mim, outros
chegam com a mesma ideia e nem se importam do maior esforço que
precisam ter para enterrar o pau da sombrinha. Hoje, escolhi ficar de
observadora de todos quantos chegassem depois. Atrás de mim só a
barraca de apoio dos nadadores-salvadores, erguida sobre um pequeno
morro, a oeste do restaurante da praia. Para dizer a verdade, a opção
do lugar deveu-se sobretudo à vontade de querer ficar num recanto
que me pareceu mais abrigado do vento leve que soprava naquele
momento. Tenho sempre receio de que uma rajada mais forte me vire a
sombra e me obrigue a correr atrás de um potencial desastre.
Verifiquei depois que foi receio infundado. O vento não soprou mais,
não precisei sequer de segurar no chapéu de sol, as mãos
totalmente livres para virar as páginas da história que foi comigo
para a praia. Acabei por não observar, como pensei que faria, os
veraneantes que depois de mim foram chegando. Reparei, no entanto, no
homem que tinha uma cadeira sem sombra, três a quatro metros à
minha direita. Do excessivo sol que já tinha apanhado, ostentava um
forte bronzeado cor de vinho. Interpretei-o nórdico, pelo tom do
cabelo e pelo branco translúcido que imaginei para a pele escondida
sob os calções de banho.
Acontece mesmo que estejamos alheados de tudo há sempre um pormenor que nos chama a atenção , neste caso o homem da cadeira sem sombra.
ResponderEliminarComo sempre um belo texto.
Uma Boa Semana
Não fosse o pormenor da cor... :)
EliminarSeria o homem nórdico? O tom de cabelo ainda viste, agora o que imaginaste sob os calções, já são outros quinhentos...Ah, como a tua bendita imaginação viaja, Luísa! :)
ResponderEliminarEu achei que sim, Janita. Imaginamos sempre qualquer coisa observando os outros. :)
EliminarHummmmm tudo muito bom, mas essa imaginação por destro dos calções:)) kkkk
ResponderEliminarBjos
Votos de uma boa noite
Larissa, só imaginei o contraste da cor, nada mais. :)
EliminarEvidente que tivesse boas insinuações... Sol forte... bronzeado à vista... Muito bom!
ResponderEliminarAbraço.
Não era lá muito bom, não, Célia. :) Mas trivial o suficiente para contar aqui.
EliminarSetembro está a revelar-se um bom mês para férias e as vistas parece que também estão boas :)
ResponderEliminarAs vistas de mar, sim, GM. De mar. :))
EliminarUma conversa sob o sol. Na praia. O que mais sinto nesta aproximação encalorada de Outono é que, este verão, eu e a praia nos perdemos uma da outra. E a perspectiva de nos encontrarmos no futuro parece-me obscura. Tem a vantagem de invejar qualquer pessoa que vá sentar-se na areia sob o guarda sol com um livro na mão e mais nada para fazer.
ResponderEliminarSe não há praia, há campo. Até uma varanda na cidade, bea. Vale é descansar. :)
EliminarNão. A praia não me é apenas descanso. É antes um amor muito único e insubstituível. Para além de uma necessidade unilateral:). Ela vive bem sem mim, eu vivo mal sem ela:). Fazer o quê?!...
Eliminar-Sempre observando o que a rodeia.
ResponderEliminarAbraço
Quando desocupada, então... :)
EliminarAbraço, Elvira.
Um escaldão a caminho?
ResponderEliminarÉ essa a ideia que dá.
Aquilo já não era escaldão, Pedro. O homem tinha mesmo um bronzeado em tom de vinho. Uma coisa estranha, até. Por isso me chamou a atenção.
EliminarEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminarCada vez há mais informação disponível sobre os problemas da exposição negativa, a horas impróprias, ao Sol, mas penso que o ser humano naõ tem respeito por ele próprio e pelos outros. Por ele próprio porque pensa que está impune a um possível cancro da pele, ou uma insolação. Pelos outrso porque se contrair uma doença grave, o Serviço Nacional de Saúde, é pago por todos nós, os conscienciosos e os irreverentes estúpidos (passe a expressão !!!).
ResponderEliminarBem escrito Luísa. Gostei !
A hora do dia até não estava mal, que eu saí da praia pelas 11h30. O senhor bronzeado é que também deve apanhar sol noutros horários.
EliminarAtualmente não faço questão nenhuma em bronzear e na praia, fora os momentos em que vou à água ou caminhar, estou sempre à sombra.
Obrigada, Ricardo.
Ontem também estive na praia e o vento não me pregou nenhuma partida e o guarda -sol nem se mexeu.
ResponderEliminarCuriosamente também vi um homem estilo tomate, que me impressionou, geralmente são estrangeiros
Não entendo como com tantos avisos sobre cancros de pele ainda há gente que se expõe desta maneira.
https://existeumolhar.blogs.sapo.pt/
O mal ainda vem longe e ninguém quer pensar nele, Manu...
EliminarTambém gosto desses momentos... Bj
ResponderEliminarHá que aproveitar, Gracinha.
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