quinta-feira, 13 de maio de 2010

A vida secreta dos objectos - O galo invejoso



Que mania têm com o galo de Barcelos. Não há cão nem gato turista que não o encontre e adquiria nas lojas de souvenirs. São montras cheias deles, de todos os tamanhos, em porta-chaves, em saca-rolhas, em tampas de garrafa, pintados em copos e canecas, em aventais, em mochilas, em postais…Pffff. E depois… que raio de galo é aquilo? Podem explicar-me desde quando galo que é galo se apresenta todo sarapintado de florezinhas e corações? A loucura é tamanha que até soube que, em Faro, numa loja de roupa com griffe de estilistas nacionais, Sua Excelência lá estava, na montra, todo inchado ao lado de uma peça Ana Salazar… ao que chegamos! Mas querem lá comparar um qualquer galo de rabo florido, com um galo bem apessoado como eu. Posso ser de louça barata e ter sido comprado na feira, mas não tenho dúvida que faria melhor figura que esse cócólaricócó. Só que a mim, ninguém me liga. Deixaram-me esquecido há anos no rebordo do pano de chaminé da cozinha, na casa do B. A minha única companhia é um palerma de um papagaio que está em frente, em cima do louceiro. Mas esse nem pia. É de barro como eu. O B., esse, interessa-se é pelo galo que tem no galinheiro. Um fanfarrão que vive feliz no meio de uma data de frangas e galinhas que o adulam. É ouvi-lo todas as madrugadas a cantar de galo…. Pffff. Invejoso, eu? Qual quê? Podem não me ligar nenhuma, mas ao menos sei que não vou acabar em cabidela.

2 comentários:

  1. Fartei-me de rir, imaginando o B. na compagnia do galo de barro ! Ele sabe que tu escreves essas coisas ?
    Beijinhos
    Prima V.

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  2. V.
    Qual quê... não faz a mais pequena ideia.

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