“Estou cansada. Meu
cansaço vem muito porque sou pessoa extremamente ocupada: tomo conta do mundo.
Todos os dias olho pelo terraço para o pedaço de praia com mar e vejo as
espessas espumas mais brancas e que durante a noite as águas avançaram inquietas.
Vejo isto pela marca que as ondas deixaram na areia. Olho as amendoeiras da
rua onde moro. Antes de dormir tomo conta do mundo e vejo se o céu da noite
está estrelado e azul-marinho intenso (…). No Jardim Botânico, então fico
exaurida. Tenho que tomar conta com o olhar de milhares de plantas e árvores e
sobretudo da vitória-régia. Ela está lá. E eu a olho.
Repare que não
menciono minhas impressões emotivas: lucidamente falo de algumas coisas e
pessoas das quais tomo conta. Também não se trata de emprego pois dinheiro não
ganho por isto. Fico apenas sabendo como é o mundo. (…)
Você há de me
perguntar por que tomo conta do mundo. É que nasci incumbida»
Clarice Lispector
In Água Viva
Uma bela foto que espero amenize o teu cansaço.
ResponderEliminarAdoro as palavras da Clarice.
Beijos Luísa
Belas palavras e imagem.
ResponderEliminarA convidarem ao repouso.
Bfds
Alguém tem de o fazer! :P
ResponderEliminarassim fora!... com a(s) mulher(es) tomando conta do mundo - como casa comum da Humanidade.
ResponderEliminarbelíssimo texto.
Dona Clarice tomava conta do bocadinho de mundo que os sentidos lhe ofereciam. Que bom que olhava o mar e a noite da sua janela (grande sorte a da senhora) que é pouco provável fosse panorâmica, ou não dormia de tanta ocupação, exaurida de cansaço, como ela tão bem diz que lhe acontecia no jardim botânico. Mas é verdade, já me tem acontecido esse excesso visual que entontece:) e não tomo conta do mundo.
ResponderEliminarBFS
Tomara eu conseguir tomar conta da minha vida e levar por diante a missão de que ainda estou incumbida: Amar e cuidar quem me rodeia e ajudar quem precisa.
ResponderEliminarO mundo é areia demais para a minha camioneta. Façamos todos o pouco, que juntos faremos muito... O resto? É pura poesia filosófica!! :)
Beijinhos e bom fim de semana, Luísa.
Como é cansativo tomar conta do Mundo , então , se quiser fazer dele um Mundo melhor não há forças que cheguem :) Belo texto
ResponderEliminarBom fim de semana
Que bonito texto...eu gosto muito do que ele escreve.
ResponderEliminarBeijinhos
Gosto das fotografias. Um espelho lindo de Portugal
ResponderEliminarAbraços
Tomara eu poder tomar conta do mundo que o homem destrói!
ResponderEliminarBom fim de semana e um beijinho.
E se todos sentíssemos essa incubência, aposto que o mundo seria bem melhor... ;)
ResponderEliminarBeijocas
Olá Luisa
ResponderEliminarTive curiosidade de conhecer um pouco mais sobre a vida dessa escritora e encontrei uma biografia
http://www.releituras.com/clispector_bio.asp
1920
- Clarice Lispector nasce em Tchetchelnik, na Ucrânia, no dia 10 de dezembro, tendo recebido o nome de Haia Lispector, terceira filha de Pinkouss e de Mania Lispector. Seu nascimento ocorre durante a viagem de emigração da família em direção à América.
1922
- Seu pai consegue, em Bucareste, um passaporte para toda a família no consulado da Rússia. Era fevereiro quando foram para a Alemanha e, no porto de Hamburgo, embarcam no navio "Cuyaba" com destino ao Brasil. Chegam a Maceió em março desse ano, sendo recebidos por Zaina, irmã de Mania, e seu marido e primo José Rabin, que viabilizara a entrada da biografada e de sua família no Brasil mediante uma "carta de chamada". Por iniciativa de seu pai, à exceção de Tania — irmã, todos mudam de nome: o pai passa a se chamar Pedro; Mania, Marieta; Leia — irmã, Elisa; e Haia, em Clarice. Pedro passa a trabalhar com Rabin, já um próspero comerciante.
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E quem toma conta do mundo, melhor o fica a conhecer... também para o conseguir mostrar!...
ResponderEliminarOutra imagem linda, e serena por aqui!
Adorei! Beijinhos
Ana