segunda-feira, 21 de setembro de 2015

A charcutaria

No supermercado, a charcutaria é frequentemente um foco de ansiedade. Ora levo com o jovem empregado ainda em aprendizagem, que se atrapalha na dobragem do papel protetor do fiambre, ora apanho com a empregada tomada de um cansaço inexplicável que lhe retarda os movimentos.

Hoje calharam-me os clientes atrasados e saídos, de repente, do nada com senha anterior à minha.   O rapaz da charcutaria, que não era o aprendiz mas que também não ficava a dever muito à rapidez, começou a chamar pelos números. Vinte e dois… E nada. Vinte e três… E nada. Vinte e quatro …E nada. Vinte e cinco… E nada. Atrás de mim uma senhora rodava velozmente o braço no ar para lhe dizer que era para passar à frente. Vinte e seis… e nada. Vinte e sete… E quando eu me aproximava, já levantando a mão com a minha senha 27, surge, esbaforida, a senhora da 22, reclamando que os números tinham passado muito depressa. O rapaz da charcutaria, encolhendo os ombros, começou a atendê-la. Eu a encher-me de paciência. É só mais um bocadinho. Estava o rapaz a aviar o queijo da 22, quando, lampeira, se aproxima uma jovem. Olhe, desculpe, eu tenho a senha 24. E pronto. Lá ficou o 27 estagnado no ecrã luminoso por mais um atendimento e eu a roer-me em silêncio. Era para ser uma passagem rápida pelo supermercado. Só precisava mesmo de fiambre e de iogurtes. Calma. É já a seguir. A fila de clientes já se adensou entretanto e vem de lá uma jovem empregada que, depois de arranjar uma encomenda de frango assado, se decide a ajudar o colega e, vá de roupa, apita para senha 28. Alto! Lá tive eu que lhe acenar com a minha 27.

Um drama, como facilmente se percebe. Eu que já tinha um trauma de supermercado com a caixa, que por muito que observe as filas, o conteúdo dos cestos e dos carrinhos e a agilidade da menina ou do menino da registadora, acabo sempre por escolher a que anda mais devagar, tenho agora também o trauma da charcutaria. 

11 comentários:

  1. lolol realmente tem dias que ir ao supermercado é uma aventura. ;)

    ResponderEliminar
  2. Incrível, com esta descrição parece que vamos ao mesmo supermercado - (se calhar os empregados e alguns clientes com senhas que já passaram tenham sido tele-transportados do Porto para o Algarve...:)

    ResponderEliminar
  3. Eh eh eh.... e eu a pensar que era só a mim que essas coisas aconteciam....

    ResponderEliminar
  4. Mas isso não acontece só à Luísa!
    Nas "caixas" tenho de ver o nº de pessoas e os cestos!!!Mas isso já é visualização mecânica...é um stress quando estamos com pressa.

    ResponderEliminar
  5. Fico danado com esses chico-espertos que tiram as senhas, vão passear, e depois aparecem a reclamar atendimento imediato porque o número deles já passou.

    ResponderEliminar
  6. No super-mercado que frequento escolho o fiambre embalado :)
    Quanto ás caixas, também tenho essa apontaria :)
    Um beijinho

    ResponderEliminar
  7. Fico fula com as senhas, pois vão às compras e depois é que aparecem.
    Nas caixas acerto sempre na que leva mais tempo.
    :(

    ResponderEliminar
  8. Também sofro desse trauma: a minha fila é sempre a que anda mais devagar. E tanto faz ser eu ou o meu marido a escolher a caixa, porque o resultado é sempre o mesmo... :P

    Com a charcutaria, olha, já compro fiambre fatiado, de modo que é mais rápido!

    Beijocas

    ResponderEliminar
  9. Nessa questão das senhas há regras. Dos estabelecimentos que frequentei até hoje só eram aceites até dois números anteriores.
    Cabe aos lojistas e clientes estar atentos e zelar pelo cumprimento das regras.
    Como se costuma dizer: "não há pão para malucos". ;)

    ResponderEliminar
  10. O meu trauma é com o rolo de papel da máquina registadora: acontece-me muitas, muitas vezes escolher a a fila em que o rolo acaba!!!
    Acho bem que haja regras para essa questão das senhas.
    bjs

    ResponderEliminar
  11. Gosto muito como a Luisa eleva a literatura estes pequenos episódios do quotidiano

    ResponderEliminar