segunda-feira, 8 de julho de 2019

À mesa


Anos atrás, com os filhos pequenos, ir ao restaurante podia não ser uma experiência muito sossegada. Não é fácil manter crianças sentadas à mesa durante uma refeição mais longa e o serviço sempre demora um pouco. Reconheço, não terei sido a melhor educadora. Deixava-os sair da mesa e dar as suas voltinhas à volta da dita, a bem da paz familiar e social. Anos atrás não havia telefones inteligentes com ecrãs de toque, instrumentos que hoje se generalizaram e não faltam em restaurantes nas mãos de miúdos e graúdos. Mal se instalam as famílias à mesa, já os graúdos colocam os aparelhos no lugar do prato dos miúdos, ligam vídeos e jogos e asseguram que o repasto não será interrompido por qualquer birra ou inquietação. Ainda há pouco, mesmo ao meu lado, o rapazito, que andaria nos seus cinco anos, segurava o telemóvel à altura dos olhos, que dele não desgrudavam, cotovelos fincados na mesa, ladeando o prato de comida. A mãe lá o ia alimentando às colheradas, que fazia passar diligentemente por baixo do telemóvel, também ela zelando pela paz familiar e social.

18 comentários:


  1. Olha que me faz confusão essa de entreter os meninos de tablet à mesa. Quando eles são pequeninos, ainda vá que não vá... mas com cinco anos, acho que a criança já tem de ser responsabilizada e estar consciente de que está à mesa a tomar uma refeição.
    Sou um bocado radical em certas coisas... mas claro que cada um sabe onde lhe aperta o sapato! E o resto dos clientes agradecem o sossego ! 😃

    Beijinhos à hora da deita
    (^^)

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    1. Também me faz confusão, Clara. Ao menos comesse primeiro...Mas é como dizes, cada um sabe de si.

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  2. :). Os métodos vão mudando de acordo com as épocas, chegou a era digital. Dantes contavam-se histórias para conseguir que os garotos engolissem alguma coisa; os avós passeavam-nos pelo restaurante; levavam uns tabefes quando os pais eram mais impacientes ou se portavam pior.
    Quando estive em Braga assisti a uma família inteira, os pais e três filhos adolescentes, completamente vidrada no telemóvel enquanto aguardava o serviço.Por minha parte foi um descanso, não se ouviam.

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  3. Na última ida ao restaurante com os meus netos reparei no casal ao lado, cada um a teclar o seu telemóvel e em frente uma menina de cerca de dez anos em silêncio a olhar para eles!
    É o que se chama paz social!
    Enquanto isso joguei à sardinha com os meus rapazes! :)

    Abraço

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    1. Muito melhor o jogo da sardinha, Rosa dos Ventos. :))

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  4. A educação vem do berço. Se nunca os tivessem habituados dessa forma agora não teriam esse "dilema"... mas é o que se vê mais. Os adultos não dão exemplo.

    Bjos
    Votos de uma óptima Terça-Feira.

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    1. Imagino que se deixam levar pelo lado fácil, Larissa.

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  5. Os meus netos não são melhor que os outros, mas na mesa não há telemóveis, durante as refeições conversa-se, mesmo que sejam conversas de pouco interesse, na hora da refeição até o som se tira à TV.
    Tenho assistido a cada caso que me deixa triste, vejo crianças muito pequeninas a jogarem nos telemóveis com som alto, mas apenas os pais têm culpa.

    Beijinho Luísa

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    1. Vim aqui de novo para concordar com a Adélia em tudo o que escreveu e para acrescentar que também me entristece imenso a incúria e a falta de educação de tantos adultos que deseducam os seus filhos com coisas que até à primeira vista parecem inofensivas. Mas não são. Esse problema do som alto é muito grave... as pessoas não têm noção que desrespeitam os outros inclusive os seus próprios filhos. E se alguém, por mais delicadamente que o faça, os chamar a atenção, ainda se atiram a nós como cães raivosos e nos insultam. Já me aconteceu uma situação semelhante... e fui verbalmente agredida. :(

      Beijinhos a ambas!

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    2. Adélia e Clara, concordo convosco, é uma falta de civismo incrível.

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  6. Ainda há poucos dias num restaurante reparei numa família com duas crianças a segurarem dois tablets enormes. A frase que me veio à cabeça foi... paz podre.

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    1. Haver crianças em restaurantes sem tablets ou telemóveis à mesa é que é de espantar, A. João. Cada vez mais raro.

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  7. Até parece que já nem há carrinhos nem bonecas. Isso é só século passado km certeza...

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  8. O zelo pela paz familiar e social vai mudando conforme as gerações...:)

    Adorei a tua crónica, bem ao estilo dos dias actuais.
    Concordar, ou não, já são outros 500!

    Beijinho, Luísa.

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  9. Modernices que têm muito que se lhe diga, Janita.

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  10. A hora de refeição é sagrada, dizia a minha mãe.
    Agora, já não tenho os sobrinhos por cá,mas quando almoçavam comigo, sabiam que a hora era sagrada.
    E interessantes conversas tínhamos juntos.
    Beijinho

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