De volta ao campo.
domingo, 28 de junho de 2020
sexta-feira, 26 de junho de 2020
quarta-feira, 24 de junho de 2020
Tarde
A tarde
trabalhava
sem rumor
no âmbito feliz
das suas nuvens,
conjugava
cintilações e
frémitos,
rimava
as ténues
vibrações
do mundo
quando vi
o poema
organizado nas alturas
refletir-se aqui,
em ritmos,
desenhos, estruturas
duma sintaxe que
produz
coisas aéreas
como o vento e a luz.
Carlos de Oliveira
[Lido aqui]
segunda-feira, 22 de junho de 2020
domingo, 21 de junho de 2020
sábado, 20 de junho de 2020
Topless
Só
reparo nela quando já estou a sair da praia. De pé, junto ao chapéu
de sol, olhando para o mar, de mãos na cintura, roda as ancas para a
direita e logo depois para a esquerda, move-se como se estivesse a
fazer rodar um hula hoop. Depois inclina-se para um lado, e logo para
o lado oposto, numa espécie de exercício de alongamento. Usa apenas
uma tanga, de um rosa fluorescente, atilhos laterais a bater-lhe nas
coxas. Os seios encostam ao estômago, que encosta ao ventre, numa
sucessão ondulante de colinas descendentes. Tem a idade de quem
inaugurou o topless nas praias portuguesas lá para o final dos anos
setenta, e o praticou bem na década de 80 do século passado.
Mantém-se fiel ao estilo, livre de preconceito, confortável com o
próprio corpo e com o que tempo lhe impôs.
sexta-feira, 19 de junho de 2020
Tranquilidade azul
Quando
preenchi o mapa de férias 2020, escolhi gozar o período longo das
ditas no mês de junho. Encaixei-lhe os dois feriados justapostos com
intenção de os passar nas festas de Lisboa; ao resto do tempo
calhariam as minhas praias do sul. Depois veio a pandemia.
Acabaram-se as festas. Sobraram as praias, que, descubro agora, são
uma verdadeira festa de tranquilidade azul.
quarta-feira, 17 de junho de 2020
domingo, 14 de junho de 2020
Passeio de domingo (493)
Com o vento a não dar descanso e a arrefecer qualquer ímpeto de verão que quisesse promover uma ante-estreia, deixei a máquina em repouso. Para compensar, fui aos ficheiros pré-covid e repesquei um passeio do início de março, pela ilha de Faro, em dia mais agradável do que hoje e de quando o bicho ainda não nos tinha confinado.
segunda-feira, 8 de junho de 2020
Remelas
Aguardo
a minha vez de ser atendida na dependência bancária. Tenho dois
homens à minha frente, distâncias de segurança bem calculadas e
máscaras no rosto. Lá dentro, ao balcão, em atendimento demorado,
outro homem. Enquanto decorrem as operações, que implicam
movimentação do funcionário, papéis para um lado, papéis para
outro, fotocópias, consulta a colegas, o homem aguarda, remexe numa
fina pasta de plástico verde e assina papéis. Pelo meio da
atividade, baixa a máscara para coçar o nariz. Volta a colocá-lo
no lugar e, de seguida, borrifa as mãos com um pequeno frasco que
retira do bolso das calças. Um pouco mais tarde repete o ato,
coçando desta vez o interior da boca. Volta a desinfetar as mãos,
claramente atento a não contaminar o balcão de atendimento onde as
apoia de seguida. Só não se lembra de se desinfetar antes de se
coçar. Reparo também que um dos que aguarda a vez à minha frente
colocou a máscara ao contrário, lado azul para dentro, tapando
nariz e boca, mas com o queixo de fora. A espera promove a observação
minuciosa dos comportamentos alheios e não vá eu também estar não
conforme, olho-me de relance numa parede espelhada da agência para
conferir da correta colocação da minha máscara. É que, como me
dizia bastas vezes a minha mãe, só costumamos ver as remelas nos
olhos dos outros.
domingo, 7 de junho de 2020
quarta-feira, 3 de junho de 2020
terça-feira, 2 de junho de 2020
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