Senta-se sobre o pequeno pontão, costas curvadas, a ver passar o tempo. Manhã cedo, ou quase noite, lá está, indiferente ao frio se é inverno, aproveitando a fresca se é verão. O trabalho é escasso e a vontade mais ainda. Por vezes, está do outro lado da estrada, de pé, como quem inspeciona a terra e as árvores que se estendem até ao horizonte possível. Outras vezes ainda, é vê-lo caminhar pela rua, indo ou vindo da venda, a magreza dançando nas calças largas que talvez alguém lhe tenha dado. Leva na mão uma garrafa de vinho e no saco de plástico um pão. Sempre uma garrafa de vinho e um pão, que há de consumir diariamente, inescapável monodieta.
Pobre Acácio! Será essa "monodieta" que ainda o vai mantendo de pé, Luísa! :(
ResponderEliminarQuando a cabeça não tem juízo...
Beijinhos
Mais ou menos isso...
EliminarBeijinhos, Janita.
Não lhes sei o nome, talvez sejam todos Acácio. Mas sei que a frialdade das noites só se aguenta com o álcool. Pergunto-me, ainda assim, como não morrem enregelados.E não sei verdadeiramente se é apenas má cabeça.
ResponderEliminarEste tem casa, bea. Ao menos resguarda-se do frio da noite.
EliminarInfelizmente ainda há muitos Acácios :(
ResponderEliminarÉ mesmo, Manu.
ResponderEliminarPobre Acácio
ResponderEliminarVivo no mesmo no centro de Lisboa, onde devo ser quase o único português, eu e muitos Acácios e Acácias, que dormem nas ruas ali pela Baixa e pelo Martim Moniz. Só que eu tenho casa e eles vivem na rua, deserdados da sorte. Vá lá a gente saber o que os levou aquela situação, droga, alcoolismo, desemprego, falta do apoio de uma família ou simples incapacidade para saber viver. É uma dor de alma e recorda-nos a toda a hora que o nosso País tem franjas de miséria ainda grandes. Ainda assim, vejo muitas vezes à noite, grupos de voluntários que distribuem alimentos, agasalhos e consultas médicas a esses enormes grupos de indigentes. pelo menos ainda há gente, que faz qualquer coisa pelo próximo, ao contrário de mim, que apresso o passo, quando os vejo, para não me sentir angustiado.
Um abraço
Também me faz muita impressão, LuisY, e penitencio-me por seguir caminho no meu conforto egoísta. Porém este Acácio não é um sem-abrigo, é um simples que pouco faz da vida e a quem a vida pouco dá.
EliminarTambém "os" encontro por aí!!! Bj
ResponderEliminarTantos há, Gracinha.
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