No último post da série 12 meses, um desafio proposto há um
ano atrás pela j. do blog azul turquesa, trago-vos figos porque foi essas a
palavra com que decidi descrever o mês de setembro. É certo que os há ao longo
de todo o verão mas estes são os últimos que chegam à minha mesa, sem contar os que
ficam a secar, claro, e que se comem durante todo o ano.
segunda-feira, 30 de setembro de 2013
domingo, 29 de setembro de 2013
Passeio de domingo (165)
Num fim de semana de ida a Lisboa e regresso ao Algarve sob
chuva miudinha mas em tempo de cumprir deveres cívicos, não houve foi tempo
suficiente, nem capaz, para passeios fotográficos. Resolve-se assim o passeio
de domingo de hoje com as reservas que vão ficando de outros passeios. Este foi mais um para ver os flamingos da
Lagoa dos Salgados.
quinta-feira, 26 de setembro de 2013
Esquecimento
Arrancado por um sopro de vento, vai à deriva. Segue a corrente.
Não sabe o que foi, nem se voltará a ser. Nada lhe importa. Flutua no esquecimento.
quarta-feira, 25 de setembro de 2013
Sinais
Passou por
aqui o amola-tesouras. Primeiro ouvi-lhe o som da gaita, depois avistei-o
caminhando pela rua com a sua bicicleta apetrechada com todo o equipamento necessário
ao ofício de amolador. Vai pronto para afiar facas, tesouras e sei lá o que
mais. Percorre as ruas de Faro e toca a gaita anunciando o serviço que se dispõe
a prestar. Dizem que quando passa o amola-tesouras é sinal de que vem chuva. São
sinais de outros tempos que, se a previsão meteorológica não falhar, estou
prestes a ver cumprir-se. Cá para mim, o amola-tesouras adaptou-se aos tempos
modernos, consultou a internet e vendo que dá chuva para amanhã, fez-se à
estrada para mostrar que há dias em que a tradição ainda é o que era.
domingo, 22 de setembro de 2013
Passeio de domingo (164)
O dia até convidava para uma ida à praia mas o passeio
acabou por ser no campo, aqui bem perto de casa e no meio da bicheza.
quinta-feira, 19 de setembro de 2013
A consciência
O velho Sebastião sentava-se todos os dias numa cadeira de
pau que tinha encostada à parede exterior da casa, junto à porta de entrada. Ficava
ali observando a rua e quem por lá passava. Por vezes um ou outro vizinho parava
junto dele e trocavam dois dedos de conversa. Depois seguiam caminho e ele
mantinha-se ali, sentado, pensando na vida e lembrando-se do passado.
Havia
assuntos de que ele não queria recordar-se mas que sistematicamente lhe vinham
à memória. Abanava a cabeça tentando afugentar recordações que o embaraçavam, sabendo
que já não poderia redimir-se junto de quem tanto havia prejudicado. Incomodado, acabava por se levantar de repente,
recolhia a cadeira para dentro de casa e, ao olhar para o chão, via sempre um
pequeno monte de detritos de uma cor que variava de dia para dia.
Intrigado e
sem saber de onde surgia aquela espécie de serradura ia buscar uma vassoura e uma
pá para a remover. O mais bizarro era que mal deitava fora aquela poeira
desconhecida, o velho Sebastião esquecia-se do caso e só voltava a ficar preocupado
com o estranho acontecimento no dia seguinte, quando encontrava nova serradura
junto à cadeira onde passava os dias sentado, pensando no que tinha feito da
vida.
Com o tempo começou a perceber que o volume de detritos acumulados
diariamente junto à sua cadeira era tanto maior quanto mais se lembrava de uma
injustiça que cometera na juventude. O velho Sebastião percebeu finalmente a
razão do fenómeno. O facto é que, por não ter reconhecido a sua culpa quando devia,
lhe roía agora a consciência. Roía-lhe de tal forma que se desfazia aos poucos
aos pés da cadeira de pau onde se sentava todos os dias.
terça-feira, 17 de setembro de 2013
Teimosia
Todos os
dias há uma flor que murcha, uma pétala que cai, uma folha que seca. Todos os
dias se morre um pouco mas todos os dias se teima em viver.
Murchou
a flor da orquídea, ali no patamar das escadas. Não há de ser nada. Novas folhas
já estão a caminho e das hastes nuas, mas orgulhosamente erguidas, sei que vão nascer
novas flores.
domingo, 15 de setembro de 2013
Passeio de domingo (163)
De volta aos fins de semana com visitas à capital do reino e
na eventualidade de não haver tempo disponível para editar o passeio, a volta
deste domingo fica agendada previamente e apresenta os tons verdes de um
percurso na Quinta do Lago, junto à Ria Formosa.
sábado, 14 de setembro de 2013
Das duas, uma.
Ou as férias foram tão longas que já não me lembrava de como
era trabalhar, ou a primeira semana foi de arrasar mesmo.
domingo, 8 de setembro de 2013
Passeio de domingo (162)
É provável que ao passeio de hoje suceda jantar fora de casa
e que a coisa se prolongue. À cautela trato já de alimentar este domingo com
outro passeio, velho apenas de quatro dias. Foi um passeio matinal ao reino das
gaivotas, junto à praia da Marinha.
sábado, 7 de setembro de 2013
Mourir d'aimer
Dei uma voltinha pelo youtube para recordar velhos temas. Tropecei neste. Fiquei com ele.
sexta-feira, 6 de setembro de 2013
Bye bye summer
Acordei com a angústia do último dia de férias. Hoje gasto
as derradeiras horas de lazer. As férias contam-se em dias úteis e, para o
efeito, o fim de semana que se aproxima não conta. Precisei de afugentar a
pequena voz que insidiosamente me dizia “está-se a acabar, está-se a acabar”. Fui
caminhar. Fui respirar. A paisagem tratou de me consolar. Agora já posso
começar a arrumar os minutos que faltam, a sacudir o pó dos chinelos, a enxaguar
o sal que se me agarrou à pele. Vai tudo junto para a máquina: as toalhas de praia,
os fatos de banho, o bronzeador, a preguiça. Estou pronta.
quinta-feira, 5 de setembro de 2013
quarta-feira, 4 de setembro de 2013
A viagem
Todos os dias se embrenhava na leitura do jornal. Gostava de
ficar a par das novidades. Convinha-lhe estar minimamente atualizado sobre o
andamento político do país, sentia a necessidade de acompanhar o noticiário
económico e a secção internacional dava-lhe sempre a sensação de viajar pelo mundo.
Lia as novas do desporto de fio a pavio e não descurava a secção cultural. Quando
já não lhe sobrava qualquer linha para ler, separava as folhas uma a uma e
entretinha-se a dobrá-las, transformando-as em pequenos barcos ou em aerodinâmicos
aviões. Continuava assim a sua viagem.
terça-feira, 3 de setembro de 2013
Feitiços
Não é a primeira vez que faço este percurso. Gosto das
vistas de mar, das falésias e com frequência encontro por ali libelinhas. Por
sinal, até me cruzei com uma ou duas, enormes, mas tão aceleradas que fugiram
rapidamente do meu alcance. Do que eu não estava à espera era de me deparar com
aquilo que julguei ser resultado de algum ato de bruxaria. Ali, a meus pés
estendia-se um véu colorido e sobre ele repousavam frutas frescas, arroz cozido
envolto num tule ou qualquer outra coisa que a isso se assemelhava, fitas e um
maço de cigarros. Já fora do pano, uma moeda caída e um frasco de perfume. Estremeci
e olhei em redor sem vislumbrar sinal de gente. Lá em baixo, no areal, os
banhistas gozavam mais uma manhã de praia, ignorantes do ritual que havia seguramente
poucas horas ali se tinha desenrolado. Levei comigo algumas imagens do mistério
e prossegui o meu passeio. Chegada a casa resolvi contactar o amigo Google e estou
agora tentada a pensar que aquilo que vi não foi bruxaria mas, provavelmente,
uma oferenda umbanda a algum orixá. Será?
segunda-feira, 2 de setembro de 2013
Farniente
Gastei o dia embrenhada na leitura de “A sombra do vento”,
incapaz de largar o enredo que atravessava as finas folhas da minha edição de
bolso. Acolheram-me para isso a minha
pequena cadeira de praia, logo pela manhã, e o sofá da sala ao longo da tarde. Foi
de tal modo que já se me turvava a vista e dava por mim experimentando várias
distâncias entre os olhos e as linhas impressas da história. Julguei que tinha
gasto as lentes dos óculos e que teria de rapidamente marcar uma consulta para providenciar
a sua substituição. Quando cheguei ao final, levantei-me com o traseiro
espalmado de tantas horas a aguentar-me firmemente sentada e com todas as campainhas
das corriqueiras necessidades fisiológicas a tocar em grande alarme. Repostas as condições mínimas de
sobrevivência, estendi-me na espreguiçadeira ao sol do fim de tarde. Ainda
soavam cigarras, piavam os ninhos do telheiro e fiz aquilo que se deve fazer em
tempo de férias. Nada.
domingo, 1 de setembro de 2013
Passeio de domingo (161)
Está na hora de ir para o fogão e de preparar a petiscada do
final de tarde. Mas para que o domingo não fique sem passeio, publica-se um
realizado durante a semana, até porque em férias todos os dias são domingo.
O passeio, esse, andou pelos passadiços da ria de Alvor.
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