Gosto da cor da toalha. O roxo de um turco novinho em folha,
ainda sem vestígios de sol nem de sal, chama a minha atenção. Formando um
pequeno monte, junto ao canto superior direito da toalha, repousam os calções do
mesmo tom, um polo rosa velho e uns chinelos pretos. Pretos são também os calções
de banho de licra do homem que, junto à toalha, está de pernas afastadas, quase
numa espargata, mãos nos tornozelos, costas expostas para o meu lado, cara a
roçar a areia. Está ali em equilíbrio, que por momentos me parece periclitante
e me faz temer pela possibilidade de lhe ver o rosto esmagar-se, bem sob os
meus olhos. Mas logo muda a posição. Deita-se agora de costas, pernas levantadas, abertas de par em par. De novo as mãos agarradas aos pés e as costas a
balouçar, cabeça para cima, cabeça para baixo. Depois desenha um quatro com as
pernas e enrola os braços pelo meio dos membros inferiores. Ao sol, já
transpira o contorcionista. Até eu, pese embora estar à sombra. Depois de muito
se contorcer e de se alongar o suficiente, caminha finalmente para o mar.
E eu gosto muito de te ler, Luísa.
ResponderEliminarQue bom... que engraçado... Eu na praia por vezes também divago a olhar a reação das pessoas.
ResponderEliminarHá gente que não vai ao mar sem mais nem menos, precisa de uns rituais iniciáticos:).
ResponderEliminar:))) Uma espécie de ritual
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ResponderEliminarAlguém que não tem receio de assustar os vizinhos !
que cena Luisa !
A Luisa e os seus olhares indiscretos, que lêem tão bem o objecto que focam. Sempre com respeito, claro =)
ResponderEliminarLaura,
ResponderEliminarPois eu gosto de te ler a ti. :)
Meu Velho Baú.
Na praia, uma de três: ou caminho, ou leio, ou observo. :)
Bea,
Isto pareceu-me mais do que um ritual. Aquilo é que foi exercitar… :)
GM,
Mais do que isso. O homem já transpirava. :)
Ângela,
De todo. Mas faz ele bem. Nada de inibições. :)
Briseis,
Estou sempre a cuscar… :)