Estão
quatro pombas a descansar no cabo da eletricidade. É um cabo
esticado entre dois candeeiros públicos, um em frente de casa, lado
sul, outro nas traseiras, noroeste. Cada um na sua rua. São as duas
ruas perpendiculares que delimitam o meu espaço e que observo
enquanto me debruço sobre o muro de vedação. O vento agita as
árvores e faz balancear o cabo. Estremecem levemente as penas das
pombas que se aguentam em síncrono equilíbrio. Reparo no ramo
quebrado de uma alfarrobeira, nos estilhaços de um prato que alguém
atirou para a berma da estrada, nos destroços que ficaram junto ao
contentor do lixo. O céu conseguiu ficar azul, contrariando a
intenção do dia quando amanheceu, mas nem assim dissipou a
melancolia que se agarrou aos troncos das árvores, que atapetou o
asfalto, que se entranhou nos telhados. Volto a olhar para as pombas.
Voaram e nem dei por isso. Recolho-me ao telheiro com o meu livro de
capa amarela, a música de fundo a cargo dos espanta-espíritos.
belo, o teu setembro, Luísa.
ResponderEliminaré o meu mês. :)
Ainda não está bem como eu desejaria,Laura... :)
EliminarBonito texto...
ResponderEliminarQue seja também um bonito Setembro
A ver como se comporta... :)
EliminarBoa tarde. Fantástico e divertido texto. Adorei.
ResponderEliminarHoje... Quimera sem retorno.
Bjos
Votos de uma óptima Segunda-Feira
Boa tarde, Larissa.
EliminarUma cena algo melancólica e, de certo modo, nesse virar da paisagem, antevejo o prazer de te recolheres ao telheiro.
ResponderEliminarJá reparaste que ainda há poucos dias. era um espaço que só poderias olhar, de dentro da suave e fresca penumbra da tua cozinha, Luísa? Há sempre uma face boa em tudo...:)
Boa semana.
Beijinhos.
Olha que não, Janita. Este meu telheiro (fora a questão dos pássaros que lá fazem os ninhos e me sujam a rua toda), tem sido bastante usado verão fora. :)
EliminarLuísa. comentei a pensar naquele teu postal de 04 de Agosto com o título "Calma" - calor- para quem não souber alentejanês e dizias que não te aguentavas lá no alpendre. Ias bebendo mais um copo de água, folheavas umas páginas do livro, enquanto os pardais se lamentavam do calor infernal, piando sob a sombra do alpendre...Não te lembras? :))
EliminarLembro, pois. Também para o meu telheiro há dias e dias, Janita! :) Nessa tarde, pela calma, não se aguentava o calor. Mas nos finais de dia, muitas sardinhadas e outras funções tem acolhido. :))
EliminarMinha querida Luisamiga
ResponderEliminarBelíssimo texto, dos mais lindos que tens aqui postado, dos mais bonitos que tenho lido, um começo do mês dos meus anos (e já estou quase nos 77..., ai a PDI) magnífico. Manda mais que me enches as medidas.
Muitos bjs e qjs do casal Ferreira
AVISO
Já se encontra na Nossa Travessa o episódio n.º 12 da saga É DIFÍCIL VIVER COM UM IRMÃO MONGOLÓIDE cujo título é Entre dois dias: um louco amor e um suicídio. Tenho de avisar que ele contem cenas eventualmente chocantes por serem eróticas que podem ferir pessoas púdicas ou mesmo falsas púdicas.
Que seja então um excelente setembro para si Henrique!
EliminarUm bom texto, fiel depositário de Setembro. E que assim seja, com livros, pombas e muita paz.
ResponderEliminarbea, são férias em setembro e livros para ir lendo... :)
EliminarÉ o Outono que se anuncia.
ResponderEliminarUma estação do ano que em Macau até é muito agradável.
Pedro, este início de setembro parece estar a chamar o outono, sim, mas quero acreditar que ainda vou senti-lo cheio de verão.
Eliminar:)
Vem aí o Outono... Olhemos a sua beleza e uma certa melancolia que ele nos traz. Lindo texto :)
ResponderEliminarTenho tido manhãs cinzentas, GM. Vale que o sol ganha as tardes. :)
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