Sabes quem esteve cá hoje? Deves lembrar-te dela, dizem-me, contando da visita inesperada e de como gostaram do reencontro depois de tantos anos. Revelam que a Filomena já tinha estabelecido contacto há algum tempo através do Facebook. Hoje fez-lhes uma surpresa e à primeira vista nem a reconheceram. E eu lembro-me, sim. Lembro-me do seu nome e lembro-me dos seus cabelos longos e ondulados. Lembro-me de uma adolescente que padecia de uma doença grave, das conversas murmuradas das mulheres adultas, dos seus lamentos. A esperança flutuava em corredores de hospital, um frágil suporte a que se agarravam. Da sua recuperação não tenho memória. Terá sido já depois de meu regresso a Portugal. Lembro-me da Filomena, sim, e de um macacão cor de pêssego, de pernas largas, feito de um tecido jersey muito leve, que ela usava e que estava, então, muito na moda. Sei que era bonita, mas não consigo recordar-me do seu rosto. Tento, mas por mais que me esforce não consigo vê-lo, nem sequer imaginá-lo e questiono-me como é que um rosto que não lembro pode assombrar-me assim o pensamento.
Talvez não seja bem o rosto, que não recordas, que te assombre o pensamento, mas as memórias dessas conversas murmuradas, sobre males terríveis que não entendias, e pairavam no ar, como uma ameaça à vida da jovem Filomena...
ResponderEliminarBeijinhos, Luísa.
A memória é uma coisa curiosa. Fixa certos detalhes sem que eu percebe bem porquê.
EliminarBom domingo, Janita.
Tantas memórias sem rosto!
ResponderEliminarBfds
Imagino que sim, Pedro.
EliminarBom domingo.
pois, tal como a Janita, não sei se o que mais lembramos são rostos. A memória selecciona o que quer ou lhe é mais impressivo, por este ou aquele motivo. E os motivos são bem diversos.
ResponderEliminarDiverso e, por vezes, incompreensíveis motivos, bea.
EliminarBom domingo!
... Muito bom recordar!!! 👏👏👏👏👏Bj
ResponderEliminarE às vezes dou conta que mais do que recordar esqueço muito, Gracinha.
EliminarBom domingo.
São os ecos em ti que perduraram talvez. Que te pertencem a ti e não a ela.
ResponderEliminarA história dos outros evoca em nós tantas coisas...
Sem que percebamos bem porquê, Boop.
Eliminar:)
Bom domingo!
Estou de volta aos blogs.
ResponderEliminarGostei de ver o seu.
Saudações poéticas!
E gostei de o ver por cá de novo, Vieira Calado!
EliminarBom domingo.
texto bem torneado, Luisa! Luisa tem talento :)
ResponderEliminareu aborreço-me quando não me lembro dos rostos, e acontece muitas vezes, tenho de ver as pessoas várias vezes, e mesmo assim…
então agradeço muito às máquinas fotográficas e aos telemóveis que tiram fotos!
Obrigada Ângela! Eu tenho uma memória muito fraquinha. Para nomes de pessoas, então, sou uma desgraça. E há episódios da minha vida que por vezes me contam e eu não consigo fazer a menor ideia deles.
EliminarBom domingo!
Acontece!
ResponderEliminarFicou-te na memória o macacão e isso foi o suficiente para escreveres um belo texto!
Abraço
Há detalhes que se fixam, nem percebo bem porquê.
EliminarBom domingo, Rosa dos ventos.
ver com os outros sentidos.
ResponderEliminaros olhos também se enganam...
abraço
A memória é sensível a outros sentidos, sim. Aos cheiros, por exemplo.
ResponderEliminarBom domingo, Manuel Veiga!
é incrível a quantidade de memória que conseguimos armazenar e curioso que consegues lembrar a roupa mas não o rosto :) lembrei-me agora dum colega de escola que tinha um problema estranho de em certa altura o maxilar ficar preso e ele ficava aflito de boca aberta, e nós corríamos todos para ele para o tentar ajudar...
ResponderEliminarHá detalhes que nos marcam, nem sabemos bem porquê. Mas a minha memória anda muito frouxa, Mau-tempo. :)
EliminarEngraçado, como retém os certos pormenkrrs de momentos vividos e de pessoas que não vimos há anos. Também tenho desses flashes de certas pessoas e por vezes, hoje, ao cruzar-me com elas, nem as reconheço. Talvez por serem memórias sem rosto...
ResponderEliminarTalvez, GM. E também há pessoas que me falam, ou de quem me falam, e eu não consigo lembrar-me de nada, mas mesmo nada relacionado com elas. Tenho a memória cheia de buracos que nem um queijo gruyère. :)
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