quinta-feira, 14 de março de 2019

Saudade do que não foi


Uma saudade profunda, esmagadora. Estou torturado por desejos sem nome de coisas que perdi para sempre, que jamais tive, jamais vi, que nunca cheguei a saber o que eram.

Eugène Ionesco

Restos de recordações (Primavera de 1939)
in O retrato do coronel, Editora Arcádia, 1963.

27 comentários:

  1. Não compreendo a saudade de algo que nunca se teve ou que nunca se viveu. Lamentar, sim, compreendo. Eu lamento coisas, situações, sonhos não concretizados quando todas estas coisas, situações e sonhos estavam ao meu alcance. Apenas eu sou a culpada.

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    1. Catarina, saudade ou lamento, o que aqui leio é um desejo de alguma coisa que falta, mesmo sendo coisa indefinida. É uma insatisfação.

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  2. Também sinto saudades de algo que perdi, mas nunca tive porque nunca foram minhas!

    Beijinhos Luísa

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    1. Parece estranho, Adélia, mas acredito que se possa ter esse sentimento, sim.

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  3. Saudade. essa palavra tão boa, ou má. Depende :))

    Hoje:- Brincando com as Palavras.

    Bjos
    Votos de uma óptima noite

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    1. Depende, sim, Larissa. Pode ser uma doce nostalgia ou uma dor.

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  4. Ainda não há muito tempo eu fazia a referência a alguém, lá no meu cantinho, sobre a saudade, e as saudades de algo que nunca tive e gostaria de ter tido.
    Por isso compreendo bem essa saudade do que não foi, Luísa.

    Beijinho.

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    1. De facto, Janita, por incompreensível que possa parecer, a falta de algo que nunca tivemos acontece. É um desejo para sempre insatisfeito.

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  5. Não tenho saudades do que não foi, já do que foi e não me fez bem , isso sim.

    Bom fim de semana Luísa!

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    1. Saudades de coisas boas é o mais natural, agora do que não nos fez bem já tenho mais dificuldade em entender, Manu. :)

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  6. Deve ser terrível a saudade do que não se teve!

    Abraço

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  7. Parece-me a pior das saudades
    beijos Luísa

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    1. Provavelmente, Janela Indiscreta. Uma dor impossível de acalmar.

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  8. Não sei se cheguei a compreender a citação !?...
    Não entendo como se pode ter SAUDADES do que não existe em memória !?

    Sendo certo que "Saudade" é uma palavra portuguesa, diz-se até que sem possível tradução, com significado que "só" os portugueses entendem, será que Ionesco não lhe atribui o mesmo sentido que nós ? ... (??)

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    1. Intraduzível, Rui, mas ainda assim os dicionários dão-lhe equivalências, embora correspondendo a expressões e não a palavras únicas.

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  9. Eu tenho saudades do que já tive e já não tenho... do que não tive e gostaria de ter, tenho é sonhos :)
    Beijinho Luisa

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    1. GM, tu és uma mulher positiva, alegre, com uma força que não se compadece destas nostalgias filosóficas. :)

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  10. Parece mentira, mas isto é verdade. Quando se sente fica muito perto da angústia. À distância de milímetros.
    E tenha a Luísa um bom fim de semana

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    1. A angústia traduz bem o sentimento aqui descrito, bea.
      Obrigada.

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  11. Olá Luisa;
    fui localizar alguma informação sobre esse senhor e aparece o seguinte:
    portanto alguma ligação ao absurdo ?!

    Eugène Ionesco foi um dos maiores patafísicos e dramaturgos do teatro do absurdo. Para lá de ridicularizar as situações mais banais, as peças de Ionesco retratam de uma forma tangível a solidão do ser humano e a insignificância da sua existência. Wikipédia

    Nascimento: 26 de novembro de 1909, Slatina, Roménia
    Falecimento: 28 de março de 1994, Paris, França

    bom fim de semana :)

    Angela

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    1. Ah!!! ... Fiquei mais satisfeito com essa explicação ! Tinha colocado algumas dúvidas sobre o "absurdo" da situação (sentir saudades pelo não vivenciado), no meu comentário (acima), mas agora entendi ! :)
      "Ele ridiculariza uma situação banal" !
      Obrigado ! :)

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    2. Efetivamente, Ângela, os seus contos, novelas e peças de teatro incidem sobre o absurdo. Mas este excerto é retirado de uma espécie de diário, com memórias e sentimentos.

      E sim, Rui, há que considerar também esse lado absurdo da vida. :)

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  12. há sempre "um pouco mais de azul" inatingível
    que se não magoa, deixa no entanto mágoa.

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  13. Tantos são os tons de azul, Manuel Veiga.

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